segunda-feira, novembro 05, 2007
E se nós voltássemos a reivindicar Ceuta?
O actual clima de alta tensão entre Espanha e Marrocos só é comparável às ancestrais faíscas com que Gibraltar electriza os espanhóis. Consta que os reis de Espanha não foram ao casamento de Carlos e Diana só porque na lua-de-mel dos noivos estava prevista uma escala no Rochedo, o que originou um enorme brado diplomático. Imaginem pois qual seria a reacção diplomática espanhola se Isabel II ou o Duque de Edimburgo resolvessem agora visitar oficialmente o penhasco britânico em terras castelhanas?Tudo indica que esta visita da família real espanhola aos territórios do Norte de África não passa de uma manobra de diversão para sombrear internamente o pesadelo que foi a visita real à Catalunha ou até a recente sentença do caso 11 de Março. Mas também é bom não esquecer que a monarquia marroquina tem como prioridade interna número um o controlo cerrado dos islamitas e conta para isso com o apoio dos nacionalistas que acabam de encabeçar o governo saído das eleições de Setembro. E os territórios de Ceuta e Melilla fazem parte dessa avidez nacionalista.
Já em 2002, o rei Mohamed VI comparou a uma bofetada a ocupação pelas tropas espanholas do ilhéu desabitado de Perejil, que esteve na base de um conflito diplomático entre Rabat e Madrid e que quase resultou numa guerra entre os dois países. Foi preciso esperar pela chegada ao poder de Zapatero para que as relações de amizade entre Espanha e Marrocos se normalizassem de novo. Daí a petulância desta visita real.
Mas a questão da soberania de Ceuta e Melilla é muito mais importante do que parece e ultrapassa as próprias fronteiras dos respectivos territórios. É que, como dizia em tempos Felipe Gonzalez, «...se começamos a negociar Ceuta y Melilla acabamos a negociar as Ilhas Canárias».
:: enviado por JAM :: 11/05/2007 11:46:00 da manhã :: início ::