quarta-feira, agosto 17, 2005
Por outro lado...
Eu não concordo que se acusem de desleixo as pessoas que desesperam quando vêem o fogo à porta de casa.Claro, também há quem, vendo o fogo nas cercanias, deixe o trabalho de o controlar aos bombeiros por ter uma consulta médica às x horas, a que não pode faltar; também há quem, com o fogo como pano de fundo, fale ao telemóvel e acene, todo sorrisos, às câmaras da tv. Ninguém mo contou: eu vi.
Mas os outros, os que desesperam, choram e rangem os dentes, que combatem o fogo ao lado dos bombeiros ou mesmo sem a presença dos bombeiros, com ramos e enxadas, com baldes e mangueiras de trazer por casa, a esses quem poderá atirar a primeira pedra?!...Eu cá não.
Primeiro: o próprio Estado não dá o exemplo, não cuida do que está à sua guarda (veja-se o caso da Tapada de Mafra).
Depois, hoje em dia quem vive em aldeias metidas no mato e/ou na serra, vive em cima de um barril de pólvora e bem pode limpar à volta das casas que não consegue afastar o fogo se este tiver as dimensões destes que temos visto.
Depois, hoje em dia, o trabalho manual está desvalorizado e o que não dá lucros imediatos mais ainda. A agricultura de subsistência não é fashion. A pastorícia também não. A solidariedade entre vizinhos também já teve melhores dias. Quem vive nessas aldeias, também vê televisão e o que lhes entra pela casa dentro todos os dias é o culto do salve-se quem puder, do chico-espertismo, do viver à grande sem grande esforço (ou sem esforço nenhum). E ninguém quer ficar atrás dos outros, ninguém quer passar por parolo, por serrano, por tótó.
E depois há os velhos, que mal já têm forças para tirar da terra o pouco com que vivem, quanto mais para andar por aí a limpar matas.
Por último, é ou não é verdade que a segurança dos cidadãos é uma obrigação do Estado e que igualmente é uma obrigação do Estado dar alguma educação/instrução, não só cientifica, técnica e literária, mas também cívica, à população, que trabalha, paga impostos, vota e justifica a sua (dele) existência?
:: enviado por Manolo :: 8/17/2005 08:19:00 da tarde :: início ::
1 comentário(s):
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Por vezes tenho a impressão que não há Estado e que tudo isto anda um pouco em autogestão.De mfc, em agosto 18, 2005 12:59 da manhã