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quinta-feira, novembro 29, 2007

O regresso dos escravos

John Kenneth Galbraith denunciou, em tempos, a enganadora associação que existe entre dinheiro e inteligência. A equação que nos querem impingir de que os rendimentos são directamente proporcionais ao talento especulador é tão falsa — pelo menos a longo prazo — como pretender que o império da astúcia e da fraude é mais forte que o conhecimento.
Se Ho Chi Min saísse agora da tumba, assistiria a mais de 10.000 discípulos vietnamitas que iniciaram uma greve, contra as condições draconianas que lhes são impostas por uma empresa local subcontratada pela multinacional NIKE.
Se fosse vivo, o pai do comunismo indochinês dar-se-ia conta de que a sua proclamada confiscação das companhias imperialistas de nada serviu para melhorar as coisas nas fábricas de calçado desportivo do seu país. As empresas multinacionais, cujos tsunamis mundializantes convertem qualquer militante anti-globalização numa ave rara em vias de extinção, estão convencidas de que a sua acção exploradora é inexpugnável. Pouco importa que um empregado vietnamita seja uma criança, que trabalhe 14 horas por dia ou que ganhe apenas 50 dólares por mês.
Sim! Somos todos uns monstros. Compramos umas sapatilhas por 100 euros, ou mais, que na origem são facturadas — na melhor das hipóteses — por dez vezes menos. Mas, pior do que isso, a mão-de-obra asiática que as fabrica não recebe mais do que 1% do preço do produto.
Os seres humanos reinventaram o esclavagismo tão facilmente como se tivessem reinventado a roda. Mas não nos esqueçamos de que — como dizia o filósofo esloveno Slavoj Zizek — o moralismo ocidental, que promove campanhas de boicote aos produtos fabricados por asiáticos explorados, só serve para limpar a nossa consciência... à custa do aumento da miséria dos escravos.

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:: enviado por JAM :: 11/29/2007 10:24:00 da manhã :: início ::
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