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quarta-feira, outubro 25, 2006

Pagar na mesma moeda

O post do JR aqui publicado há duas semanas deu lugar a uma efusiva discussão na caixa dos comentários (não é por nada, mas uma série de 5 comentários aqui no Briteiros é quase um congresso). Num desses comentários, JR escreveu uma ideia que eu subscrevo totalmente:

O insulto é um conceito subjectivo e aceitar a violência como resposta é abrir um caminho que tornaria praticamente impossível qualquer relação humana. No caso dos muçulmanos (ou qualquer outra religião, país, grupo, etc.) creio que seria muito mais inteligente demonstrar pelas ideias o quanto estão errados aqueles que criticam o Islão do que ameaçá-los de morte.

Como não são muitos aqueles que julgam os muçulmanos suficientemente inteligentes para darem passos dessa natureza, é de louvar o bom-senso de Abdennour BIDAR, que hoje publicou, no diário francês Libération, uma “carta de um muçulmano humanista a Robert Redeker”:

Caro senhor Redeker, antes de mais, permita-me que me apresente: Tal como você, eu sou professor de filosofia. Sou, ao mesmo tempo, indissociavelmente, muçulmano. Tento incutir nos meus alunos a prática do espírito crítico e a defesa de uma total liberdade de expressão. Mas, o uso dessa liberdade não é nada fácil. Há pessoas que a utilizam irreflectidamente, chegando por vezes ao ponto de exprimir uma aversão xenófoba.
Quero que saiba que, nem por um instante, me passou pela cabeça exigir a mínima restrição da sua liberdade de expressão. O seu direito de opinião é incondicional. Quer você tenha escrito esse artigo sobre o islão por convicção quer por provocação, quer você seja competente ou incompetente sobre o assunto, quer os seus pareceres sejam responsáveis ou irresponsáveis, quer eles sejam juridicamente condenáveis por incitação ao ódio quer sejam perfeitamente compatíveis com os nossos contornos legais, isso para mim é irrelevante e ninguém me impedirá de maneira nenhuma de o considerar como um interlocutor à altura, como um homem a quem eu tenho o dever de prestar atenção. Por isso, dirijo-me hoje a si, da mesma forma directa e pública, para lhe exprimir antes de mais a minha profunda compaixão pela sua situação actual. Estou escandalizado com o que lhe acontece. [...]


in Libération, 25 de Outubro. O artigo integral, aqui.


:: enviado por JAM :: 10/25/2006 01:04:00 da tarde :: início ::
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