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sexta-feira, junho 15, 2007

Um território, três Estados

Os combatentes do Hamas entraram esta manhã no complexo presidencial de Gaza e aí celebraram a oração das sextas-feiras. Não podiam ter encontrado melhor símbolo para assinalarem o nascimento de um novo Estado islâmico. Em Ramallah, o presidente Mahmud Abbas decidiu demitir o governo de unidade nacional, penosamente constituído há poucas semanas. Consagrou assim a divisão dos territórios palestinianos em duas entidades distintas, de tal modo que é muito difícil afirmar hoje se num futuro próximo elas serão capazes de se reunificar.
A reacção da chamada “comunidade internacional”, representada pelo Quarteto — Estados Unidos, União Europeia, ONU e Rússia — não achou nada mais original do que dar o seu apoio ao presidente daquilo que só por troça se pode continuar a chamar a Autoridade Palestiniana. Os membros do Quarteto apelaram designadamente “a que fosse permitido o acesso da ajuda humanitária, o mais rapidamente possível, a todos os que dela necessitam”, como se não fossem eles mesmos os responsáveis pela situação criada.
As sanções económicas que foram decididas por esse mesmo Quarteto, com o acordo da nossa querida União Europeia, tinham por objectivo, se bem se lembram, obrigar o Hamas a reconhecer Israel ou, caso eles a isso não se resignassem, correr com eles do poder. O resultado está à vista e foi exactamente o oposto.
Ainda há poucos meses o presidente dos Estados Unidos se pronunciava pela existência de dois Estados, um israelita, outro palestiniano, determinados a viver em paz lado a lado. Só podia estar a gozar com os esforços despendidos pelos seus antecessores, sobretudo Bill Clinton, para repor a paz no Médio-Oriente. Hoje, deve estar a esfregar as mãos de contente pelo sucesso da sua estratégia: agora tem diante de si não dois mas três Estados.
Agora vêm com palermices destas dizer que querem reforçar o governo “legal e legítimo” de Abbas, como se a moderação se pagasse com rebuçados. Como se Mahmud Abbas fosse o títere de serviço. E se a “comunidade internacional” se deixasse de merdas?

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:: enviado por JAM :: 6/15/2007 08:30:00 da tarde :: início ::
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