terça-feira, fevereiro 13, 2007
Resultados do referendo
À pergunta “Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se for realizada por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?”, 59,25 % dos portugueses que votaram validamente, responderam “SIM” e 40,75% responderam “NÃO”.Comentários?
- É uma vergonha que 56,4% dos portugueses com direito a voto tenham optado precisamente por o não exercer nesta questão em que nem sequer eram os partidos que estavam em causa (pelo menos, directamente). Não digo todos (porque alguns terão querido votar e não terão podido – por motivos vários), mas muita desta gente, não nos enganemos, está-se cagando (é o termo exacto!) para os outros, para o modo como se organiza e governa esta sociedade/polis onde todos vivemos – prefeririam talvez não ter que decidir nada, deixar nas mãos de um governo iluminado ou autoritário a chatice que é ter de tomar decisões. Não sei se ainda estão à espera de D. Sebastião ou se, no fundo, têm saudades de Salazar.
- Também acho uma vergonha que gente supostamente tão fina, tão bem formada, tão defensora dos grandes princípios e tão dada ao perdão, tenha o mau perder que demonstraram, no domingo à noite, na TV, grande parte dos defensores do “Não”. Alguém os vai impedir de aconselhar, ajudar, apoiar, as mulheres que precisem desse apoio? Uma vez que já se fala para aí de objecção de consciência e coisa e tal, vamos ver até onde esta gente está disposta a ir no sentido de defenderem os seus pontos de vista; se, em vez de se limitarem a apoiar quem lhes peça apoio, estão dispostos a minar todo o terreno por onde vai avançar a nova lei, por forma a infernizar o mais possível a vida das mulheres que optem pela IVG e a pretendam fazer, conforme foi "autorizado" pela maioria dos votos válidos no referendo de 11.02.2007, nas primeiras 10 semanas e em estabelecimento de saúde legalmente autorizado.
:: enviado por Manolo :: 2/13/2007 10:39:00 da tarde :: início ::