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quarta-feira, dezembro 05, 2007

Ingrid

O canal France5 dedicou ontem uma emissão especial ao inconcebível caso da ex-senadora e ex-candidata presidencial, Ingrid Betancourt, que no próximo mês de Fevereiro cumprirá seis anos de cativeiro às mãos das FARC, em plena selva colombiana. Uma emissão que veio a propósito dos recentes envolvimentos no sentido de encontrar uma solução, por parte de figuras tão díspares como Nicolas Sarkozy ou Hugo Chavez e pela divulgação de um vídeo encontrado na posse de três elementos da rede urbana das FARC, em Bogotá, detidos na semana passada.

Aos mesmos guerrilheiros detidos foi ainda apreendida uma carta enviada por Ingrid a sua mãe, escrita num misto de lucidez e de desespero. Uma carta eloquente, profunda e lancinante, apesar de nela se confessar sem vontade de fazer nada, com a alma destroçada, a esperança perdida, despojada das fotos dos filhos, do escapulário do pai, de uma carta da mãe e do dicionário que continua insistentemente a pedir aos raptores. Uma carta dirigida à sua mãe, mas que é um documento para todos os colombianos e mesmo para todos os seres humanos do planeta. Uma carta para pôr a pensar toda esta sociedade em que hoje vivemos.
A pergunta que surge na carta de Ingrid é simples: O que faz esta sociedade para que os reféns possam recuperar a liberdade? “Não somos um tema 'politicamente correcto'. Soa melhor dizer que temos que ser fortes face à guerrilha, mesmo que tenham que ser sacrificadas algumas vidas humanas”, diz Ingrid, desejando que ao menos o tempo possa “abrir as consciências e elevar os espíritos”.
A carta menciona e agradece a muita gente, mas não tem uma única palavra sobre o presidente Álvaro Uribe. Fala da generosidade da França e da grandeza de Lincoln quando libertou os escravos. Fala da “falta de grandeza” e dos “corações endurecidos” da Colômbia e condena as FARC pelo uso do sequestro como arma de guerra.
Sarkozy continua à procura da “fórmula eficaz e discreta” para soltar os prisioneiros. Chávez insistiu que, por seu lado, continuará a fazer tudo o que puder. Até Bush, o único realmente capaz de convencer Uribe, o chamou à pedra para o convencer a aceitar o acordo humanitário. Contra a inépcia de todos eles, talvez só a profundidade da carta de Ingrid Betancourt e sobretudo a sua lúcida pergunta: “Quantos anos mais terão que passar, ela e os seus companheiros, a esperar pela grandeza desta sociedade e dos seus líderes?"


:: enviado por JAM :: 12/05/2007 10:31:00 da tarde :: início ::
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