domingo, outubro 01, 2006

Política, mentiras e vídeo

“Todos nós sabíamos que após a vitória era preciso lançarmos mãos ao trabalho, porque antes só tínhamos feito merda, e não foi pouca. Mais ninguém na Europa fez tantas asneiras. É evidente que nos fartámos de mentir, ao longo dos últimos dezoito meses. Mentimos de manhã à noite e em quatro anos não fizemos nada. Ninguém é capaz de me citar uma única medida governamental de que podemos orgulhar-nos mas, daqui para a frente, não podemos continuar assim. Vamos ter que confessar o que pretendemos fazer para reduzir o défice a partir deste ano e que, para isso, vamos ter que aumentar a carga fiscal já a partir de Setembro”

Desde que estas palavras foram tornadas públicas, a Hungria ficou em estado de choque. No entanto, apesar da enormidade do escândalo, o país não é unânime em querer a cabeça de Ferenc Gyurcsany. Muitos acham que ele só pretendia convencer o seu partido, de uma forma brutal, de que era altura de deixarem de negar as realidades e passarem a usar a linguagem da verdade, em vez das promessas demagógicas. Na confissão dessas mentiras, muitos húngaros viram uma exigência de verdade futura, que o primeiro-ministro tentava propagar à sua maioria.
O problema é que, Ferenc Gyurcsany se esqueceu que não tinha só amigos por entre os seus amigos, que as suas palavras podiam ser gravadas e usadas contra ele e que isso o iria colocar numa posição muito desconfortável nas eleições que hoje se realizam.

Pelo contrário, também neste Domingo, Lula da Silva parece estar optimista quanto à sua reeleição. Apesar da sucessão de escândalos de corrupção que lhe fizeram correr o risco de colapso da presidência, beneficia de alguns indicadores positivos, como a redução da miséria em 15% e a melhoria significativa do mercado do trabalho. Mas, tal como Ferenc Gyurcsany, também Lula parece ter compreendido que vai ser preciso privilegiar a linguagem da verdade num segundo mandato...