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quarta-feira, outubro 11, 2006

O novo Papa

Não simpatizo com o actual Papa (e não é que simpatizasse com o anterior). O seu passado recente na hierarquia da Igreja, antes de ser escolhido para Papa, não augura nada de bom.
Recentemente um seu discurso, supostamente na qualidade de professor ou de teólogo, vá-se lá saber, irritou os devotos e os guardiães do Islão. Não é preciso muito para irritar esta gente, não o homem comum, mas sim os seus líderes religiosos e os tipos que gostam de dasacatos ou são pagos para os fazer, mas, desta vez, se calhar até tinham alguma razão. Bem analisado (e confesso que um artigo do Boaventura Sousa Santos, na Visão, me ajudou muito nesta análise), esse discurso do Papa e o seu contexto revelam as intenções deste novo papado. Para o novo Papa,
― o Islão é uma religião inferior, porque, segundo ele a violência islâmica é uma característica inerente a essa religião, enquanto a violência associada ao Cristianismo (lembram-se? As cruzadas, a Inquisição, a perseguição dos judeus, etc, etc, etc...) é, segundo o pensamento do Papa, uma violência episódica, uma queda temporária no irracional;
― e, assim sendo, é preciso enfrentar o Islão com firmeza/dureza (e quem melhor para o fazer do que a actual Administração americana, sempre com Deus a seu lado e em guerra permanente contra o Mal?...);
― e, consequentemente, atirar para o caixote do lixo da História o ecumenismo;
― e também o secularismo, porque Bento XVI considera também irracional que a religião tenha sido relegada para o espaço privado, devendo, na sua opinião, regressar quanto antes ao espaço público, estando, neste ponto concreto, em comunhão de ideias com os fanáticos do Islão (eu ia escrever: com os chalados do outro bando; mas a verdade é que chalados são os pobres-diabos que vêm para a rua em chusma descarregar as suas frustrações, ou ganhar algum, e, enfim, também divertir-se, já que o Islão radical não permite muitas outras diversões; os que os lideram são tudo menos chalados: são quem se aproveita deles, quem os domina e, quase sempre, enriquece à custa da crendice e da miséria deles).

:: enviado por Manolo :: 10/11/2006 09:52:00 da tarde :: início ::
1 comentário(s):
  • Como é fácil de perceber, estas "guerrilhas" religiosas têm como fim único a conquista de um nicho (por sinal enorme!!!)do mercado do medo. O tempo das bulas passou ... mas não o espírito.
    Já alguém se deu ao trabalho de pensar o que seria de rentável uma Fátima ou uma Lourdes no Médio Oriente?

    De Anonymous Anónimo, em outubro 12, 2006 12:50 da tarde  
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