segunda-feira, janeiro 17, 2005
Alexandre o Grande
Tinha visto, num jornal qualquer, que a TVI anunciava um filme para ontem à noite. Durante o dia vi passar uma dessas barras irritantes que anunciava “Alexandre, o Grande” para as 10 da noite. Meio distraído, meio ingénuo, associei as duas coisas e vá de sentar-me à frente da TVI por volta das dez (devia saber que o filme ainda está nas salas e, portanto, não podia passar na TV! O que é que querem!? - todos nós temos direito as estes momentos de genuína estupidez).
Afinal o “Alexandre, o Grande” era um programa de uma das vedetas do inqualificável espectáculo realidade (é assim que se traduz?) Quinta das Celebridades. Uma espécie de bónus para os viciados na coisa.
É aqui que se nos colocam duas opções: ou se carrega imediatamente num botão qualquer do telecomando e o pesadelo acaba, ou então ficamos a assistir, meio paralisados, meio embasbacados.
Só consegui reagir ao fim de meia hora. Pelo meio, vi um matulão explicar como a sua estratégia(!?) ia ganhando o concurso - no meio dos “tá legal” e “na boa” utilizados a torto e a direito - e como é bom estar em Portugal, etc, etc. (este Alexandre está ainda mais deslumbrado que o Pedro Alvares Cabral, quando a viagem foi ao contrário. As riquezas que aqui encontrou são ainda maiores ...).
A existência destes programas não me causa nenhum incomodo especial (se bem que, às vezes, a tentação da censura seja enorme ...). Na verdade, nem sequer me senti enganado. O homem é mesmo grande e chama-se Alexandre ...
O que me causou mais incómodo foram as perguntas de um painel de convidados e os telefonemas do público. Gente que aparenta ser séria e medianamente inteligente perguntava imbecilidades ou trivialidades. O público telefonava a apoiar o concorrente, a dar os “parabéns à TVI” e a dizer como “adoraram o programa”. Até uma socióloga(!?) achou por bem emitir a sua opinião sobre a vida sentimental da “vedeta” e o modo, positivo, como apreciou o programa.
Eu sei que está na moda desancar nos “intelectuais” que não gostam deste tipo de programas e que “o povo também precisa de programas de entretenimento”, etc. E alguma razão haverá nessas criticas mas, caramba!, há limites para tudo!
Ás vezes pergunto-me se este país vale a pena. E se, afinal, não teremos o primeiro-ministro que merecemos ...
Começo a acreditar que “isto não é um País, é um lugar mal frequentado.”
Afinal o “Alexandre, o Grande” era um programa de uma das vedetas do inqualificável espectáculo realidade (é assim que se traduz?) Quinta das Celebridades. Uma espécie de bónus para os viciados na coisa.
É aqui que se nos colocam duas opções: ou se carrega imediatamente num botão qualquer do telecomando e o pesadelo acaba, ou então ficamos a assistir, meio paralisados, meio embasbacados.
Só consegui reagir ao fim de meia hora. Pelo meio, vi um matulão explicar como a sua estratégia(!?) ia ganhando o concurso - no meio dos “tá legal” e “na boa” utilizados a torto e a direito - e como é bom estar em Portugal, etc, etc. (este Alexandre está ainda mais deslumbrado que o Pedro Alvares Cabral, quando a viagem foi ao contrário. As riquezas que aqui encontrou são ainda maiores ...).
A existência destes programas não me causa nenhum incomodo especial (se bem que, às vezes, a tentação da censura seja enorme ...). Na verdade, nem sequer me senti enganado. O homem é mesmo grande e chama-se Alexandre ...
O que me causou mais incómodo foram as perguntas de um painel de convidados e os telefonemas do público. Gente que aparenta ser séria e medianamente inteligente perguntava imbecilidades ou trivialidades. O público telefonava a apoiar o concorrente, a dar os “parabéns à TVI” e a dizer como “adoraram o programa”. Até uma socióloga(!?) achou por bem emitir a sua opinião sobre a vida sentimental da “vedeta” e o modo, positivo, como apreciou o programa.
Eu sei que está na moda desancar nos “intelectuais” que não gostam deste tipo de programas e que “o povo também precisa de programas de entretenimento”, etc. E alguma razão haverá nessas criticas mas, caramba!, há limites para tudo!
Ás vezes pergunto-me se este país vale a pena. E se, afinal, não teremos o primeiro-ministro que merecemos ...
Começo a acreditar que “isto não é um País, é um lugar mal frequentado.”
:: enviado por U18 Team :: 1/17/2005 04:07:00 da tarde :: início ::
1 comentário(s):
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Nos tempos que correm é arriscar muito tecer comentários sobre programas do nível do que acaba de referir. Mas ainda bem que o faz porque, se deixamos passar em claro toda esta pobreza cultural, qualquer dia é assumido que é disso mesmo que alimentamos o nosso espírito e uma qualquer sondagem de opinião concluirá que 95% dos portugueses adoram isto e os restantes 5% têm vergonha de o admitir.De pindérico, em janeiro 17, 2005 5:50 da tarde
Permita,já agora, que me congratule com o facto da televisão pública ter fugido a tempo desse mercado!