BRITEIROS: Os grandes, os enormes portugueses <$BlogRSDUrl$>








sábado, outubro 28, 2006

Os grandes, os enormes portugueses


Decididamente o canal público de televisão, a RTP, tem uma noção de serviço público, no mínimo, estranha.
Agora compraram na Inglaterra o formato a que, com pompa e circunstância, deram o nome de “Os grandes portugueses”. A RTP mostra-se um tanto renitente em qualificar o programa: ficamos sem saber se consideram aquilo um divertimento, um passatempo, uma espécie de concurso, uma espécie de talk-show, uma trapalhada, ou se aquilo é mesmo para levar a sério.
O que se sabe, de ciência certa, é que a D. Maria Elisa, eventualmente cansada do fog londrino, regressou à pátria e de imediato arranjou ali um trabalhito para a ajudar nas despesas da sua reinstalação.
Mais importante do que isso, sabe-se também que, com este programa, arranjaram maneira de dar visibilidade aos saudosos da “outra senhora”, que não serão tantos como isso, mas que nem por isso irritam menos. A própria RTP, ao aceitar incluir Salazar na lista das “sugestões/exemplos”, admite que se trata de um grande português. Sujeitar este “personagem” ao voto popular, deve fazer com que ele dê várias voltas no túmulo, uma vez que, quando vivo, nunca permitiu que o povo se pronunciasse livremente sobre a sua pessoa e o seu governo.
E que dizer da inclusão na tal lista desses grandes “músicos” (os reis da fuga...) que são António Guterres e Durão Barroso? Já embalados nesta vertigem, porque não incluir também Santana Lopes?...E Fátima Felgueiras?...E por aí fora...
Polémicas á parte, como é possível, hoje em dia, individualizar assim a História? Foi o infante D. Henrique que partiu nas caravelas? Foram os reis que deram o corpo ao manifesto nas várias guerras que aqui se travaram ao longo da História ? Será que as pessoas em geral, os anónimos, os não-famosos, o zé-povinho (ou, se quiserem, o zé-ninguém), para não dizer “o povo” (já que a palavra está muito gasta), não tiveram nenhum papel relevante na História?...
E, por último, como é possível comparar o incomparável, alhos com bugalhos, o Mourinho com Afonso Henriques, Amália com António Damásio, Mário Soares com Mariana Alcoforado, Saramago com Rosa Mota?...
Diz quem nos governa que o dinheiro é pouco, que os cofres doEstado estão meio-vazios, que temos (os do costume, claro) de contribuir com mais algum e, depois, gastam o nosso rico dinheirinho nestas coisas. Haja paciência!

:: enviado por Manolo :: 10/28/2006 10:11:00 da manhã :: início ::
0 comentário(s):
Enviar um comentário