sexta-feira, dezembro 28, 2007
Crónica de uma morte anunciada
© Desenho de Bandeira - Diário de Notícias
Membro de uma dinastia tão célebre como trágica, Benazir Bhutto foi, entre 1988 e 1990, a primeira governante muçulmana eleita no mundo, tendo voltado a repetir a proeza entre 1993 e 1996. O seu pai, Zulfikar Alí Bhutto, governou nos anos 70, foi deposto por um golpe militar e executado em 1979. Benazir passou cinco anos em prisão domiciliária e fugiu do país, onde voltou em 1986 para ser eleita primeira-ministra. Acusada de corrupção, juntamente com o marido, nas duas ocasiões em que governou, voltou a exilar-se em 1999. Os irmãos, Shanawaz e Murtaza, foram assassinados em 1985 e 1996. Educada em Harvard e Oxford, jovem e bonita, quando chegou pela primeira vez ao poder era vista como uma figura refrescante e democrática. Com os escândalos de corrupção — que nunca foram provados e que ela sempre alegou tratarem-se de acusações políticas — caiu em desgraça e tornou-se num símbolo mais controverso.
O seu regresso em Outubro voltou a armar polémica, quando as acusações de corrupção foram levantadas por ordem de Pervez Musharraf, como base de num arranjo para partilhar o poder com ele, que vive há anos sobre a corda bamba de uma aliança com os Estados Unidos. Os mesmos Estados Unidos que pretendiam agora utilizar Benazir Bhutto como peça de substituição perante a intolerável impopularidade de Musharraf e de contenção face a uma militância islâmica radical, cada vez mais agressiva y poderosa.
Agora, o Paquistão vai continuar a desfazer-se num caminho sem retorno, constituindo mais uma das frentes da “guerra contra o terrorismo” de Washington, que, em vez de combater a instabilidade, parece mais predestinada a alimentá-la.
Etiquetas: Médio Oriente, terrorismo
:: enviado por JAM :: 12/28/2007 11:42:00 da manhã :: início ::
1 comentário(s):
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Eh pá.De , em dezembro 28, 2007 2:30 da tarde
Tirem lá esses aranhiços de cima do texto.