terça-feira, julho 19, 2005
O choque tecnológico (7)
Para reflectir:
“Todo e qualquer ministério da educação é necessariamente imbecil, pelas razões que passo a sintetizar.
1. A educação só diz respeito à transmissão do saber na medida em que a boa comunicação entre os humanos exige a atenção do receptor enquanto o emissor emite; caso contrário, todos acabam por falar ao mesmo tempo, o que constitui má educação.
2. A educação é um assunto que se resolve positivamente quando o comportamento humano obedece a uma exigência interior; por outras palavras: essa exigência é um imperativo categórico, se calhar tão utópico como o de Immanuel Kant em termos de ética; ou se respeita essa exigência, ou se ignora, ou se ofende; em qualquer dos casos, não pode ser gerida por nenhuma instituição.
3. O latim bacillum significa pau, porrete ou cacete; quem não tinha bacillum era imbecillis, ou seja, nem sequer dispunha dum cacete para se defender; o imbecil é o impotente; qualquer ministério da educação é impotente; e é-o por inerência, uma vez que proibiu o cacete nos domínios da educação; até o insuspeito patriota chamado João de Barros (o quinhentista) sabia que, sem "palmatoreadas", ninguém entendia a origem e a evolução da língua portuguesa; as "palmatoreadas" manteriam toda a actualidade no caso de indivíduos desprovidos da exigência interior apresentada no ponto 2.
Quando afirmo que a legislação oriunda do Ministério da Educação, etc., se caracteriza pela imbecilidade, quero apenas significar que esse ministério produz imbecilidade tão naturalmente como o pilriteiro dá pilritos.”
“Todo e qualquer ministério da educação é necessariamente imbecil, pelas razões que passo a sintetizar.
1. A educação só diz respeito à transmissão do saber na medida em que a boa comunicação entre os humanos exige a atenção do receptor enquanto o emissor emite; caso contrário, todos acabam por falar ao mesmo tempo, o que constitui má educação.
2. A educação é um assunto que se resolve positivamente quando o comportamento humano obedece a uma exigência interior; por outras palavras: essa exigência é um imperativo categórico, se calhar tão utópico como o de Immanuel Kant em termos de ética; ou se respeita essa exigência, ou se ignora, ou se ofende; em qualquer dos casos, não pode ser gerida por nenhuma instituição.
3. O latim bacillum significa pau, porrete ou cacete; quem não tinha bacillum era imbecillis, ou seja, nem sequer dispunha dum cacete para se defender; o imbecil é o impotente; qualquer ministério da educação é impotente; e é-o por inerência, uma vez que proibiu o cacete nos domínios da educação; até o insuspeito patriota chamado João de Barros (o quinhentista) sabia que, sem "palmatoreadas", ninguém entendia a origem e a evolução da língua portuguesa; as "palmatoreadas" manteriam toda a actualidade no caso de indivíduos desprovidos da exigência interior apresentada no ponto 2.
Quando afirmo que a legislação oriunda do Ministério da Educação, etc., se caracteriza pela imbecilidade, quero apenas significar que esse ministério produz imbecilidade tão naturalmente como o pilriteiro dá pilritos.”
José Martins Garcia, (Quase) Teóricos e Malditos, Lisboa, Salamandra, 1999, pp. 40-41