sábado, julho 28, 2007
Isto está tudo ligado
Ontem à noite, o Telejornal deu-nos conta de que um magnata da imprensa e da economia portuguesas, membro do “Steering Committee” do Bilderberg, é o presidente da comissão de honra da candidatura de Marques Mendes à liderança do PSD nas eleições directas. Sinal evidente de que a finança e os grandes grupos capitalistas não estão minimamente preocupados com a lânguida oposição de Marques Mendes ao governo de José Sócrates.No mesmo Telejornal, ouvi Luís Filipe Menezes (o candidato contra Marques Mendes) a lembrar que, com o governo do Partido Socialista, compromissos fundamentais não foram cumpridos, os impostos aumentam, obrigam-se os portugueses a pagar as scuts, os direitos sociais são todos os dias agredidos, direitos dos sindicalistas são retirados, o desemprego aumenta de uma forma brutal...
Fiquei baralhado: há aqui qualquer coisa que não bate certo! Temos um PS que inflecte vertiginosamente para a direita e procede a todo o tipo de cedências e traições à sua natureza socialista. E temos um partido tradicionalmente de direita (embora se diga social-democrata) que descobre uma vocação de defensor dos fracos e dos perseguidos, dos desempregados e dos sindicalistas. Terão PS e PSD ensandecido de vez e invertido os respectivos papeis?
Felizmente Batista Bastos veio em socorro da minha confusão, explicar-me que a crise da Direita resulta da crise na Esquerda, que ambas estiveram dispostas alternadamente a perdoar a mediocridade, a curvar-se aos interesses e às clientelas, e a criar uma teia reticular sem saída, tudo isso independentemente das suas características ideológicas e dos seus antagónicos projectos de sociedade. Recordou-me ainda que os ataques à liberdade de expressão não são apanágio português, que as restrições a que assistimos se observam quase por todo o mundo, mas que, felizmente, nem tudo está perdido pois, ao mesmo tempo, se vão revelando grandes movimentos contestatários...
E, aí, Batista Bastos cita Clemenceau: “Dans la guerre comme dans la paix, le dernier mot est à ceux qui ne se rendent jamais”. Isto é, traduzido para português, ânimo, caros amigos, que enquanto há vida... há esperança!
:: enviado por JAM :: 7/28/2007 01:11:00 da manhã :: início ::
1 comentário(s):
-
No meio de tanta tentativa de clarificação sobre quanto se está a passar em Portugal e na Europa, a confusão e a promiscuidade, a troca de posicionamentos e de causas, mais babeliza tudo e tudo preenche de confusão.De joshua, em julho 28, 2007 4:38 da tarde
Cada vez me parece mais que os maus da fita são os que disto se vão alheando, gerando o campo aberto à escola e geradora de excluídos, de mendigos e vagabundos, que é o neoliberalismo planetário triunfante, o estertor último da ética do dinheiro.
Abraço e mais uma vez parabéns pelo excelente blogue e a causa comum que lhe subjaz.