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segunda-feira, julho 16, 2007

Varrer o racismo para baixo do tapete

É curioso que tenham sido os britânicos a exigirem a retirada das prateleiras do livro “Tintin no Congo”, no seguimento de uma denúncia da Comissão Inglesa pela Igualdade Racial, por conter “palavras de aviltante preconceito racial”. O livro — o segundo da série criada por Hergé — foi publicado em 1930, mais de 20 anos depois do Parlamento da Bélgica ter extinguido o domínio do rei, Leopoldo II, sobre o Congo.
Entre 1885 e 1907, o rei dos belgas espremeu as riquezas naturais do território que, num gesto de desfaçatez colonialista muito próprio do seu tempo, tinha baptizado como o Estado Livre do Congo. A extracção da borracha foi acompanhada por um autêntico extermínio que acabou com metade dos 20 milhões de congoleses em pouco mais de duas décadas. O saque do Congo foi tão selvagem que obrigou à intervenção do Parlamento e de outras nações civilizadas. Mas, no fundo, não foi nada que não tivessem feito antes outras potências coloniais, incluindo a Grã-Bretanha.
A decisão de retirar o livro das livrarias tenta apenas varrer o seu carácter racista para baixo do tapete. Acima de tudo porque o livro em questão não merece ser escondido. É certo que o célebre desenhador belga reproduziu nos seus quadradinhos todo um catálogo de prejuízos em que os selvagens eram os negros que pareciam macacos, falavam como imbecis e se submetiam com agrado ao poder civilizador do homem branco. Mas, no fundo, quem fica magnificamente representado na obra de Hergé é o europeu bem-pensante que ainda hoje acha que não teve nenhuma responsabilidade pela deriva da África.


:: enviado por JAM :: 7/16/2007 12:40:00 da manhã :: início ::
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