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sexta-feira, outubro 26, 2007

Imigração escolhida ?

A agressão de um jovem espanhol a uma equatoriana de quinze anos, no metro de Barcelona, está longe de ser o pior ataque sofrido por um emigrante, em Espanha ou na Europa, mas não deixa de ser um dos mais impressionantes só porque dele existem imagens que o tornam mais significativo que muitas estatísticas.
São imagens que demonstram que há graves riscos de uma escalada racial na Europa e que é preciso tomar medidas para impedir que o caldo se entorne. É que, tão escandaloso como essa agressão triplamente covarde — por ser uma menor, mulher e emigrante — foi o facto de o agressor ter permanecido em liberdade a seguir ao acto, apesar dos seus antecedentes criminais. Só três semanas depois do ataque — em 4 de Outubro — o agressor foi preso devido à pressão suscitada pelas imagens difundidas no YouTube.
O vírus xenófobo tem vindo a alastrar subtilmente a níveis oficiais e políticos. São disso exemplos as recentes eleições legislativas na Suiça, cujo partido vencedor considera os estrangeiros como ovelhas negras. Também o governo francês acaba de aprovar uma lei que exige, em certos casos, testes de ADN aos imigrantes, uma medida que é criticada inclusivamente por alguns ministros do mesmo governo. Na Áustria, as deportações de estrangeiros têm provocado explosivos debates. Na Alemanha, a pressão moral sobre os imigrantes turcos, em certos sectores, só é directamente proporcional aos ganhos que os mesmos propiciam à economia nacional. Também a Grã-Bretanha, Bélgica e Grécia figuram entre os países com mais altos níveis de intolerância étnica nos relatórios dos organismos internacionais.
Isso não quer dizer que se possa intitular a Europa como um continente racista. São muitos os exemplos de solidariedade e é grande a maioria de cidadãos que critica as atitudes racistas. Mas são cada vez mais aqueles que acham que a imigração é a causa do aumento da delinquência e os delitos raciais cometidos por grupos neonazis aumentam gradualmente em alguns países.
As bandeiras do nacionalismo e da xenofobia garantem votos substanciais a certos partidos. A resposta dos grupos políticos defensores da tolerância deveria ser muito mais contundente e começar por explicar claramente aos cidadãos que, sem a imigração, a Europa estaria condenada a languescer como potência economia e cultural. O continente afronta um crescente défice demográfico que só pode salvar-se por intermédio dos imigrantes que ocupam postos em toda a escala laboral e que ajudam a suster a segurança social. O que não pode pretender-se é — como anunciou a Comissão Europeia esta semana — estender-se o tapete vermelho aos estrangeiros com cursos superiores e especializações universitárias e tratar como um mal menor os que trabalham laboriosa e honradamente em ofícios humildes.
Essa discriminação é perigosa porque implica um plano para subtrair os cérebros aos países do Terceiro Mundo, que os prepararam com enormes custos e dificuldades. Quem é que não quer doutores? Que país se negaria a conceder residência a um Prémio Nobel?
Imigração escolhida não é uma marca de tolerância, mas sim... de oportunismo.

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:: enviado por JAM :: 10/26/2007 10:28:00 da manhã :: início ::
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