sexta-feira, outubro 26, 2007
E pluribus unum
Os trabalhadores do BCP e do BPI estão surpreendidos porque nunca se fala deles neste carrossel de notícias, comentários e comunicados sobre a eventual fusão dos dois bancos.
A mim surpreende-me a surpresa. Obviamente, nos almoços, encontros e reuniões em que estas coisas são decididas, nunca se falou de trabalhadores. Os empregados (como preferem chamar-lhes) são um recurso como qualquer outro que deve ser rentabilizado ao máximo e custar o menos possível. Quanto muito poderão ter uma palavra de agradecimento (sem consequências) na apresentação de resultados ou uma palavra amigável por ocasião da festa de Natal.
Qualquer noção de responsabilidade social é estrangeira nestas negociações. Como sempre foi.
Para os que não eram nascidos ou para quem tenha a memória mais curta, recordo que o BCP foi criado e cresceu com pessoas a trabalhar 14 e 16 horas por dia sem qualquer compensação monetária, recusando mulheres porque tinham que cuidar dos filhos ou podiam engravidar, contratos a prazo e ligando muito pouco a esses pequenos detalhes que são os contratos colectivos. Isto nunca pareceu incomodar a consciência do Sr. Jardim Gonçalves, católico praticante e piedoso. Não creio que o despedimento de 2 ou 3 mil pessoas o incomode agora.
Vai então nascer o maior banco português para felicidade dos seus administradores e accionistas. Mais uns quantos juntar-se-ão às estatísticas do desemprego, a maioria das pessoas será ainda mais frágil na sua relação com a banca, haverá mais umas “minudências técnicas” do estilo dos arredondamentos de juros, os lucros serão impressionantes e o Sr. Jardim Gonçalves poderá recuperar o dinheiro que gastou com as traquinices do filho.
Só temos motivos para nos alegrarmos.
:: enviado por U18 Team :: 10/26/2007 09:46:00 da tarde :: início ::
1 comentário(s):
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Os trabalhadores nunca têm voz, e esta mudança de certeza que vai levar ao desemprego de muitos.De , em outubro 26, 2007 11:18 da tarde