sexta-feira, agosto 19, 2005
Gaza no caminho da paz?
Num comentário a um post precedente, um leitor afirmava que não compreendia se a nossa posição era ou não favorável à retirada dos israelitas do território “que tinham roubado aos palestinianos”. A resposta não é simples, como revela o excelente artigo, da autoria de Felipe González, do qual sublinhamos algumas passagens:A alegria transbordante dos palestinianos perante a retirada de Gaza pode ter um ressalto perigoso se a legalidade internacional não for cumprida no resto dos territórios ocupados. […] Depois da retirada, a própria franja enfrentará problemas que exigem acordos entre todos. Sem aeroporto, sem porto e sem saídas terrestres, a densa população de Gaza pode estar condenada a sobreviver com ajuda internacional como num grande campo de refugiados. A alegria de hoje pode transformar-se em desespero amanhã. […] Neste contexto, Gaza pode ser uma oportunidade para a paz definitiva ou uma nova frustração que mantenha o conflito durante muitos anos.
De facto, se nada for feito para melhorar o destino do milhão e meio de palestinianos que vivem em Gaza, onde o desemprego é da ordem dos 50% da população activa e onde as infra-estruturas são inexistentes, a pequena faixa de território poderá continuar a ser um ninho incontrolável de insurreição.
Gaza vai constituir o embrião do Estado palestiniano. Não deverá por isso tornar-se uma zona fora da lei. Nesse aspecto, como escreve Felipe González, a comunidade internacional terá certamente que jogar uma cartada muito importante.
Estou de acordo com o JR e não acho que ele tenha misturado assim tanto as coisas ao referir simultaneamente Gaza, o Iraque, o Irão e o Afeganistão. É que, em todos eles, depois do mal feito é impossível fazer marcha atrás. Devemos por isso sacrificar as nossas certezas, mesmo quando as soluções adoptadas não são minimamente suficientes, mas possam servir para, de algum modo, melhorar o futuro dos povos implicados.
:: enviado por JAM :: 8/19/2005 11:01:00 da manhã :: início ::