terça-feira, outubro 18, 2005
Avançar em conjunto, como os pássaros
Ainda a propósito do pânico colectivo causado pela rápida propagação da gripe das aves, o jornal suíço Le Temps insiste na absoluta necessidade de uma resposta planetária face ao vírus que já passou a fronteira da União Europeia.
Os virólogos – que não são bruxos – ainda não sabem como é que o vírus se comportará logo que seja capaz de se transmitir de homem para homem. Mas é preciso deixá-los investigar em paz. A ignorância não deverá dar lugar ao pavor súbito.
É indispensável criar, antes que seja tarde, a estrutura supranacional que muita gente tem apregoado. Uma entidade parecida com o movimento internacional contra a sida, independente das organizações internacionais, com a responsabilidade de fundar a arquitectura logística necessária à distribuição de medicamentos anti-gripe e vacinas.
Chegou, sem dúvida, a altura de tomar medidas à mesma escala em que se processa o desenvolvimento desta epidemia: a escala mundial.
:: enviado por JAM :: 10/18/2005 12:28:00 da manhã :: início ::
1 comentário(s):
-
Primeiro: os cientistas não são bruxos mas a investigação presente não vai mostrar como será o virús que passará para o homem. O máximo que pode fazer será passar algumas pistas. A investigação real terá que surgir apenas depois da pandemia chegar. Infelizmente não é possível fazer nada antes disso.De JSA, em outubro 18, 2005 12:10 da tarde
Segundo: a ideia que matar as aves de capoeira irá impedir o espalhar da doença é irrealista. Já está mais que confirmado que as aves migratórias estão a transportar a doença e, pior ainda, em muitos casos são apenas portadoras, não sofrendo com ela, o que as torna ainda mais perigosas.
Terceiro: uma pandemia não surgirá por intermédio de quaisquer aves. No momento em que o virús consiga transmitir-se directamente a humanos, serão estes a transmitir a doença. Cso surja um foco de virús grave numa cidade muito povoada na Ásia, o mais provável é que, no espaço de uma semana, a doença esteja na Europa e resto do mundo, sem apelo nem agravo.
Quarto: a grande questão será o quanto da virulência será perdida na transmutação genética que permitirá ao virús transmitir-se facilmente entre humanos. Até ao momento a taxa de mortalidade anda nos 55%, mas a de contágio é baixíssima, essencialmente nula. Se por acaso se nivelassem (improvável, ainda assim, embora possível), o número de mortes no mundo inteiro estaria nas muitas centenas de milhões. E aí nem Portugal se safaria...