quinta-feira, fevereiro 15, 2007
Se moral é pedir demais, ao menos que tenham boas maneiras
Começou esta semana, em França, o julgamento do caso Erika. Para quem não esteja lembrado, o Erika é o nome de um petroleiro que se afundou em 1999 ao largo da Bretanha e despejou 20000 toneladas de fuel na costa francesa. O julgamento deverá decidir quem é responsável pelo pagamento da limpeza e das indemnizações.
Parece um problema exclusivamente francófono mas, na verdade, é um problema de todos (lembram-se do Prestige?).
A história do Erika é a história da globalização versão fundamentalismo liberal: Um barco com bandeira de Malta, um armador e uma empresa de verificação técnica italianos, um capitão indiano e uma tripulação filipina a transportar petróleo para um cliente francês. Tudo isto com contratos e subcontratos de empresas offshore. Resultado?
Entre o capitão que desapareceu, empresas que faliram e administradores a afirmarem que não sabiam de nada porque eram “apenas” administradores, ninguém assume responsabilidades.
Para tornar a história ainda mais interessante, ninguém sabe ao certo que aditivos foram colocados no petróleo e, logo, a que produtos tóxicos estiveram expostos os serviços e os voluntários que fizeram a limpeza da costa.
O cliente francês chama-se Total e anunciou ontem um lucro recorde de 12,59 mil milhões de euros em 2006. As indemnizações pedidas no caso Erika são de mil milhões de euros.
Eu sei que pode ser demagógico misturar as coisas e que lucros não têm nada que ver com responsabilidades jurídicas mas, caramba, já que parece ser pedir demais a uma multinacional que tenha alguma moral ou ética, ao menos que tenham boas maneiras e que paguem o que sujaram.
:: enviado por U18 Team :: 2/15/2007 02:45:00 da tarde :: início ::