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quarta-feira, julho 25, 2007

O Banco Mundial regressa ao planeamento familiar

A história começa no passado 16 de Abril, quando os representantes europeus do conselho de administração do Banco Mundial rejeitam um relatório sobre saúde e população elaborado por um dos directores executivos, Juan José Daboub, um defensor da guerra no Iraque contratado especialmente um ano antes pelo então presidente, Paul Wolfowitz. Na sua estratégia sobre a população, saúde e nutrição, o Banco Mundial pretendia assim eliminar o planeamento familiar, uma das chaves da luta contra a miséria no mundo.
A presença de Wolfowitz e dos seus conselheiros fazia-se notar pela aplicação das doutrinas mais conservadoras da direita do Partido Republicano, grupos que durante a década anterior se distinguiram por boicotar a ajuda internacional ao desenvolvimento, porque integrava no seu programa o planeamento familiar (incluindo os métodos anticonceptivos e o aborto). Nesta banda do espectro ideológico, seguindo os conselhos do papa de Roma, o melhor modo de controlar o crescimento da população é a abstinência sexual e o aborto é um crime. O preservativo tão-pouco é aceitável, nem sequer para prevenir a sida.
Desde os princípios do século XIX, o pensamento ocidental foi dominado pelo economista e demógrafo Thomas Malthus (1766-1834). Convenientemente resumida, a sua teoria baseia-se em que, enquanto a população cresce geometricamente (1, 2, 4, 8, 16), a produção só aumenta aritmeticamente (1, 2, 3, 4, 5). Daí a ideia de que era preciso promover a reprodução dos que mais contribuem para a produtividade. Mas a História não lhe deu razão: quando a natalidade começou a baixar gradualmente, à medida que aumentava a esperança de vida, o crescimento acelerou, contribuindo para acentuar ambos os fenómenos.
Agora, o Banco Mundial regressa à sua política anterior e defende a “utilidade dos anticonceptivos, o planeamento familiar e outros programas de saúde reprodutiva para ajudar a promover o crescimento e reduzir as altas taxas de natalidade, que estão fortemente associadas à pobreza endémica, à inadequada educação e à elevada mortalidade”. Em cada ano, das 210 milhões de mulheres que engravidam, mais de 500 mil morrem durante a gravidez e o parto. Por não terem acesso aos métodos anticonceptivos, uma em cada cinco recorre ao aborto e 68.000 morrem durante a intervenção.

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:: enviado por JAM :: 7/25/2007 11:39:00 da manhã :: início ::
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