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terça-feira, abril 11, 2006

Flexicurity

Neste momento em que a França parece começar a sair da crise do CPE gostaria de deixar aqui algumas reflexões sobre o assunto. A primeira é que nunca entendi porque é que os governos acham que a flexibilização do trabalho na empresa deve ser feita unicamente à custa dos trabalhadores. As empresas e os governos desfazem-se do problema e não se fala mais no assunto. Na realidade as coisas não são assim tão fáceis (espero que os franceses se tenham dado conta) e, dum ponto de vista económico, em que toda a economia é baseada no crescimento do consumo, pode criar uma espiral descendente que desequilibre toda a economia de um país.
Parece-me assim evidente que qualquer processo de flexibilização do trabalho tem que ser feito com a colaboração da empresa, dos trabalhadores e com uma participação mais do que activa dos governos.
Outra coisa que ainda não entendi é porque é que os diferentes governos europeus, na incapacidade de encontrarem soluções a nível interno, não copiam o que se faz, com bastante sucesso, noutros países. Refiro-me evidentemente ao modelo nórdico que tenta combinar a flexibilidade desejada pelas empresas, com a segurança de que necessitam os trabalhadores para poderem planificar as suas despesas e continuar a consumir.
Os dinamarqueses, por exemplo, dizem que é um sistema baseado em obrigações mútuas. O estado tem uma política de emprego pró-activa. Tenta em primeiro lugar evitar os riscos de desemprego, em segundo que, caso a situação de desemprego ocorra, o indivíduo volte à situação de emprego o mais rapidamente possível e, como último recurso, garante um nível de compensação financeira elevado durante um longo período de tempo para manter a estabilidade financeira dos trabalhadores. Tudo isto é conseguido através de uma cooperação estreita entre o governo, as autoridades regionais e municipais e as empresas. As autoridades competentes podem assim avaliar as tendências em termos de competências necessárias e orientar os trabalhadores desempregados para os sectores onde há mais procura. As mesmas autoridades propõem aos desempregados um seguimento individual muito activo através, por exemplo, de actividades de conselho, apoio na procura de emprego, formação profissional adaptada ao mercado do trabalho.
As empresas encontram neste mercado as competências de que precisam e recrutam facilmente. Mantêm também uma estreita colaboração com as autoridades de forma a conseguir uma boa adequação entre as competências disponíveis e as necessárias e dispõem-se igualmente a promover acções de formação.
Os indivíduos têm a obrigação de se formarem para se manterem actualizados, tanto a nível das qualificações académicas como das competências profissionais, tem o direito e o dever de aceitar ofertas de emprego e as regras para recusar uma oferta de emprego são bastante restritivas. Em contrapartida têm segurança de emprego, porque o mercado funciona e mesmo nos casos em que não funcione, têm segurança de rendimento.
Parece simples, não é?

:: enviado por Anónimo :: 4/11/2006 11:17:00 da manhã :: início ::
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