quarta-feira, dezembro 29, 2004
Não é bem assim
[...]
Seguramente, por muito poderosos que sejam os mecanismos da esperteza dos indígenas, não podemos esquecer o argumento mais poderoso no arsenal do argumentador lusitano, o “não é bem assim”. Por muito que tenha procurado ainda não encontrei quem tenha registado a patente deste argumento, poderoso entre os poderosos, no arsenal luso. De facto, “não é bem assim” é uma arma perigosa. Por um lado, estabelece um princípio de dúvida sobre o que o adversário disse, sem que seja necessário demonstrar qualquer conhecimento do assunto tratado, por outro, não é tão violento como chamar mentiroso ao opositor, o que poderia, por vezes, ter consequências ao nível da integridade física do retórico. Como todos os argumentos úteis, também este se declina em múltiplos matizes. Não é bem assim. Não sei se é bem assim. Não me parece que seja assim. Claro que o questionado, não tendo trazido no bolso qualquer volume da Enciclopédia Luso brasileira, perde um pouco de ímpeto na disputa e deixa aberto o campo para que o vácuo pensador possa marcar alguns pontos.
[...]
Leia o texto completo em As Más Moedas
Seguramente, por muito poderosos que sejam os mecanismos da esperteza dos indígenas, não podemos esquecer o argumento mais poderoso no arsenal do argumentador lusitano, o “não é bem assim”. Por muito que tenha procurado ainda não encontrei quem tenha registado a patente deste argumento, poderoso entre os poderosos, no arsenal luso. De facto, “não é bem assim” é uma arma perigosa. Por um lado, estabelece um princípio de dúvida sobre o que o adversário disse, sem que seja necessário demonstrar qualquer conhecimento do assunto tratado, por outro, não é tão violento como chamar mentiroso ao opositor, o que poderia, por vezes, ter consequências ao nível da integridade física do retórico. Como todos os argumentos úteis, também este se declina em múltiplos matizes. Não é bem assim. Não sei se é bem assim. Não me parece que seja assim. Claro que o questionado, não tendo trazido no bolso qualquer volume da Enciclopédia Luso brasileira, perde um pouco de ímpeto na disputa e deixa aberto o campo para que o vácuo pensador possa marcar alguns pontos.
[...]
:: enviado por RC :: 12/29/2004 02:25:00 da manhã :: início ::