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domingo, julho 22, 2007

Desta vez foi em Espanha

Neste mundo real de mentira, o juiz espanhol Juan de Olmo fez uso da sua liberdade factual para prevaricar e, usando da sua impunidade e do infame desejo de súbdito ministerial, ordenar a confiscação de todas os números da última edição da revista satírica El Jueves, em cuja capa aparece uma caricatura «irreverente» dos Príncipes das Astúrias num acto sexual. «Estás a ver? Se ficares grávida», diz Felipe no desenho, «isso vai ser o mais parecido com trabalhar que eu já fiz em toda a minha vida».
Ao fazê-lo, o juiz pôs soberanamente a pata na poça.
Primeiro, porque aumentou efectivamente a difusão da notícia, provocando o efeito contrário do que se pretendia com a censura oficial. Segundo, porque ofereceu publicidade gratuita à revista censurada, fazendo com que o aumento das vendas propiciado pela dentada medieval da Justiça do Rei cubra certamente as consequências do delito. Terceiro porque, para além dos efeitos deste ataque à liberdade de expressão, é grave o prejuízo causado sobre a percepção pública da imagem, da confiança e da credibilidade da Administração da Justiça. Por último porque, tratando-se de um país monárquico, qualquer acto de justiça que tenda a velar cegamente pela integridade moral do Soberano, só serve para mostrar que existe um mundo real para o rei e outro muito distinto para os demais, o que contribui perigosamente para questionar a vigência da própria monarquia.
É certo que a caricatura em questão é de muito mau gosto. Mas também não o eram menos as famosas caricaturas de Maomé quando todo o Ocidente gritou em uníssono que nunca a liberdade de imprensa pode ser questionada, pois faz parte da essência da própria democracia.

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:: enviado por JAM :: 7/22/2007 12:52:00 da tarde :: início ::
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