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terça-feira, março 14, 2006

O desabrochar das OPA

A Primavera está a chegar e, com ela, as OPA desabrocham como as flores. Maravilhas do nosso jardim global, os projectos de fusão/aquisição abrem-se num frenesim de todas as cores e formas. De Lisboa a Washington, de Paris a Seul, orvalhadas pelos salpicos de uma imensa massa monetária à espera de vazão, florescem em todos os sectores, das telecomunicações à siderurgia, da energia à banca, visando a aproximação tanto de actores nacionais (BCP/BPI), como europeus (E.ON/Endesa) ou intercontinentais (Telkom South Africa/Portugal Telecom).
A oportunidade é favorecida por um período temporariamente pouco nublado, provocado pelas boas abertas da economia e pelo forte crescimento dos últimos três anos. As grandes empresas acabaram de limpar os balanços, algo perturbados pelos excessos financeiros da década de 90, mas animados pelo magnífico estado de saúde financeiro e os excelentes resultados record do ano passado. Agora, têm os bolsos cheios de dinheiro e, mais do que nunca, a possibilidade de aumentarem os seus recursos através de empréstimos que a banca generosamente lhes oferece, a bom preço. O que, diga-se de passagem, não vai durar muito, à vista dos tremeliques das taxas de juro, que fazem antever uma tendência para o encarecimento do dinheiro.
Mas, o vendaval das OPA seria muito menos diabólico se não tivesse por trás as altas pressões exercidas sobre os preços pela fúria crescente do consumismo. Com isso, as empresas crescem desmesuradamente para poderem ganhar o pricing power e concentram o negócio apenas naquilo que sabem fazer melhor, fazendo fazer o resto a outros, o que lhes permite dar mais uma volta no torniquete dos fornecedores. Uma vez concentradas sobre o núcleo duro do negócio, procuram a eficiência produtiva das economias de escala crescentes, transpondo cada vez mais os limites das fronteiras.
Todo esse turbilhão global gera enormes problemas de governança pública. O primeiro é o desfasamento crescente entre um poder político a nível nacional e um poder económico planetário, com todas as crispações sociais que daí advêm. O segundo é a premente necessidade de se desenvolver uma política de concorrência infinitamente mais potente e mais talentosa do que a que temos hoje.

:: enviado por JAM :: 3/14/2006 11:45:00 da tarde :: início ::
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