sábado, outubro 08, 2005

Quando os psicopatas governam o mundo

O presidente americano guardou “religiosamente” os seus discursos de 2001. Recita-os até à exaustão e, em vez de se referir aos desafios que o país enfrenta, continua a bater na tecla do pós-11 de Setembro, o que o New York Times qualifica de evasiva para se esquivar às realidades actuais.
Em queda nas sondagens, Bush teria podido mostrar que tem a Administração nas mãos. Teria podido falar das dificuldades que têm de enfrentar os soldados na guerra do Iraque. Teria podido referir as consequências políticas e económicas dos furacões que se abateram brutalmente sobre os Estados Unidos. Em vez disso, o presidente põe a nu a sua irritante incapacidade para ultrapassar o momento de glória que viveu em Setembro de 2001.

A esse propósito, The Guardian traz a público as revelações feitas pelo ministro da Informação palestiniana, Nabil Chaath, segundo as quais Bush teria declarado, em 2003, por ocasião da cimeira israelo-palestiniana de Charm El-Cheikh, que estava convencido que Deus lhe deu instruções para fazer a guerra contra o Afeganistão e contra o Iraque. E que, nesse mesmo dia, sentia dentro de si as palavras de Deus dizendo-lhe que iria dar um Estado aos palestinianos, a segurança a Israel e a paz ao Médio-Oriente. E que, em nome de Deus, ele iria fazê-lo.
Outro artigo do Guardian lembra que a guerra conta Bin Laden foi definida como uma guerra contra Satanás e que, desde o início da sua cruzada contra os países inimigos, Bush atribuiu biliões de dólares a vários grupos religiosos, que o presidente considera mais eficazes do que os serviços governamentais para se ocuparem das questões de assistência social. Revela ainda que Bush promove orações diárias às quais todos os empregados e colaboradores da Casa Branca têm que assistir.

“Mr Bush has arguably gone further in both word and deed than any modern president, and his critics have accused him of deliberately blurring the constitutional separation between church and state”.

Ou, como escreve hoje Miguel Portas, até os piores canalhas precisam de justificações para os actos que praticam. Só é péssimo que dirijam o planeta em vez de frequentarem o psiquiatra.