quinta-feira, agosto 31, 2006
Brandos costumes nas estradas portuguesas
Em Portugal existe uma lei que, visando a segurança de todos os utentes das estradas nacionais, obriga os proprietários dos veículos a levarem-nos a inspecções periódicas.Recentemente, a DECO resolveu fazer um teste aos centros de inspecção, tendo escolhido, para tal, 30 dos 169 existentes. Resultado: 27 tiveram classificação de “mau” e 3 de “medíocre”, porque nenhum deles identificou todas as falhas propositadamente criadas nos carros para o efeito e alguns deixaram passar falhas graves.
Reacções: a DGV considerou o estudo “pouco representativo”; por seu lado, a Associação de Técnicos de Inspecção Automóvel classificou o estudo de “alarmista” e explicou os resultados pela “falta de condições”, pela pouca valorização laboral dada aos técnicos.
Típico: as autoridades não fiscalizam convenientemente, como era sua obrigação, isto quando fiscalizam alguma coisa... As empresas têm em mira o máximo lucro custe o que custar, e só lateralmente se preocupam com os clientes e só muito remotamente com os empregados (a quem agora os nossos pós-modernos chamam “colaboradores”). Estes, por sua vez, escudam-se com a consabida “falta de condições” e a falta de valorização profissional, como se todos os outros assalariados portugueses trabalhassem em condições ideais e não se achassem mal pagos (aliás, em Portugal, ninguém se considera bem pago e quanto mais ganha o indígena, mais mal pago se considera).
A juntar a isto tudo, que já não é pouco, li agora nos jornais que tanto o famoso "balão" que serve para medir o grau de alcoolemia como os radares que medem a velocidade dos carros na estrada (ambos os aparelhos supostamente homologados) têm uma margem de erro. E, em função disso, o grau de alcoolemia passou de 0,5% para 0,57% (contra-ordenação) e de 1,20% para 1,30% (crime) e os limites de velocidade aumentaram na proporção da margem de erro dos radares.
Segurança nas estradas? Que segurança?