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domingo, dezembro 31, 2006

O êxito da Toyota e o humanismo pragmático

Prevê-se que, no ano de 2007, a Toyota ultrapasse a General Motors como primeiro fabricante de automóveis do mundo. A ironia desta previsão é que o principal responsável pelo fortalecimento da qualidade, responsável pelo êxito da Toyota, foi o americano W. Edwards Deming (1900-1993), cujas ideias foram ignoradas nos Estados Unidos antes de ele ter triunfado no Japão. A União dos Cientistas e Engenheiros Japoneses atribui todos os anos o prémio Deming, uma espécie de Óscar japonês para a melhor concretização no campo da indústria.
Num livro sobre o sector automóvel no Japão — um bestseller, vencedor do prémio Pulitzer, intitulado “The Reckoning” — David Halberstam escreveu, em referência a essa fascinação, que uma das coisas que os japoneses mais apreciavam em Deming era a sua grande humildade. [...] A paixão de Deming era poder criar um sistema cujo principal objectivo fosse fabricar melhores produtos, não ganhar dinheiro.
Embora os seus métodos se baseassem em análises estatísticas absolutamente rigorosas, as ideias de Deming eram profundamente humanas. Frases suas como “a inovação surge de pessoas que têm prazer com o seu trabalho”, ou “é preciso fazer desaparecer as barreiras que se interpõem entre os trabalhadores e o orgulho que sentem pelo seu trabalho”, ou “os trabalhadores não são problema, o problema são os chefes”, parecem mais da autoria de alguém como o Dalai Lama do que de um estatístico.
No Verão passado, Robert Samuelson escrevia no Washington Post, a propósito dos salários dos administradores americanos, que em 1995, a média da remuneração dos executivos era 94 vezes superior à média da remuneração dos trabalhadores; em 2005, era 179 vezes superior. Como disse um dia Deming, todos temos que perceber o prejuízo para uma organização de uma equipa que procura constituir-se em centro de benefícios egoísta e independente.
Deming era originário da América profunda mas, curiosamente, a cultura empresarial americana, que hoje é ensinada por todo o mundo nas Business Schools — e que tem vindo a empestar as nossas empresas e administrações — nada tem a ver com o humanismo pragmático de William Edwards Deming que tão bom resultado deu na Toyota.
São sinais de esperança para 2007... Feliz Ano Novo!

:: enviado por JAM :: 12/31/2006 10:15:00 da manhã :: início ::
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