sexta-feira, março 31, 2006
Para melhor está bem está bem...
Em resposta à realidade de que fala CMC, a palavra de ordem nos países da UE tem sido reformar as instituições do mercado do trabalho. Em todos eles sem excepção os objectivos são os mesmos, mas os métodos variam. Por exemplo, os empregos são mais bem protegidos na Grã-Bretanha do que na Dinamarca, mas os subsídios de desemprego são muito mais elevados em Copenhaga, onde se considera que é preciso proteger “não os empregos mas os empregados”.Ser reformista não significa necessariamente querer mudar as coisas. No caso do CPE, não se pode falar de uma reforma porque a mudança que ele introduz é de natureza regressiva. Para ser uma verdadeira reforma, seria preciso que ela reunisse quatro factores: uma sólida visão do mundo (que não existe nesta espécie de “liberalismo de Estado” francês), um diagnóstico minucioso das resistências à mudança, um envolvimento construtivo de todos os parceiros sociais e, conjuntamente com eles, consagrar todo o tempo necessário à concertação. Desde que lançou a ideia do CPE, o governo de Villepin não deu indícios de nenhum destes requisitos.
Diz CMC que o chefe do Governo francês, bem ou mal, está a dar uma resposta à realidade, contrariamente às forças sindicais e parte dos estudantes que não dão nenhuma resposta. Ou, como diria Cavaco Silva, deixem Villepin trabalhar!...
Mas Villepin já tinha o CNE (contrat nouvelle embauche), lançado no ano passado, também com um período de experiência de dois anos, mas limitado às pequenas empresas. Porquê então agora o CPE (contrat première embauche)? Não teria sido mais lógico testar primeiro os efeitos do CNE? Não teria sido mais “justo” alargá-lo depois a todas as empresas e todos os grupos etários, em vez de o limitar apenas aos menores de 26 anos?
Assim, a consequência mais espectacular do CPE é que se trata de uma medida que não só não produzirá quaisquer efeitos económicos, mas que, além disso, irá reforçar a ansiedade dos jovens. Não se pode mudar uma sociedade reforçando o medo social. Nos países escandinavos, por exemplo, a mudança não se faz com base na sanção e no medo, mas assenta nos moldes da confiança.
Finalmente, diz ainda CMC: o Primeiro Ministro francês procura dar uma resposta aos graves tumultos sociais que afectaram a França em Novembro passado. Precisamente! Será que, ao “não” à Constituição Europeia, aos graves tumultos sociais nos banlieues, à hospitalização do Presidente, havia necessidade de se dar ao luxo de acrescentar uma revolta estudantil?
:: enviado por JAM :: 3/31/2006 10:27:00 da manhã :: início ::