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terça-feira, outubro 09, 2007

Washington queria o Che vivo

Faz hoje 40 anos, Che Guevara foi morto a tiro por um subalterno boliviano às ordens do ditador René Barrientos. Uma série de documentos desclassificados pelo Congresso americano durante o governo de Bill Clinton e encontrados por investigadores italianos nos arquivos nacionais dos Estados Unidos revelam que, ao contrário da versão que corre, a CIA não queria a morte do mítico médico, herói da revolução cubana.
As circunstâncias reais que envolveram a morte de Ernesto Rafael Guevara de la Serna, num remoto lugarejo da selva boliviana, não são tão evidentes como explica a história convencional, que tradicionalmente faz recair nos serviços secretos americanos a última responsabilidade da sua execução.
Após quatro décadas de ensaios, livros e inquéritos dedicados à vida e morte de Che Guevara, a arraigada ideia de que foram os Estados Unidos, ou melhor a Central Intelligence Agency, os impulsionadores do seu assassinato, desvanece-se graças à desclassificação de documentos secretos que apontavam em sentido contrário. Quer dizer, a documentação americana mostra que, longe de ter ordenado que fosse morto, a CIA deu instruções para que os seus homens na Bolívia o capturassem e mantivessem vivo “a todo o custo”, para evitar que a Administração americana fosse acusada da sua morte. “Keep him alive”, foram as ordens de Washington aos seus dois agentes infiltrados no destacamento do exército boliviano que combatia o grupo de guerrilheiros dirigido pelo Che.
O plano americano, segundo os escritos desclassificados, era prendê-lo e levá-lo para o Panamá, para o mostrar ao mundo como um troféu e desmascarar através dele os intentos expansionistas revolucionários de Fidel Castro, induzindo assim a ideia de que tais intentos não visavam mais do que transformar a América Latina num novo Vietname... Enfim... o costume.
Mas a ordem, o desejo do país mais poderoso do mundo, não serviu de nada ante as ideias próprias de René Barrientos, o militar ditador da Bolívia, que ordenou a execução do prisioneiro, em 9 de Outubro de 1967. Fê-lo pela rádio, a partir de La Paz, logo que soube que o Che tinha sido capturado. Uma nuvem de confusão envolve o papel desempenhado por Félix Rodríguez, o agente boliviano da CIA, presente em La Higuera, o lugar onde o mataram. Rodríguez tinha obrigação de conhecer bem as instruções de Washington, mas mesmo assim foi ele quem recebeu a ordem inexorável do General Barrientos. Terá ele pensado que Washington tinha mudado de ideias?
Os documentos que alteram a versão mais conhecida sobre as circunstâncias que rodearam a morte do Che foram encontrados por Mario Cereghino. Conta Cereghino que o achado fortuito se deu quando pesquisava o terminal de busca da CIA e deparou com alguns dados sobre Ernesto Che Guevara. Às tantas descobriu uma série de documentos relativos à Bolívia aparentemente intactos, isto é, sem notas de que tivessem sido consultados. Tratava-se de um autêntico contra-diário da fracassada revolução andina, que contrastava com o famoso diário boliviano de Guevara, publicado com o prólogo de Fidel Castro. Com o material recolhido, Cereghino regressou a Roma onde, juntamente com o jornalista Vincenzo Vasile ampliou a investigação, que culminou com a publicação de um livro. A obra, publicada em Itália, intitula-se Che Guevara top secret.

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:: enviado por JAM :: 10/09/2007 08:03:00 da manhã :: início ::
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