terça-feira, outubro 17, 2006
A grande oral dos socialistas franceses
Os três candidatos à candidatura presidencial do PS francês às próximas eleições presidenciais, Dominique Strauss-Kahn, Ségolène Royal et Laurent Fabius, estiveram, até há instantes, lado a lado, em directo na televisão, diante de todos os franceses ― e não só dos socialistas ― para o primeiro debate da campanha de investidura interna.Num debate construtivo, de duas horas e meia, os candidatos contentaram-se em responder sucessivamente, sem se interpelarem mutuamente, às questões dos militantes socialistas, previamente enviadas pela Internet: mais de 500 perguntas relacionadas com temas tão variados como o poder de compra, as reformas, a democracia social, a dívida pública,... Este debate foi o primeiro de um série de três na televisão e de outros três na presença directa dos militantes socialistas. A escolha vai realizar-se numa eleição em duas voltas (se nenhum candidato obtiver a maioria absoluta logo na primeira) em 16 e 23 de Novembro. Podem participar os cerca de 200 mil militantes do PS.
Mais do que permitir ponderar sobre qual dos três candidatos apresenta as melhores proposições políticas e económicas, esta série de debates permitirá um melhor julgamento das características dos candidatos e das respectivas concepções da eleição presidencial. Verdadeira máquina de marketing político, Ségolène Royal conseguiu, no debate de hoje, manter a tendência há muito revelada pelas sondagens e seguir favorita rumo à presidência da República.
Instrumento inovador em termos de democracia participativa, esta série de debates transparentes e didácticos bem podería servir de modelo para outros partidos democráticos, de outros países, nomeadamente ― porque pertence à mesma família ― o PS português. Em vésperas de um Congresso, seria sem dúvida um trunfo fortissimo para relançar um partido, asfixiado pelo autismo do seu líder e em verdadeira crise de identidade, sobretudo após a desastrada escolha do candidato presidencial de 2005 e da vergonhosa luta fratricida que se lhe seguiu. Não seria inopinado se, em Portugal, a corte do Príncipe socialista resolvesse inspirar-se no modelo democrático do partido de François Hollande.
A saúde da democracia portuguesa só tería a ganhar.
:: enviado por JAM :: 10/17/2006 10:49:00 da tarde :: início ::