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quarta-feira, dezembro 29, 2004

Morreu Susan Sontag

Uma das maiores e mais célebres intelectuais americanas, Susan Sontag, conhecida por ter sido uma das primeiras a criticar a política norte-americana pós-11 de Setembro, faleceu, esta terça-feira, aos 71 anos.
Escritora, romancista, autora de ensaios, um pouco socióloga, um pouco politóloga, bastante filósofa, autora de uma dezena de livros famosos e de muitos artigos publicados em importantes jornais e revistas americanas.
A propósito da censura nos Estados Unidos, dizia: O governo decidiu declarar guerra ao Iraque. Bem, na nossa imprensa e televisão, não são mostradas as vítimas civis, negligenciam-se as notícias problemáticas, escondem-se factos, acontecimentos e imagens. Quem decide? O governo? Os políticos? Não, quem decide são os responsáveis pelas informações. São eles que estabelecem o que é patriótico e o que não é. Se uma certa informação ou um certo serviço não são patrióticos, não são transmitidos.
E a propósito da invasão do Iraque: A conquista do Iraque conseguiu alcançar três objectivos: 1) demonstrar que aquela parte do mundo pode ser invadida. 2) obter um certo controle sobre o petróleo. 3) chegar a uma forma de ocupação permanente, de modo a enfraquecer a posição da Turquia e da Arábia Saudita, que agora já não são aliados indispensáveis. Fazia parte dum plano imperialista dos americanos e foi levado a cabo com sucesso em plena violação do direito internacional.
Considerada “a consciência aberta dos EUA”, Sontag não abominava o american way of life, mas integrava nele uma visão para além das fronteiras do país onde vivia. Foi da boca de Susan Sontag que saíram recentemente as seguintes palavras: “O abismo cultural entre a Europa e os EUA é tão profundo como o Grand Canyon”.

Acabei de descobrir no New York Times, uma homenagem completíssima à memória de Susan Sontag. Vale a pena ler até à frase final “Toda a minha obra diz: sejam sérios, sejam apaixonados e... acordem”. [JAM :: 11:33]


:: enviado por JAM :: 12/29/2004 01:23:00 da manhã :: início ::
1 comentário(s):
  • O abismo cultural entre a Europa e os Estados Unidos é mil vezes mais profundo do que o Grand Canyon. Mas com a própria CNN já a catequisar subtilmente a Europa e a Europa a não se dar conta disso, em breve será reduzido, certamente.

    De Blogger J. Camilo, em dezembro 29, 2004 6:11 da manhã  
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