quinta-feira, maio 10, 2007
Blair bate em retirada
Tony Blair apresentou hoje oficialmente a sua demissão do cargo de primeiro-ministro, após dez anos a ocupar o famoso n°. 10 de Downing Street. De lá, tentou vender ao mundo as suas incertas ideias da terceira via, que mal disfarçavam a devoção que sentia pela sua antecessora Margaret Thatcher.Dotado de um carisma excepcional e de uma capacidade de liderança inata, Blair ficará na História pelas três vitórias eleitorais consecutivas que conseguiu à frente do Labour, algo que nunca antes tinha acontecido. É muito provável que a imagem pública de Blair não se tivesse debilitado tanto aos olhos dos britânicos se não se tivesse um dia cruzado com um certo George W. Bush. A catástrofe que nos servem diariamente as imagens que chegam do Iraque projecta uma sombra muito negra sobre toda a sua gestão.
A partir daí, a liderança de Blair começou a ser discutida pelos britânicos e por muitos europeus. A suspeita fundada de que o primeiro-ministro os enganou não deixou de o atormentar até hoje. Apesar disso, tem no seu balanço resultados positivos: por exemplo, conseguiu a reconciliação na Irlanda do Norte e não torpedeou o projecto europeu como fizeram os seus antecessores.
Tony Blair deixa um legado complexo e contraditório. Nas despedidas, não houve manifestações de pesar, mas a sua passagem pelo poder deixará uma profunda marca na política britânica. O seu muito provável sucessor, Gordon Brown, será o novo primeiro-ministro, mas é muito improvável que ganhe as próximas eleições frente ao conservador David Cameron, jovem e dinâmico a quem as sondagens sorriem.
Etiquetas: Grã-Bretanha
:: enviado por JAM :: 5/10/2007 04:51:00 da tarde :: início ::