quinta-feira, outubro 12, 2006
Porque é que os mercados não tremeram?
No mesmo dia em que o ensaio nuclear norte-coreano fervilhava nas primeiras páginas do mundo inteiro, Philip Bowring destacava no International Herald Tribune um dado que passou despercebido: Numa altura em que toda e qualquer ameaça nuclear desta natureza é considerada gravíssima para o mundo civilizado, esta crise não afectou minimamente os mercados internacionais. Bowring sublinhava que a bolsa de Seul, a capital mais directamente afectada, caiu menos de 2%.A explicação de Bowring é que a gravidade real do conflito foi sobredimensionada ― os especialistas ainda nem sequer conseguiram confirmar se se tratou efectivamente de um ensaio nuclear ― e isso só aconteceu porque ele pôs em questão, ridiculizou mesmo, todas as políticas mundiais em relação à Coreia do Norte. “A Coreia do Sul está zangada porque a sua política de oferecer cenouras ao vizinho parece ter fracassado e dá a impressão que agora a única alternativa é cortar todo o tipo de ajuda, o que provocaria ainda mais miséria na Coreia do Norte. [...] Os Estados Unidos estão zangados porque a bomba demonstra claramente a loucura que foi terem-se negado a negociar directamente com a Coreia do Norte. [...] O Japão está zangado, em parte porque a Coreia do Norte é um ‘inimigo’ fácil, contra o qual se pode unir a outros países, mas também porque um dos argumentos que o primeiro ministro Shinzo Abe pretendia usar para melhorar as relações entre a China e o Japão era o incremento da pressão sobre Piongiang para que abandonasse o seu projecto nuclear. E a China está zangada porque [...] a Coreia do Norte a ignorou descaradamente”
“Os mercados dizem-nos que Kim Jong-il saiu vencedor”, conclui o articulista.
:: enviado por JAM :: 10/12/2006 04:11:00 da tarde :: início ::