sábado, setembro 30, 2006
O alargamento terá sido um erro?
As portas da União Europeia abriram-se para a Roménia e a Bulgária, mas fecharam-se para todos os demais candidatos à adesão. Política e psicologicamente, a liga está completa. Aparentemente já o estava há muito tempo, excepto para algumas comissões e governos que, após o colapso do comunismo, decidiram que a UE deveria, não só tirar os antigos membros do Pacto de Varsóvia da miséria comunista, mas também marcar o destino e a missão da União através do seu alargamento. Isso converteu-se numa ortodoxia bem intencionada, mas impossível de pôr em prática. [...] A Europa tinha consolidado o seu optimismo e a sua confiança antes dos ataques do 11 de Setembro e a subsequente histeria da guerra contra o terror. E também, antes dos europeus terem descoberto as dimensões das suas próprias crises.[...] Agora, a pergunta que se faz, tanto na velha Europa, como nos novos membros, é se o alargamento não terá sido um erro. [...] Muitos, nos novos países membros, temem que os velhos europeus estejam preocupados com o êxito do populismo na Polónia, na Eslováquia e na Hungria, e com o cinismo e o oportunismo de alguns dos novos líderes da região. A resposta é sim.
[William Pfaff, International Herald Tribune]
O dilema é que ninguém vai ter a coragem necessária, nem para fechar as portas aos futuros membros ― sobretudo àqueles que cumprem os critérios de Copenhaga ― nem para pôr em execução iniciativas audaciosas para renovar as instituições. O alargamento é hoje encarado como uma fatalidade, porque os dirigentes europeus são impotentes para resolver esse dilema.