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terça-feira, novembro 23, 2004

Os « recursos humanos » de Almerindo Marques

O presidente do Conselho de Administração da RTP prestou ontem um enorme serviço ao país, ao invocar “critérios rigorosos de recursos humanos”, e não “critérios jornalísticos”, para ter nomeado a jornalista quarta classificada no concurso para correspondente da RTP em Madrid, contra a decisão da Direcção de Informação. E digo eu que prestou um enorme serviço à cultura dos portugueses porque se, até aqui, muito poucos conheciam o significado de “gestão de recursos humanos”, neste momento já quase todos os portugueses foram aos seus dicionários, saber do que se trata.

Para aqueles, mais ocupados, que ainda não tiveram tempo de abrir o dicionário, aqui ficam algumas noções:

Simplificando, até finais do século XX, gerir recursos humanos significava recrutar, pagar salários e organizar o trabalho, adequando as necessidades dos serviços, às competências dos trabalhadores, através de transferências e promoções, passando por acções de formação. Tudo isto, num contexto de curto prazo e numa lógica de “para o ano que vem, logo se vê”. Basta ver o exemplo da gestão das colocações dos nossos professores...

Hoje continua a ser assim, mas, com a entrada no século XXI, passou a falar-se de “gestão estratégica dos recursos humanos” e introduziu-se uma perspectiva de médio e longo prazo. Quer dizer que a dinâmica da gestão do pessoal passou a inserir-se em objectivos estratégicos das empresas, na melhoria constante do serviço prestado e da rentabilidade financeira, seguindo uma lógica de supremacia da empresa face à concorrência.

Que queria então dizer Almerindo Marques? Se o objectivo estratégico da RTP é o de fornecer uma informação de qualidade, isto é isenta de pressões, os jornalistas terão que ser escolhidos segundo critérios profissionais (logo, jornalísticos) e segundo uma estratégia global comum à Administração, à Direcção de Informação e à Direcção de Pessoal. Parece também evidente que, num concurso conduzido com critérios fieis aos objectivos globais, os mais competentes serão sempre os candidatos colocados nos primeiros lugares.

Se Almerindo Marques não seguiu estes critérios isso só significa, das duas uma: ou a Administração da RTP não tem nenhuma estratégia e navega ao sabor dos ventos soprados pelo governo, ou então tem uma estratégia que não visa a qualidade de um serviço de informação isento e independente que, tudo leva a crer, fazia parte dos objectivos de José Rodrigues dos Santos, tornando assim evidente que Administração e Direcção de Informação não partilhavam da mesma visão para a RTP.

:: enviado por JAM :: 11/23/2004 11:42:00 da manhã :: início ::
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