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domingo, janeiro 29, 2006

Os limites da paciência

As duas razões do sucesso eleitoral do Hamas são conhecidas. A partir da retirada israelita de Gaza, a maioria dos palestinianos, exangues, concluíram que os israelitas só pela força são capazes de retirar de um território ocupado. Deram crédito aos islamitas por essa sua coerência. E, ao mesmo tempo, quiseram “castigar” a sua Autoridade pela incúria, pelo clientelismo e pela corrupção.
Na véspera das eleições, o debate entre israelitas, americanos e europeus tratava de questões tácticas. Todos eles diziam querer começar de novo o “mapa para a paz” que deveria conduzir à instauração de um futuro Estado palestiniano. Todos eles esperavam sem dissimulação a derrota dos islamitas. Jerusalém e Washington não queriam vê-los no governo. As chancelarias europeias evitavam a questão. Seria melhor deixar Mahmud Abbas confiar-lhes alguns ministérios para os fazer assumir as decisões colectivas, ou manter o lobo fora do redil? Esse debate está agora completamente ultrapassado. Os palestinianos decidiram confiar as chaves do país ao Hamas. Não só vai estar no governo, mas também vai dirigi-lo.
Quanto aos israelitas, aqueles que esperavam que o escrutínio palestiniano clarificasse a situação podem tirar o cavalo da chuva. Para alguns, nomeadamente aqueles para quem as ambiguidades do Fatah tinham definitivamente desiludido, mais valia terem que negociar com o pior inimigo. Houve mesmo um ministro da linha dura do Likud que afirmou um dia sem pestanejar: “É preferível um Hamas sem máscara do que uma Autoridade palestiniana que avança mascarada”. Pois bem: é o que têm agora.
Mas como ninguém se tinha preparado para este resultado (a começar pelo Fatah), os receios e sobretudo as confusões são enormes. Como esperar doravante uma resolução pacífica para o conflito?

Vale a pena ler o editorial de hoje do DN e também esta excelente análise do Rui Semblano.

:: enviado por JAM :: 1/29/2006 06:02:00 da tarde :: início ::
1 comentário(s):
  • "...vão ter de guiar-se mais pelo pragmatismo do que por convicções ideológicas. É este o único "mapa para a paz" possível no Médio Oriente. " - No DN.
    Se assim fizerem acontece-lhes o que aconteceu à Fatah.

    De Anonymous Anónimo, em janeiro 30, 2006 12:30 da manhã  
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