segunda-feira, dezembro 31, 2007
Outras frases de 2007
O agonizante 2007 termina pejado de uma variadíssima colecção de frases para todos os gostos, para a lembrança e para o olvido. A melhor de todas, já o dissemos, fez-se esperar 314 dias. Muitos almejavam ouvi-la, poucos se atreveram a pronunciá-la. Há quem diga que o rei de Espanha emulou o poeta chileno — me gustas cuando callas porque estás como ausente — no encerramento da cimeira, celebrada precisamente no Chile, com o seu muito menos subtil «Por qué no te callas?» que conseguiu emudecer Hugo Chávez.Já o amigo deste, Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irão, brindou-nos com a segunda frase do ano, num enunciado tão memorável como didáctico, ao afirmar com científica profundidade que, no seu país, «não existem homossexuais».
Também no vizinho Iraque, pelo menos em 2007, não deu para se esclarecer se dispõem ou não de homossexuais. Mas, em contrapartida, ficámos a saber, pela boca de Colin Powell e com mais de três anos de atraso, que nunca ali tinha existido nem uma mísera arma de destruição maciça. Ao que o “fascista” José María Aznar respondeu, de pronto, não ser «suficientemente esperto para que fosse possível tê-lo sabido antes».
Também a chispa dos nossos dirigentes “socialistas” se manteve extática ao longo do ano de 2007. Dos muitos exemplares disponíveis, destacamos a célebre frase do ministro das Obras Públicas que, no final de um almoço bem regado, promovido pela Ordem dos Economistas, sobre a Ota, sentenciou que «a margem sul é um deserto» e, por isso, seria «uma obra faraónica» fazer aí o futuro aeroporto de Lisboa.
Pouco tempo depois, em pleno Verão, Portugal foi palco da espectacular detenção do assaltante mais procurado de Espanha. E foi dos lábios de Jaime Giménez Arce, perante o Tribunal da Figueira da Foz, que saiu uma das frases mais lapidares: «Olá a todos, eu sou o Solitário».
Nesta lista, até o Nobel da Paz merece citação. O último galardoado, Al Gore, conseguiu baptizar 2007 como o ano das alterações climáticas, percorrendo o mundo inteiro a lançar advertências como esta: «Se se derreter uma parte da Gronelândia, os efeitos sobre Manhattan seriam muito piores que o atentado do 11 de Setembro».
E, na despedida do ano, chega a vez dos cidadãos anónimos e das suas frases que, a modo de balanço político mordaz, se traduziram em 918 milhões de SMS nas redes dos três operadores, só entre os dias 21 e 25 de Dezembro. Mensagens como a que leva a palma neste final de 2007: «Este ano não há presépio: a vaca está louca e não se segura nas patas; os Reis Magos não podem vir porque os camelos estão no governo; a Nossa Senhora e o São José foram meter os papeis para o rendimento mínimo; a ASAE fechou o estábulo por falta de condições e o Tribunal de Menores ordenou a entrega do Menino ao pai biológico... E, antes que me tirem as mensagens à borla, aproveito para desejar a todos um Feliz Ano Novo de 2008».
:: enviado por JAM :: 12/31/2007 12:09:00 da tarde :: início ::