Dizia-me ontem um amigo francês: “a situação é tão má, o descrédito dos dirigentes políticos franceses e europeus é tão grande, que mesmo se nos perguntassem se queríamos 1 milhão de euros cada um, teríamos respondido Não”.
É este desespero que os dirigentes políticos europeus teimam em não querer ver. Uns propõem avançar ainda mais rapidamente declarando a UE como um Estado, nomeando já um MNE e pedindo um lugar no Conselho de Segurança da ONU (!?). Outros pedem que se espere até ao final do processo de ratificação em 2006 para ver se podem salvar os cacos. Outros ainda desvalorizam os “Nãos” ou porque os holandeses são sempre contra tudo (!?) ou porque se vota por razões internas e não pelo “sonho” que é a “Europa”. Nos casos extremos pede-se retaliações contra os países que votam “Não”.
Ainda não percebi se é cegueira ou estupidez. O que é que será preciso mais para que escutem as pessoas ? gritar ? barricadas ? ou sangue nas ruas ?
A UE tem que parar já com este delírio. Tem que preparar um Tratado que defina as regras de funcionamento a 25 (que nem sequer me choca se for inspirado nas regras da Parte III da Constituição), tem que encontrar rapidamente uma solução para os problemas económicos e, sobretudo, tem que parar e reflectir para onde quer ir e a que ritmo.

Será assim uma ideia tão má pôr o pé no travão quando o carro vai direito a uma parede ?