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quinta-feira, janeiro 20, 2005

O lugar da mulher na América de Bush

Numa tentativa para compreender por que razão há menos mulheres do que homens nas matemáticas e nas ciências, Lawrence Summers, presidente da venerável Universidade de Harvard, lançou uma série de explicações, numa conferência sobre o lugar das mulheres e das minorias na ciência e na engenharia. A primeira é simples: as mulheres estão menos disponíveis do que os homens, sobretudo quando têm filhos. Em segundo lugar, constata-se que os homens obtêm melhores notas nos exames e, vá lá saber-se porquê, a causa poderá ser de ordem biológica. Finalmente, as mulheres apresentam-se sempre como vítimas de discriminação.
As reacções a estas declarações sobre a inferioridade biológica das mulheres, que deixaram em polvorosa, não só Harvard, mas também outras universidades americanas, levaram os membros da comissão de recrutamento dos professores a enviar uma carta de protesto denunciando que: “Tais comentários só servem para reforçar as barreiras entre os sexos que já existem na universidade”. Em resposta a estas críticas, Summers queixou-se, no seu site Internet, que terá sido vitima de incompreensão. Mas, em declarações posteriores ao Boston Globe, continuou a afirmar que, é certo que as pessoas preferem crer que as diferenças de capacidades entre homens e mulheres são devidas a factores sociais; se ele falou de diferenças biológicas, foi por achar que o assunto deveria ser mais aprofundado.
Poder-se-á dizer que se trata de um caso isolado, mas o que é preocupante é que, numa sociedade que se esperava em franco desenvolvimento progressista, são cada vez mais numerosos os exemplos deste tipo de regresso às ideologias medievais. Depois das dúvidas crescentes na sociedade americana sobre se o homem é fruto da evolução natural das espécies ou simplesmente criação de Deus e descendente de Adão e Eva, de que falámos aqui, aparecem agora, no início do segundo reinado de Bush, estes preconceitos em relação às capacidades biológicas das mulheres, que fazem lembrar as famosas ideias do ex-candidato a Comissário europeu Buttiglione, de triste memória.
Por este andar, o próximo presidente americano vai ser eleito só por homens.

“As diferenças entre homem e mulher são exactamente isso:
diferenças, não defeito, doença ou demérito.
Mulher não é um segundo, mas o outro sexo.”
Dianne Hales


:: enviado por JAM :: 1/20/2005 08:55:00 da tarde :: início ::
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