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terça-feira, julho 31, 2007

Relações internacionais sem vergonha

As relações internacionais são cada vez mais impúdicas. O último exemplo de que temos notícia diz respeito à venda em massa de armas da mais recente tecnologia a Israel e a seis países sunitas do Golfo Pérsico, especialmente a Arábia Saudita. Todos eles, países com um historial de violações dos direitos humanos interminável.
Os vendedores, como não podia deixar de ser, são os Estados Unidos ou, melhor dizendo, as todo-poderosas empresas de armamento que apoiam, entre outros, George Bush. Segundo a porta-voz do Departamento de Defesa, Rebecca Goodrich Hinton, o presidente enviará esta semana ao Congresso uma iniciativa para aprovar a venda de bombas guiadas por satélite, aviões caças-bombardeiros e navios de guerra novinhos em folha, tudo isso num período de dez anos. O plano contempla, para além disso, outros “financiamentos” não detalhados. O objectivo é duplo: por um lado, garantir a Israel que manterá sempre uma “vantagem qualitativa” sobre os países árabes (quer dizer, reforçará a sua superioridade militar na zona) e, por outro lado, enviar um sinal inequívoco ao Irão (dissuadi-lo do seu poder militar) e garantir que a ocupação americana do Iraque continue a contar com o apoio dos governos sunitas em questão (o New York Times, por exemplo, publicava na semana passada que metade dos 60 a 80 combatentes que se infiltram mensalmente no Iraque o fazem através da fronteira com a Arábia Saudita). Bush superou todas as reticências israelitas acerca do rearmamento desses países do Golfo, oferendo mais (e melhores) armas que nunca ao Executivo de Telavive.
Mas, logicamente, esses sinais têm, para além disso, outros destinatários. Aviso à navegação, como se costuma dizer. E muito claro. Washington (e as empresas privadas de armamento) continua a lembrar aos palestinianos (e aos árabes em geral) que a sua “tutelagem” sobre a zona será sempre em benefício de Israel e que qualquer possibilidade de acordo passará sempre por manter o Estado israelita muito mais forte que os restantes países da zona.
Já imaginaram o que seria se todo esse dinheiro fosse melhor investido? Que aconteceria, por exemplo, com os oito milhões de iraquianos que necessitam de ajuda humanitária de emergência, de acordo com o enésimo e devastador relatório sobre o Iraque? Nessas questões, a União Europeia continua muito distraída e nem sequer uma mudança de governo em Washington será garantia de coisa nenhuma.

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:: enviado por JAM :: 7/31/2007 11:10:00 da manhã :: início ::
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