BRITEIROS: dezembro 2006 <$BlogRSDUrl$>








domingo, dezembro 31, 2006

Sem palavras


:: enviado por RC :: 12/31/2006 03:03:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

O êxito da Toyota e o humanismo pragmático

Prevê-se que, no ano de 2007, a Toyota ultrapasse a General Motors como primeiro fabricante de automóveis do mundo. A ironia desta previsão é que o principal responsável pelo fortalecimento da qualidade, responsável pelo êxito da Toyota, foi o americano W. Edwards Deming (1900-1993), cujas ideias foram ignoradas nos Estados Unidos antes de ele ter triunfado no Japão. A União dos Cientistas e Engenheiros Japoneses atribui todos os anos o prémio Deming, uma espécie de Óscar japonês para a melhor concretização no campo da indústria.
Num livro sobre o sector automóvel no Japão — um bestseller, vencedor do prémio Pulitzer, intitulado “The Reckoning” — David Halberstam escreveu, em referência a essa fascinação, que uma das coisas que os japoneses mais apreciavam em Deming era a sua grande humildade. [...] A paixão de Deming era poder criar um sistema cujo principal objectivo fosse fabricar melhores produtos, não ganhar dinheiro.
Embora os seus métodos se baseassem em análises estatísticas absolutamente rigorosas, as ideias de Deming eram profundamente humanas. Frases suas como “a inovação surge de pessoas que têm prazer com o seu trabalho”, ou “é preciso fazer desaparecer as barreiras que se interpõem entre os trabalhadores e o orgulho que sentem pelo seu trabalho”, ou “os trabalhadores não são problema, o problema são os chefes”, parecem mais da autoria de alguém como o Dalai Lama do que de um estatístico.
No Verão passado, Robert Samuelson escrevia no Washington Post, a propósito dos salários dos administradores americanos, que em 1995, a média da remuneração dos executivos era 94 vezes superior à média da remuneração dos trabalhadores; em 2005, era 179 vezes superior. Como disse um dia Deming, todos temos que perceber o prejuízo para uma organização de uma equipa que procura constituir-se em centro de benefícios egoísta e independente.
Deming era originário da América profunda mas, curiosamente, a cultura empresarial americana, que hoje é ensinada por todo o mundo nas Business Schools — e que tem vindo a empestar as nossas empresas e administrações — nada tem a ver com o humanismo pragmático de William Edwards Deming que tão bom resultado deu na Toyota.
São sinais de esperança para 2007... Feliz Ano Novo!

:: enviado por JAM :: 12/31/2006 10:15:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

NÃO TENHO DÚVIDAS ... E RARAMENTE ME ENGANO!!!

Se houvesse dúvidas ... Eis !!!
Como está barato ... o prato de lentilhas!!!

:: enviado por ja :: 12/31/2006 08:23:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

sábado, dezembro 30, 2006

Fantochada contra a Humanidade

Está feito: o criminoso Saddam foi assassinado. Chegou ao fim a fantochada do último ano e meio. Uma fantochada que não respeitou nenhuma das normas do Direito Penal Internacional, designadamente as previstas pelo Tribunal dos Direitos Humanos de Estrasburgo. Os juízes foram mudando em função dos interesses do governo e dos seus mentores, não se puderam apresentar as testemunhas que a defesa pretendia fazer ouvir e três dos advogados de defesa foram assassinados por falta de protecção.
A “justiça dos vencedores” enforcou Saddam Hussein por um dos seus crimes menores — o massacre de 148 civis xiitas, em 1982, em Dujail — classificando-o de crime contra a Humanidade. Foi, na verdade, um crime detestável, mas chamar-lhe crime contra a Humanidade é pura achincalhação do conceito. Não é preciso ser-se jurista para se perceber que, em Dujail, o objectivo não foi exterminar por razões de raça, de religião, nem de ideais políticos.
Imagina-se também que havia muita gente interessada em que não houvesse julgamento para os outros crimes maiores de Saddam — esses sim mais claramente contra a Humanidade — nos quais centenas de milhares de curdos e de árabes xiitas foram alvos de campanhas de gaseamento e de repressão sangrenta, ordenadas pelo ditador iraquiano, com a conivência e a ajuda de ilustres políticos ocidentais. Com a execução de hoje, os familiares dessas centenas de milhares de vítimas perderam para sempre a possibilidade de verem ser feita justiça.
Saddam Hussein merecia ter sido julgado como qualquer ser humano merece ser julgado. Diziam os romanos que é a aplicação do Direito que diferencia os homens dos animais.
Parece mentira que a civilização que defendemos corra tão precipitadamente para o passado.

:: enviado por JAM :: 12/30/2006 01:19:00 da tarde :: 3 comentário(s) início ::

Vergonha


"O ex-ditador iraquiano, Saddam Hussein, foi hoje enforcado em Bagdad, às 06h00 locais (03h00 em Lisboa). O Presidente norte-americano, George W. Bush, já fez saber que a execução do ex-Presidente iraquiano é um "marco importante" para a democracia no país". ler.
....................................
Que outra palavra, que não VERGONHA, é possível encontrar para este "marco importante" para a democracia no Iraque?

:: enviado por ja :: 12/30/2006 09:33:00 da manhã :: 1 comentário(s) início ::

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Tão pouco?

As notícias reservam hoje grandes parangonas para o quanto os portugueses gastam no mês do Natal. Todas as hipérboles servem para o faz-de-conta colectivo. Afinal não estamos tão mal como isso. Só que...

"Ao todo, no mês de Dezembro, até ao dia de Natal, os portugueses gastaram 2,1 mil milhões de euros através dos cartões multibanco."

Vamos imaginar que só fazem gastos e levantamentos com multibanco os 5,523 milhões de portugueses activos.

2100000000,00 €: 5523000 = 380,00€

Tão pouco? Isto está mesmo mal...

:: enviado por RC :: 12/27/2006 12:56:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

terça-feira, dezembro 26, 2006

ABRIL VAI MORRENDO!!!

Os utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) vão pagar entre um e cinco por cento a mais pelos medicamentos comparticipados pelo Estado a partir da próxima segunda-feira, o primeiro dia de 2007. Ler aqui.
.........................
Depois das patranhas do "socialismo em liberdade", do "socialismo de rosto humano"etc e tal, eis agora a verdadeira face do socialismo-capitalista!!!
Pétala a pétala, o cravo do nosso ABRIL vai morrendo de "morte matada"!!!
Até quando?!!

:: enviado por ja :: 12/26/2006 04:48:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

segunda-feira, dezembro 25, 2006

I feel good



Morreu o James Brown.

Vão morrendo os amigos. Este Natal fiquei a saber que morreu a minha amiga Maria Aurélia Carneiro, professora e autora de raro talento, era uma mulher de fino trato e inteligência suave e perspicaz. Vou ter saudades. Lembro-me de uma reunião, há já muitos anos, quando a ideia de avaliação por guião e grelhas com cruzinhas era a última moda na Inspecção Geral, da Maria Aurélia a contrapor que era de tal complexidade a acção dum professor que não se compadecia com grelhas de tem não tem, é não é. O inspector, um grande amigo, lá ia defendendo essas modas novas daquela gente que achava que até um inspector de automóveis ou de finanças poderia inspeccionar um professor. A Maria Aurélia terminou: " Pois é, como não temos grelhas à medida das pessoas havemos de ter pessoas à medida das grelhas"

Tive também conhecimento da morte do meu grande professor de Inglês e de Português, o Dr. Abel. Era assim mesmo, sem apelido, que Dr. Abel havia só aquele, o nosso... Durante toda uma carreira foi uma luz brilhante de simpatia e de extremo rigor, qualidades que compatibilizava com um trato muito afável e voz sempre baixa. "Não fizeste os trabalhos de casa? Não estás em condições de assistir à minha aula." E lá saía com falta impossível de justificar o desleixado que aprendia logo a lição. Até porque poucas faltas nos chumbavam e visitar a directora do Externato de S.Paulo, em Alpiarça, Senhora Dona Maria Helena (era no tempo em que uma Senhora Dona valia mais que uma Senhora Doutora), era coisa temida por todos...

"Adam and Eve had two sons. Cain and Abel. Abel had two sons, Cain had none. Why?
.
.
.
Because Cain wasn't Abel"

Era a sua anedota, assim nos mostrava que estudar inglês não era só saber todos os verbos e toda a gramática e todas as expressões idiomáticas e decorar que "The tower of London stands on the North bank of the river Thames...."

Tarde demais, aqui lhes agradeço o privilégio que foi terem gostado de mim e sido meus amigos.

:: enviado por RC :: 12/25/2006 12:21:00 da tarde :: início ::

domingo, dezembro 24, 2006

asinus asinum fricat

«Quero dizer-lhe senhor Presidente, em nome do Governo, que gostamos de trabalhar consigo (...) quero que saiba o quanto apreciamos o comportamento absolutamente impecável da Presidência da República na cooperação institucional com o Governo», disse o chefe de Governo, ao apresentar no Palácio de Belém os cumprimentos de Boa Festas a Cavaco Silva.

Acompanhado por todos os membros do Governo, sem excepção, José Sócrates s alientou: «Acho que é da mais elementar justiça expressar publicamente em nome do Governo o nosso reconhecimento pelo empenhamento pessoal do Presidente da República em conduzir uma cooperação institucional à altura daquilo que são as necessidades do País, do nosso Estado democrático e das expectativas dos portugueses».

«Não tenho dúvidas de que a acção do governo é decisiva para a construção de um país mais desenvolvido e mais justo que todos ambicionamos. Temos a sensação que 2007 será um ano muito importante para o futuro do nosso país»

E raras vezes se engana....

:: enviado por RC :: 12/24/2006 02:40:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Como é que chegámos até aqui?

Um deputado do PS Madeira foi condenado a pagar uma indemnização a Alberto João Jardim, por difamação. Entretanto, no mesmo dia, João Jardim dizia isto e, um pouco mais tarde, declarava que o PS se tornou numa máfia politica.
O primeiro arrisca-se a passar algumas semanas na prisão se quiser ser coerente. O outro continua a ser Presidente do Governo Regional da Madeira.
O primeiro ainda não era deputado quando proferiu as declarações por que foi condenando. O outro é inimputável por via dos cargos que ocupa.
Abanamos a cabeça em sinal de incredulidade.
Como é que chegámos até aqui?

:: enviado por U18 Team :: 12/22/2006 09:19:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Os esbirros do coronel

Depois da indemnização das vítimas do atentado de Lockerbie, da cooperação com os serviços secretos ocidentais e da renúncia da arma nuclear, o coronel Kadhafi acha que já fez suficientes gestos de boa vontade para com os países ocidentais.
Não é pois de estranhar que as cinco enfermeiras búlgaras e o médico palestiniano tenham sido mais uma vez condenados à morte, apesar de se saber sobejamente que as confissões que fizeram foram extorquidas sob tortura, que não restam dúvidas de que não são eles os responsáveis pela epidemia de sida que atingiu as mais de 400 crianças de Benghazi e que a mais que provável causa do problema foram as deficientes práticas higiénicas dos hospitais locais.
Os seis têm agora sessenta dias para apelar para o Supremo. Entretanto, a questão que se põe é a seguinte: estará o coronel Kadhafi disposto a fazer mais um gesto de boa vontade? Talvez. Mas, para isso, vão ser precisas duas coisas: primeiro, que a diplomacia europeia tome o lugar da sociedade civil; segundo, que surja algum elemento novo no processo, que permita ao coronel não perder a face.
Por isso aponta-se como uma possível solução para anular as seis condenações à morte, que a Europa se disponha a abrir os cordões à bolsa e a indemnizar as famílias das crianças contaminadas, reconhecendo ao mesmo tempo que foi o embargo ocidental contra a Líbia o responsável por essa contaminação.
Ou seja, se a Bulgária, ou a própria União Europeia, aceitar pagar 10 milhões de euros a cada família das crianças mortas ou portadoras da sida, as búlgaras e o palestiniano não serão fuzilados. Por coincidência, a soma total desse pagamento corresponde ao montante das indemnizações pagas pela Líbia às famílias das vítimas de Lockerbie.

:: enviado por JAM :: 12/21/2006 12:04:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Aldrabice!!!

A revista TIME escolheu os internautas para personalidade do ano. Parece uma recaída democrática, do género de quem quer dizer que o século XXI vai ser o século do povo.
Engano caros amigos. Eles não querem nada connosco.
O logro é fácil de explicar. Na votação para personalidade do ano, o 1º lugar estava atribuído a Hugo Chavez!!! Ora estão a ver Hugo Chavez na capa da Time como personalidade de 2006...
Para quem duvidar, é só clicar no link em baixo e proceder à votação e...conferir os resultados!
http://www.time.com/time/personoftheyear/2006/walkup/
.........................
Transcrito de http://canhotices.blogspot.com/
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Linda aldrabice!!!

:: enviado por ja :: 12/20/2006 03:33:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

Cambedo da Raia


Dezembro de 1946, aldeia de Cambedo da Raia, Chaves. A povoação é cercada e bombardeada e um terço dos habitantes é preso por acolher supostos salteadores. Na verdade, tratam-se de maquis, guerrilheiros espanhóis que se dedicam à luta armada contra o franquismo. Acossados pela Guardia Civil, recolhem-se nesta aldeia raiana que sempre manteve uma longa tradição de relações afectivas e solidárias com o outro lado da fronteira.
A escória salazarenta encarregar-se-à de os entregar à sua congénere espanhola onde enfrentarão os pelotões de fuzilamento. A gente boa de Cambedo conhecerá os carceres da Pide e o campo de concentração do Tarrafal.
............................
Quando neste País se quer transformar a Solidariedade numa palavra vã e se fomenta o esquecimento, há que resistir e lembrar esse bravo povo de Trás-os-Montes. Quanto mais não seja porque ... a Solidariedade é um bem revolucionário, e ELES souberam sê-lo!!!
ler mais.

:: enviado por ja :: 12/20/2006 09:01:00 da manhã :: 2 comentário(s) início ::

Afinal, quem é a personalidade do ano da TIME?

A revista TIME decidiu escolher para personalidade do ano 2006, não um indivíduo famoso, mas uma colectividade de indivíduos anónimos: os internautas da rede global, a que a TIME chamou apenas... tu.
Mas, muito embora o alcance da revolução cultural que constituiu a invenção da Internet seja enorme e possa ser comparável aquele que obtiveram a imprensa, o cinema ou a televisão, ainda é muito cedo para se conseguir entrever toda a complexidade da teia formada por todos esses indivíduos agora agraciados. O acesso à Internet ainda não está ao alcance de todos. A maioria das pessoas está impedida de aceder à rede, seja por razões de pobreza, de analfabetismo ou da falta de liberdades políticas. Os Estados Unidos, o Canadá, a Europa Ocidental, o Japão e a Austrália concentram a grande maioria dos internautas. Em alguns países, como a China, a pertinaz censura governamental, com a dócil colaboração de certas empresas mundiais, transformou a utopia comunicativa da Internet numa triste caricatura de si mesma. Para além disso, nas sociedades democráticas e desenvolvidas, os cidadãos ligados à rede constituem uma nova forma de elite. Poder-se-á, por isso, falar em ciberdemocracia, como se fala em e-business, e-banking, e-learning, ou em cibersexo?
O livro Electronic Voting and Democracy, publicado em 2004, chama a atenção para a necessidade de se repensarem os aspectos centrais da democracia liberal antes de se ensaiarem sistemas de votação electrónica à distância em grande escala. Colocam-se, por exemplo, as questões da fiabilidade, da segurança e da confidencialidade do voto ou das maneiras de alargar essas tecnologias a todas as camadas da população, de modo a evitar que a fractura tecnológica se traduza numa nova forma de discriminação.
Enquanto esperamos por todos esses necessários desenvolvimentos, uma coisa é certa: são já evidentes as alterações provocadas na política tradicional pela rapidez e a facilidade com que circulam as informações multiplicadas na rede. Uma das maiores mudanças tem a ver com a nossa identidade, recreada em cada instante na rede.
Quem é na realidade esse tu que a TIME elege como personalidade do ano?

:: enviado por JAM :: 12/20/2006 01:01:00 da manhã :: 2 comentário(s) início ::

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Contra a TLEBS marchar, marchar...

Leave well alone! Did they?

Leia, assine e divulgue se lhe apetecer...

http://www.ipetitions.com/petition/contratlebs/

:: enviado por RC :: 12/18/2006 11:36:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Curiosidades


Todos os dias recebo os Sumários DR 1ª Série gentilmente enviados por dre.pt e, espante-se, o ministério mais produtivo em portarias é o Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Tão prolífero em publicações é este Ministério que seríamos levados a pensar que se trata de suster a decadência da nossa agricultura face ao desaparecimento de 90 mil explorações agrícolas em Portugal, entre 1999 e 2005. Mas não, tantas portarias preocupam-se tão só com a concessão de zonas de caça associativa.
Em caso de convulsão internacional podemos não ter que comer, mas pelo menos quem tiver uma caçadeira...

:: enviado por RC :: 12/18/2006 08:08:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Ler os outros...

in http://avido2textos.blogspot.com/2006/12/esquerda-moderna-e-os-tempos-modernos.html


A esquerda moderna e os tempos modernos


Santana Castilho

Antes das eleições que lhe deram a maioria absoluta, Sócrates foi questionado sobre a eventual subida do IVA. Respondeu que não perdia tempo com boatos e lembrou que quem havia subido o IVA havia sido o PSD. Mal chegou ao Governo, subiu o IVA.

A bandeira das SCUT foi demasiado agitada por Sócrates para passar de fininho. Em campanha disse branco, no Governo fez preto.

A prioridade de Sócrates, em campanha, eram os idosos. A medida de Sócrates, primeiro-ministro, foi pôr 400.000 mil reformados a pagar mais IRS.

Sócrates na oposição gritou aos quatro ventos que o investimento na saúde era prioritário para o PS. Sócrates, no Governo, disciplinou a hipocondria dos súbditos com a moderação das taxas e rapou do orçamento 0,4 por cento. Ouve o que eu digo, não ligues ao que eu faço!

Sócrates, antes de ser eleito, censurou com denodo o PSD. O PSD tinha feito crescer o desemprego de 4,2 para 6,8 por cento. Sócrates mandou escrever no programa com que se candidatou que o objectivo era recuperar os 150.000 empregos que o PSD tinha perdido. Hoje temos oito por cento de desempregados e as projecções dizem que o número continuará a subir.

Sócrates, tribuno, castigou-nos os ouvidos com a ladainha da prioridade das prioridades para a qualificação dos portugueses. Sócrates, único, tesourou a educação básica e secundária com uma redução orçamental de 4,2 por cento e a superior, certamente por ser superior, com 8,2.
Sócrates, comentador televisivo, teve e usou liberdade de criação.

Sócrates, legislador, propõe que os jornalistas não se possam opor a que nas suas obras sejam introduzidas modificações por parte dos respectivos superiores hierárquicos e que os patrões as possam usar fora dos contextos para que foram produzidas.

Sócrates, no oásis das promessas de campanha, fixou como meta outorgar à cultura um por cento do Orçamento do Estado. Sócrates, no deserto economicista do Governo, cortou 7 por cento do respectivo orçamento e transformou o um por cento da meta nos miseráveis e vergonhosos 0,1 por cento do PIB.

Não sei se Sócrates, na oposição, teve tempo para assistir a um simples concerto de pífaro. Mas sei que Sócrates, no Governo, assassinou a Festa da Música.

Quem é afinal este Sócrates? É, pelo menos, um homem de sorte: foi eleito primeiro-ministro, com maioria absoluta, porque estava no sitio certo quando uns fugiram e outros caíram; conseguiu sem esforço o sonho de Sá Carneiro, numa versão moderna da alegoria de "Dupond et Dupont"; é pai da "esquerda moderna" portuguesa; e acaba de ver o país que governa guindado à invejável 19.ª posição das democracias plenas, extraídas do escrutínio de 167 países.

Sinais dos tempos modernos, a que definitivamente não quero pertencer, e da democracia ocidental em que não me revejo.

Em nome da sacrossanta economia de mercado, essa tal "esquerda moderna" vai transformando-nos numa sociedade de mercado. Mixórdias de pensamento e processos, desde que encomendadas em outsourcing ou vindas de fora, impõem-se irremediavelmente e são pagas a ouro, que para tal não há crise. A onda chegou ao ensino superior.

Dois relatórios de dois estudos encomendados a duas instituições (ENQA e OCDE) poderiam bem ser dispensados. Tudo o que dizem, com utilidade, já se conhecia. Muito do que propõem é disparate e resulta da ignorância que têm sobre um país que avaliam com sobranceria. A ENQA conduziu o processo de forma lamentável e adoptou práticas fortemente incorrectas. A OCDE já cansa.

Se muito tem de aceitável, muito tem de questionável. Não esconde que está ao serviço da globalização económica e que as suas recomendações (que são sempre as mesmas) subordinam-se ao que considera serem as exigências da economia de mercado.

Recordam-se da chamada directiva Bolkenstein, por enquanto abandonada, segundo a qual os trabalhadores do espaço europeu seriam pagos nos países da prestação do trabalho segundo os valores praticados no país de origem (um canalizador suíço e um canalizador polaco, ambos a trabalhar na Suíça e a fazer exactamente a mesma coisa, poderiam ganhar 20 o primeiro e 2 o segundo)? A OCDE aplaudia! Têm presente o CPE de Villepin (tratamento completamente desregulado dos jovens à procura do primeiro emprego) retirado por força da indignação que suscitou? A OCDE defendia-o com paixão!

Vejo com lástima Mariano Gago associado a este novo-riquismo e complacente com humilhações públicas gratuitas e dispensáveis.
Professor do ensino superior

:: enviado por RC :: 12/18/2006 07:49:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Um país, um atoleiro (6)


Assim vai a vida alegre e contente neste país indecente



A eterna pergunta fica no ar: que vai acontecer aos responsáveis por situações como esta? Ressarciarão o Estado (= todos nós) pelos danos causados? Não se configurarão aqui, para além da "gestão danosa", uma quantidade enorme de outros crimes?

No entanto é de crer que todos os senhores autores de actos como este ou semelhantes serão sérios candidatos e receber uma medalha no 10 de Junho ou uma comenda no 25 de Abril.

Só neste país à beira-mar plantado isto pode acontecer....


Tribunal de Contas aponta "gestão danosa" em contrato do Hospital de S. João com a Bragaparques

:: enviado por touaki :: 12/18/2006 10:03:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

domingo, dezembro 17, 2006

Cantiguinha de Natal

"(...) Depois há danças de roda.
As crianças dão as mãos.
No Natal todos se sentem irmãos (...)."

:: enviado por Manolo :: 12/17/2006 06:48:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Um país, um atoleiro (5)


Assim vai a vida alegre e contente neste país indecente...


Como não podia deixar de ser mais umas "ricas prebendas" para os nossos homens de topo. Coitadinhos deles, tão mal que estão na vida...!!! A sua situação até faz chorar as pedras da calçada!!!....
Agora foi a vez de Jorge Vasconcelos, ex-presidente da Entidade Reguladora do Serviços Energéticos (ERSE). Demitiu-se e por força do estatuto vai ficar a receber 12 mil euros por mês até encontrar um novo emprego - isto até um máximo de 2 anos. (Estes 12 mil euros correspondem a 2/3 do vencimento mensal ao qual acresciam ajudas de custo)
Como subsídio de desemprego até nem está mal...
O resto da novidade está aqui no Correio da Manhã:

Jorge Vasconcelos
Salário milionário durante dois anos

:: enviado por touaki :: 12/17/2006 03:34:00 da tarde :: 5 comentário(s) início ::

Lopes Graça ( 1906-2006 )


Acordai
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raíz
Acordai
acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações
Acordai
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!
............................
Com José Gomes Ferreira criaste esta maravilha que nos manteve acordados durante a trágica noite fascista.
Por tudo e... também por isto, Obrigado!!!

:: enviado por ja :: 12/17/2006 12:00:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

sábado, dezembro 16, 2006

Porque é Natal, evidentemente.

"Muitos são os chamados mas poucos os escolhidos."
Por outro lado, se muitos são os consumidores, muitissimos mais são os consumidos.

:: enviado por Manolo :: 12/16/2006 10:23:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Porque é Natal

Este filme que transporta para a animação toda a magia dos livros de Raymond Briggs pode ser visto na íntegra AQUI.

De relevo na obra de Briggs recomendo When the Wind Blows. Neste tempo de tálios e polónios vem bem a propósito relembrar...

:: enviado por RC :: 12/16/2006 08:37:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Efeitos secundários de... uma revolução!!!

Num país onde o PIB é cinco vezes inferior ao de Portugal, os efeitos secundários de uma Revolução, a nível da saúde, estão.
Por estes lados, com toda a verborreia rosa/laranja/rosa... é o que se sabe!!!
O futuro do nosso Abril, de verdade, não era este!!!
Mas... hoje é assim aqui!!!
Que mágoa eu tenho!!!

:: enviado por ja :: 12/16/2006 09:47:00 da manhã :: 1 comentário(s) início ::

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Prendas

Prendas, regalos, gifts...
É Natal, é Natal...

:: enviado por Manolo :: 12/15/2006 07:33:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Reis Magos!!!

Dois mil anos depois, eis que um dos Reis Magos é substituido. Ler aqui.
E tão sòmente pelo facto de "não comer - como seria desejável - da rosada mangedoura". O novel poderá não ser republicano e laico mas ... socialista, é!!!
Pobre presépio este!!!
.........................................................................................................
Ps: Segundo a Enciclopédia Luso-brasileira, presépio significa mangedoura mas é usado, frequentemente, para indicar o próprio estábulo.

:: enviado por ja :: 12/15/2006 09:28:00 da manhã :: 1 comentário(s) início ::

quinta-feira, dezembro 14, 2006

A noite em que a Bélgica acabou

Ontem à noite, a RTBF, o primeiro canal francófono da televisão belga, conseguiu superar o célebre programa de 1938 em que Orson Wells gerou o pânico dos ouvintes, que acreditaram realmente que o nosso planeta estava a ser invadido por um exército de extraterrestres.
Do mesmo modo, a emissão especial de ontem deixou os telespectadores atordoados e perplexos, a avaliar pelos inúmeros telefonemas de cólera e de incompreensão que choveram na televisão e nas redacções dos jornais. A credibilidade da notícia foi reforçada pelos comentários das diversas personalidades políticas — previamente informadas da maquinação — que prestaram declarações ao longo dos cerca de quarenta minutos da emissão. Simultaneamente, as reportagens no terreno mostravam as consequências da decisão do Parlamento flamengo: a circular de Bruxelas paralisada, os comboios bloqueados na fronteira linguística, os aviões desviados para outros aeroportos, a sede da OTAN em estado de alerta, explosões de alegria em Antuérpia, polícias a controlar a nova “fronteira”,...
E as pessoas acreditaram. Porque há meses, há anos, que ameaças de secessão são evocadas regularmente pelos jornais. Por isso, a emissão teve o mérito de lançar o debate para a praça pública e de fazer pensar, através do choque, todos os cidadãos e não só os políticos.
Se é de louvar a coragem da RTBF, é inquietante a reacção histérica, patética e aflitiva da maior parte da classe política que, em vez de seguir o repto e pronunciar-se sobre a essência da emissão, resolveu censurar exclusivamente a sua forma, indignar-se e... puxar as orelhas ao patrão da RTBF.
Só o futuro dirá se esta sacudidela dos espíritos dos belgas virá a ter alguma influência sobre a continuidade do país.


:: enviado por JAM :: 12/14/2006 11:34:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Pai Natal

Os orfãos do Pai Natal
podem sempre contar com o Tio Sam.

:: enviado por Manolo :: 12/14/2006 08:11:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Um médico que honra a profissão

Já começava a desesperar. Felizmente há estas notícias que me reconciliam com a classe médica: um médico que não nos manda comer menos, não fumar, não beber, fazer exercício, ou seja, incongruentemente, tudo aquilo que nos leva a consultá-los.
Este só quer que durmamos mais e que acordemos depois das 6 da manhã.
Por mim, alinho.

:: enviado por U18 Team :: 12/14/2006 01:10:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Memória!!!


Há 20 anos ... foi assim!!!

:: enviado por ja :: 12/14/2006 09:52:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Menino Jesus

"... Os ladrões, as amantes, meus colegas de copo e de truz,
me conhecem só pelo meu nome de Menino Jesus..."

:: enviado por Manolo :: 12/13/2006 10:35:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Jingle bells?

Jingle bells, jingle bells,
jingle all the way...

:: enviado por Manolo :: 12/13/2006 09:58:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Pinochet já chegou ao paraíso


© desenho de Garnotte

Não é demais lembrar que, além de ter esmagado as aspirações de emancipação social do povo chileno, sob a capa de um anticomunismo primário, a ditadura do general Pinochet serviu também de balão de ensaio para as teorias neoliberais radicais de Milton Friedman.
Com efeito, entre 1974 e 1982, o Chile serviu de campo de experiências, em condições extremamente duras, para as receitas económicas que depois viriam a ser impostas pelo mundo inteiro: privatizações, liberalizações, desregulações, políticas monetárias, acompanhadas de desigualdades galopantes e de reestruturações económicas violentas.
A ditadura de Pinochet não teve outra igual na América Latina: conseguiu combinar harmoniosamente o liberalismo económico selvagem com a repressão política sanguinária. Uma ditadura que, com o mesmo ímpeto com que louvava a liberdade de um lado, a espezinhava do outro.
Prenúncio desta nova era, em que a prática do mercado livre, com as suas tão enaltecidas taxas de crescimento, não se priva de nenhum meio para atingir os seus fins. Como se finalmente tudo não passasse de inevitáveis “efeitos colaterais”.

:: enviado por JAM :: 12/13/2006 09:13:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Perguntar não ofende (37)

Como os cigarros contêm polónio 210, será Litvinenko uma vítima do tabagismo?

:: enviado por U18 Team :: 12/13/2006 09:10:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

terça-feira, dezembro 12, 2006

Merry Christmas?

Presos, torturados, violentados, quantos haverá pelo mundo? Em Guantanamo serão umas centenas, mas, nas prisões clandestinas pelo mundo fora, quantos serão? E quantos serão os governos que farão o mesmo que a administração americana e/ou dela são cúmplices nesta afronta aos mais elementares direitos humanos, a pretexto do combate ao terrorismo, sob qualquer outro pretexto ou sem mesmo invocarem pretexto nenhum?...

:: enviado por Manolo :: 12/12/2006 07:51:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Feliz Natal ?

De acordo com dados recentes do World Institute for Development Economics Research, metade de toda a riqueza existente no planeta pertence a 2% da população do mesmo, e metade da população do mesmo vive com 1% dessa mesma riqueza total.

:: enviado por Manolo :: 12/11/2006 09:23:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Um país, um atoleiro (4)


Excedentários da função pública vão ser geridos por uma empresa

Bem me parecia que os rapazes não conseguiam resistir. Mais uma empresazita (mais uns tachitos) que pode criar outras empresazitas (mais tachitos ainda) para gerir o que é para acabar! Mas será? Ou será que todos aqueles tachos que vão ser extintos(??) com a reestruturação da administração pública não vão todos para aqui? E a tal desburocratização, como fica? Tinha de se arranjar mais umas "casquitas" para a cebola de forma a que ela jamais tenha fim.
Estes políticos e politiqueiros cada vez se parecem mais com anedotas vivas, quadros autênticos do ridículo nacional e internacional. Se o Bordalo fosse vivo, quanto não se divertiria com eles!!
Pobres é de nós que temos de os aguentar.

:: enviado por touaki :: 12/11/2006 04:57:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Bem me parecia

O pessoal implicado no "Apito Dourado" considera que, mesmo que tivessem praticado os factos de que são acusados, não seria crime porque a lei da corrupção no desporto é inconstitucional.
Bem me parecia. Em Portugal, uma lei para combater a corrupção só pode ser inconstitucional. Caso contrário, estaríamos a por em causa um dos pilares fundamentais da nossa sociedade.

:: enviado por U18 Team :: 12/11/2006 03:56:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Conferência sobre o Holocausto - Agenda

O Irão abriu hoje a tal Conferência sobre o Holocausto que tinha anunciado realizar, em jeito de ameaça, após a publicação dos cartoons dinamarqueses. Entre ex-Ku Klux Klan, fundamentalistas religiosos, extrema-direita europeia e “historiadores” medíocres suponho que o entendimento não seja difícil.
Contemplar e comentar o vómito é um exercício que me enoja e que não me apetece fazer. Assim, só me resta o humor. Aqui fica a notícia do Onion:

:: enviado por U18 Team :: 12/11/2006 01:16:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

domingo, dezembro 10, 2006

Morreu o bicho mas não a peçonha

Morreu Pinochet.
Vai agora reencontrar-se com aquele que, na foto, se vê à sua direita e com o patrão Nixon.
Já que, para variar (!), não chegou a fazer-se justiça, que a terra lhe seja leve... como chumbo.

:: enviado por Manolo :: 12/10/2006 09:49:00 da tarde :: 6 comentário(s) início ::

Marcelo

Marcelo Rebelo de Sousa acaba de nos dar uma novidade: Cavaco e esposa são de centro-esquerda.

Mais dois candidatos a militantes da esquerda moderna?

:: enviado por RC :: 12/10/2006 09:21:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

O Briteiros no Choque Tecnológico II

Hoje, Catarina Furtado explica-nos os endereços IP

:: enviado por U18 Team :: 12/10/2006 05:13:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Peão b5


Espero que aqueles que aplaudiram a derrota de Israel no sul do Líbano comecem a perceber onde é que isto nos vai levar. Um Hezbollah com áurea de vencedor, mais forte e mais destemido, acha que deve governar o Líbano. Primeiro elimina-se fisicamente quem se opõe, a seguir coloca-se o povo na rua a exigir “democraticamente” a queda do Governo.
Um Líbano governado pelo Hezbollah, ou seja pela Síria com o apoio de Teerão, será a ultima jogada para por fim a qualquer possibilidade de paz no Médio Oriente e a primeira no grande sonho da união de todos os países árabes para a destruição de Israel.
Alguém em Teerão deve estar a pensar: “O peão já está em b5. Vamos lá mexer o bispo”.

:: enviado por U18 Team :: 12/10/2006 03:02:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

sábado, dezembro 09, 2006

Debate Nacional Sobre Educação

Termina a 15 de Janeiro o debate nacional sobre educação.
Vale a pena consultar o sítio respectivo e fazer o download de documentos e contributos, assim como ver donde e de quem vêm as propostas de refleão e as respostas individuais e institucionais.
Existe um forum moderado pelo que quem quiser poderá emitir opinião.

Estamos a falar de um debate que deveria envolver 150000 profissionais e milhões de pais e encarregados de educação.
As contribuições por instituição resumem-se a quatro documentos o que, num universo de mais de 10 000 instituições é francamente pouco.

Ala que se faz tarde e é preciso dar rumo a isto!

As conclusões serão as que o Governo quiser?

:: enviado por RC :: 12/09/2006 11:52:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Um pouco de História

Ainda a propósito da contrariedade de Ehud Olmert face ao relatório Baker-Hamilton, não é de surpreender que, ao invés, todos os outros parceiros no terreno tenham acolhido de braços abertos o facto das recomendações do “study group” irem muito para além da crise iraquiana e afirmarem a necessidade de se encontrar uma solução para o conflito israelo-árabe, como imposição essencial para se conseguir a paz global no Médio-Oriente. Com efeito, o relatório determina que as resoluções 242 e 338 da ONU, bem como o princípio da “terra em troca da paz”, devem estar na base das negociações.
A resolução 242 foi adoptada pelo Conselho de Segurança em 22 de Novembro de 1967 (há 39 anos), seis meses depois da Guerra dos Seis Dias. A resolução exigia a “instauração de uma paz justa e durável no Médio-Oriente”, o que deveria passar pela “retirada das forças armadas israelitas de todos os territórios ocupados durante o conflito, o respeito e o reconhecimento da soberania da integridade territorial e a independência política de cada um dos Estados da região, e o seu direito a viver em paz no interior das fronteiras seguras e reconhecidas, ao abrigo de quaisquer ameaças ou actos de força”.
A resolução 338 foi adoptada pelo Conselho de Segurança em 22 de Outubro de 1973 (há 33 anos), durante a Guerra do Yom Kippur. Reafirmava a validade da resolução 242 e apelava para o cessar-fogo e a realização de negociações, com vista à “instauração de uma paz justa e durável no Médio-Oriente”.
São estas duas referências históricas, juntamente com as respectivas resoluções do Conselho de Segurança — que Israel nunca cumpriu — que agora estão na base do diagnóstico do relatório Baker e que constituem a pedra angular da nova via de progresso para o Iraque. Resta saber se o presidente americano e a sua Administração estarão dispostos a dar seguimento às recomendações.

PS: O ex-presidente Jimmy Carter acaba de publicar um livro intitulado Palestine: Peace Not Apartheid, em resultado das três missões de supervisão das eleições nos territórios palestinianos que efectuou com o Carter Center. E, num artigo no Los Angeles Times, explica que até mesmo as questões mais controversas são debatidas em Israel e nos outros países, mas nunca nos Estados Unidos:
— “For the last 30 years, I have witnessed and experienced the severe restraints on any free and balanced discussion of the facts. This reluctance to criticize any policies of the Israeli government is because of the extraordinary lobbying efforts of the American-Israel Political Action Committee and the absence of any significant contrary voices”.

:: enviado por JAM :: 12/08/2006 07:13:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

quinta-feira, dezembro 07, 2006

As 7 Maravilhas

Antes havia o Guinness Book of World Records, um livro que se folheava em casa de uma tia enquanto se fazia tempo para o jantar de família e onde se podiam encontrar feitos tão interessantes como o homem mais rápido a atravessar o Atlântico remando só com as mãos ou o ser humano capaz de citar de cor mais livros de Saramago. Os feitos eram notícia de 5 minutos nas televisões e esquecíamos rapidamente o nome dos protagonistas. Depois alargou-se o conceito. Numa sociedade globalizada e competitiva que se preze não basta tomar conhecimento das bizarrias que só a raça humana é capaz de realizar. Temos que hierarquizar tudo. O mais forte, o maior, o mais admirável. Democraticamente, claro.
Em Portugal, mesmo antes de termos conseguido eleger o maior português, já nos pedem para eleger as 7 maravilhas do País mais tarde concorrentes às 7 maravilhas do Mundo. O Prof. Dr. Freitas do Amaral já recomposto (felizmente) da sua dor de costas é o, e passo a citar, “Comissário Nacional para a Declaração Oficial das Novas 7 Maravilhas do Mundo e para a Eleição das 7 Maravilhas de Portugal e, por inerência, Presidente das Comissões de Honra” (o que, só por si, já o candidata ao titulo mais comprido e ridículo do Mundo) e pede-nos, com entusiasmo, que participemos na eleição das tais 7 maravilhas portuguesas.
Ao contrário do que alguns possam pensar, das 7 maravilhas a eleger não poderão constar a carne de porco à alentejana, o vinho do Porto, o queijo da Serra ou até mesmo o Cristiano Ronaldo (que bem me tramou ontem). As 7 maravilhas sairão de uma lista de monumentos nacionais! Não se sabe o que admirar mais: se o desplante ou o ridículo. Num País que não liga absolutamente nada ao Património; em que na maior parte dos monumentos se pode admirar como os nossos compatriotas da Idade Média se livravam dos excrementos; onde não se percebe se os funcionários presentes (quando estão) fazem parte da exposição; em que os horários de abertura são para os empregados e não para o público que os visita; em que não há dinheiro para os manter e ainda menos para os restaurar e em que quase todos têm um aspecto de abandono e desleixo; em que nunca há guias ou um suporte literário para acompanhar a visita; em que a maior parte da população conhece vagamente a sua história e em que nos pedem exorbitâncias para entrar no que é nosso. Num País assim, dizia eu, querer eleger monumentos como 7 Maravilhas só se for mesmo para entrar no livro do Guinness.

PS: O site está aqui para quem se interesse. Procurei com cuidado se o Estádio da Luz constava da lista. Como não o encontrei, decidi não votar.


:: enviado por U18 Team :: 12/07/2006 10:59:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Perguntar não ofende (36)

Tabaco aumenta 9% a partir de Janeiro

Além do IVA, o Governo quer arrecadar mais dinheiro com o Imposto sobre o Tabaco. E quer que deixemos de fumar!? Fazemos o quê com os cigarros? Uma fogueira?

:: enviado por U18 Team :: 12/07/2006 09:24:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Pudera!

Ehud Olmert rejeita a conexão entre a Guerra no Iraque e o interminável conflito israelo-palestiniano, tornada patente no relatório do Grupo de Estudo sobre o Iraque.

“The attempt to create linkage between the Iraqi issue and the Mideast issue ― we have a different view”, diz Olmert.

Pudera!...


:: enviado por JAM :: 12/07/2006 12:57:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

A corrupção vai bem


© desenho de Bandeira

Apesar dos periódicos furacões, mais ou menos aparatosos, Portugal tem vindo brandamente a baixar no ranking da percepção da corrupção, efectuado em todo o mundo pela Transparência Internacional. Em 1999 estávamos em 21°, em 2006 ocupamos a 26ª posição, na lista dos 163 países analisados. A nível europeu, 16 países conseguem fazer melhor do que nós.
A luta contra a corrupção é um desafio fundamental. O reforço dos orgãos de controlo e do sistema de administração da justiça é necessário, mas não é suficiente. É preciso também identificar as origens da corrupção e examiná-las para poderem ser propostas as fórmulas eficazes de combate. E isso, não só ao nível das empresas e dos particulares, mas principalmente ao nível dos governantes. Um bom funcionamento das instituições democráticas, uma imprensa livre e um acesso directo do público às informações relacionadas com o exercício do poder e as actividades governamentais são essenciais para lograr uma maior transparência.
A corrupção diminui a confiança dos cidadãos nas instituições, nos governantes e nos próprios indivíduos. À medida que a corrupção se vai generalizando, vão-se rasgando os escrúpulos morais do tecido social.

:: enviado por JAM :: 12/07/2006 12:30:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Televisão internacional “à la française”

A meio caminho entre um canal de televisão e um site Internet de difusão de programas temáticos, video-blogs e fóruns de discussão, assistimos esta noite ao lançamento de France24.com. Trata-se de uma nova cadeia que quer ser o “olho francês das notícias do mundo” e competir com canais como a CNN, a BBC World, a Deutsche Welle ou a Aljazeera.
Os accionistas e gestores da nova cadeia são a TF1 ― propriedade do grupo Bouygues ― e o serviço público France Télévisons. Uma associação que já começou a lançar as suas faíscas, muito embora os 86 milhões de euros investidos tenham vindo directamente dos cofres do Estado francês.
France24 vibra um golpe na anódina Euronews, a cadeia europeia (com sede em Lyon, França) que nunca conseguiu asseverar um papel relevante, apesar dos enormes recursos públicos investidos.
O novo canal emite em VoD e em streaming, em francês, inglês e árabe e está disponível gratuitamente pela Internet e por satélite.
A avaliar por este pequeno exemplo... começa bem!...


:: enviado por JAM :: 12/06/2006 11:57:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Como transformar um fracasso num bestseller

Depois do descalabro, “the way forward”!... O caminho a seguir.
A operação de marketing já está em curso, com toda a pompa e circunstância, como só os americanos sabem fazer. O relatório do Grupo de Estudo sobre o Iraque já está à venda nas livrarias.

:: enviado por JAM :: 12/06/2006 06:43:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Pinochet de novo disponível para o banco

O ex-ditador chileno Augusto Pinochet está melhor. É uma boa notícia. Os ditadores como ele não devem morrer sem expiar as suas responsabilidades e os seus crimes no banco dos réus. Como diria Martin Luther King, recusamo-nos a acreditar que o banco da justiça esteja falido.

:: enviado por JAM :: 12/06/2006 09:46:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

terça-feira, dezembro 05, 2006

Perguntar não ofende (35)

Terá sido o polónio 210?

:: enviado por U18 Team :: 12/05/2006 11:07:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Se não foram os russos, estamos bem tramados

Eu que adoro literatura de espionagem acabei de colocar no fundo da cave todos os livros de Le Carre, Fleming e outros do género. Agora só leio jornais. É muito mais interessante. Se não vejamos: um ex-agente secreto russo é morto em Londres por uma substância difícil de encontrar nos supermercados e de que só os alunos da 2ª classe tinham ouvido falar (em substituição dos ditados). A polícia londrina encontra vestígios da substância em casas, restaurantes, hotéis e em dois aviões que tinham estado em Moscovo. Parece coisa de Putin e do seu FSB. Óbvio? Talvez não. Nem mesmo a Rússia poderá ter serviços secretos tão amadores que não fossem capazes de fechar o produto numa caixinha hermética que não contaminasse tudo por onde passasse. Logo, poderá ser alguém a querer incriminar os russos. Excluindo a CIA e o MI6 por manifesta incapacidade para levar à prática um plano tão tortuoso ou a DGSE, porque os franceses se tivessem o produto já o teriam dito a toda a gente, não sobra muita rapaziada de quem suspeitar. Ou sobra? Podem ter sido os russos a auto incriminarem-se para pensarmos que não foram eles ou uma outra secreta mais amadora a trabalhar para os russos ou uma Al-Qaeda qualquer a fazer experiências ou os iranianos para não ficarem sozinhos ou a Síria para lançar a confusão ou ainda outra vez os russos para pensarmos que a CIA os querem comprometer ou uma máfia qualquer a vingar-se ou alguém que comprou pela Internet ou toda esta gente junta.
Rezo para que tenham sido os serviços secretos russos. Porque se não foram, estamos bem tramados …

:: enviado por U18 Team :: 12/05/2006 10:57:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

segunda-feira, dezembro 04, 2006

A arma de Chávez

Hugo Chávez ostentará o cargo de presidente da República por mais seis anos, concretamente até 2 de Fevereiro de 2013. É mais um reforço do impetuoso despertar das esquerdas por toda a América Latina, depois da Bolívia, do Brasil, da Nicarágua, do Equador,...
Todos estes países possuem bastante petróleo, gás ou outras matérias-primas. A Venezuela ― que é já o quinto exportador mundial de petróleo ― poderá possuir a maior das reservas do mundo, talvez ainda maior que a da Arábia Saudita. Assim, ao votar massivamente em candidatos de esquerda ― uma esquerda anti-americana ― os povos de todos esses países expressaram claramente a sua vontade de retomar a posse das suas riquezas naturais, que, até agora, têm dado proveito sobretudo a companhias estrangeiras.
Os novos regimes pretendem utilizar a energia como uma arma política. Uma arma para lutar contra a pobreza. Uma arma para destabilizar o Diabo e os países ricos, grandes consumidores de petróleo.
A frente anti-ocidental poderá assim reforçar-se em volta de Hugo Chávez. É esse o projecto do presidente venezuelano, um fiel de Castro. Mas isso não é tarefa fácil. Antes de mais, porque a vaga vermelha latino-americana não é assim tão homogénea. Não só os 100% pró-Chávez ― os vermelhos escuros ― não são tantos como isso, mas também, com Lula e Michelle Bachelet, ainda é o cor-de-rosa claro que prevalece. Depois, nem todos os países conseguem ser tão lancinantes como a Venezuela, porque não têm tantas riquezas naturais. Para muitos deles, o nacionalismo exacerbado de Chávez chega mesmo a ser irritante. Hugo Chávez é um pragmático. As suas diatribes anti-americanas não o impedem de negociar com Satanás e de continuar a ser um dos grandes fornecedores de petróleo da América.
É certo que, após oito anos no poder, a pobreza recuou no país. Mas o desenvolvimento continua bastante frágil. Chávez nacionalizou a energia, despediu os melhores quadros e expulsou as companhias estrangeiras. Vai pois ter que fazer um esforço suplementar para formar novas competências e organizar novos investimentos. A arma petrolífera vai certamente garantir-lhe muitos resultados felizes, tanto em casa como na frente internacional. Mas, mesmo não sendo provável que as reservas se esgotem antes de 2 de Fevereiro de 2013, vai ser necessário preparar o país para quando os poços secarem e a arma se embotar.

:: enviado por JAM :: 12/04/2006 07:16:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Hugo Chavez


A democracia é ... uma chatice!!!

:: enviado por ja :: 12/04/2006 02:33:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

A lógica de Paulo Gorjão

"O GOVERNO REFORMISTA
[1765] -- Jerónimo de Sousa acusou o Governo de passar «a maior parte do tempo a liquidar direitos» (PÚBLICO ONLINE, 3.12.2006).

De forma indirecta, também o PCP -- tal como o Presidente da República... -- reconhece ao Governo credenciais reformistas, embora os comunistas, claro, entendam que as reformas vão na direcção errada. Ironicamente, quanto mais o PCP diaboliza o Governo mais reforçadas ficam as credenciais de José Sócrates enquanto líder reformista. Afinal, fica-se com a sensação que o Governo está a fazer muito e bem, caso contrário os comunistas não fariam tanto barulho."

Exemplo de lógica moderna. É a lógica das ditaduras e dos populismos mais miseráveis. É a lógica dos Dr. Bitaites da nossa mediocridade. O que arde cura e o que aperta segura. Como disse alguém, é a nossa miséria lógica que nos leva à miséria real.


:: enviado por RC :: 12/04/2006 08:15:00 da manhã :: 2 comentário(s) início ::

domingo, dezembro 03, 2006

Impagável

Não sei se se lembram de um diplomata do Departamento de Estado Americano que declarou, há pouco mais de um mês, que os Estados Unidos se tinham mostrado “estúpidos e arrogantes no Iraque”. A declaração foi feita em árabe, aos microfones da Al-Jazeera:
― “I think there is great room for strong criticism, because without doubt, there was arrogance and stupidity by the United States in Iraq”.
Pois bem: esse diplomata acaba de receber o Prémio da excelência em matéria de diplomacia pública. Um prémio destinado a recompensar o funcionário do Departamento de Estado “que melhor exemplo deu de dedicação, integridade, coragem, sensibilidade e excelência”. O prémio é atribuído pelo... Departamento de Estado.
E o Washington Post remata:
O Prémio inclui um cheque de 10.000 dólares. Por chamar estúpida à política americana: 5.000 dólares. Por apelidá-la de arrogante: 5.000 dólares. Por dizer tudo isso em árabe e na Al-Jazeera: impagável.

:: enviado por JAM :: 12/03/2006 11:59:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

... às mãos de doentes mentais

No reino Unido morre um cidadão por semana assassinado por doentes mentais a que o NHS, SNS lá deles, deu alta e não monitoriza. E por cá?

A loucura portuguesa é outra?

:: enviado por RC :: 12/03/2006 08:21:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Pinochet

(Última fotografia de Allende)

Pinochet já recebeu a extrema-unção

E "prontos", fica tudo perdoado...

:: enviado por RC :: 12/03/2006 08:09:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

sábado, dezembro 02, 2006

Ler os Outros

Ora aí está o sentido de humor:

"Não desistas, Maria!

Assim, sim!

Maria de Lurdes Rodrigues apelou a que se encare com naturalidade a presença de agentes das forças de segurançs nas escolas, até agora apenas permitida em casos excepcionais. Certo.
A nossa dúvida é: Porque não as Forças Armadas? Elas estão aí, sem nada que fazer, os alunos estão ali, autênticos terroristas. Em vez de gastar milhões de euros em exercício militares e "simulações do terreno", para os quais constroem réplicas em escala real de aldeias, como se as FA fossem a Metro-Goldwin-Mayer, mandava-se o exército para as escolas da Amadora, por exemplo.
Já viram alguma coisa mais parecida a Sarajevo? Não apenas os alunos usam armas verdadeiras como, com aquela algaraviada de rua que falam, poderiam perfeitamente estar a falar árabe. Nada mais realista do que isto. A ministra está no caminho certo.
Não desistas, Maria."


:: enviado por RC :: 12/02/2006 08:50:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

José Medeiros Ferreira

"O DN salienta na edição de hoje que as aulas de substituição lá fora são pagas aos professores que as dão, um detalhe que os lutadores anti-sindicais conseguiram escamotear. Além dessas aulas de substituição serem pagas há países onde elas são dadas por professores das áreas respectivas. A escola baby-sitter sempre é mais barata..."

É Medeiros Ferreira que o diz. Será que também pertence à esquerda empedernida, fixista e conservadora?

:: enviado por RC :: 12/02/2006 08:41:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Polónio e outros calafrios

Que relação haverá entre o assassinato a tiro da jornalista Anna Politkovskaya, o envenenamento com polónio-210 do trânsfuga Litvinenko e o envenenamento, aparentemente mais “suave”, do antigo primeiro-ministro Igor Gaidar? Que relação existirá entre estes três crimes? Nada nos prova que exista alguma. Mais, seria espantoso se algum dia se descobrisse que tal relação existe. Mas, o certo é que não é preciso um grande inquérito para demonstrar que existem pelo menos dois pontos comuns entre essa jornalista, esse ex-espião e aquele que foi o primeiro chefe do governo da era pós-soviética. O primeiro é que todos os três são russos. O segundo é que cada um deles incarnava uma categoria socio-política que está longe de agradar a um poder tão autoritário como o de Vladimir Putin.
Com os seus artigos sobre a guerra na Chechénia, Anna Politkovskaya incarnava os últimos resquícios da liberdade de imprensa na Rússia. Alexandre Litvinenko, que traiu o FSB, o antigo KGB de onde é oriundo o presidente russo, era um desses homens que sabem coisas demasiadas para que se lhes deixe presumir que podem impunemente andar por aí a falar à vontade em qualquer país estrangeiro. Quanto a Igor Gaidar, o pai das privatizações e da terapia de choque, era uma das poucas figuras da oposição ― liberal, neste caso ― que ainda se podia dar ao luxo de dizer o pensa da evolução da política e do poder russos.
Ter-se-á pois querido aterrorizar pelo exemplo esses três grupos de desmancha-prazeres, pese embora isso não ser suficiente para demonstrar que os três crimes levam a assinatura dos serviços de Putin. Mas não é menos verdadeiro, primeiro, que a análise política desses crimes sucessivos é extremamente inquietante; segundo, que o inquérito sobre o assassinato de Anna Politkovskaya não avançou nem um milímetro; terceiro, que também ela tinha sido vítima de um misterioso envenenamento, muito parecido com o que acaba de atingir Igor Gaidar; quarto, que apesar das revelações da Margarida ― de duvidosa plausibilidade ― não deixa de ser uma extraordinária coincidência o facto de os vestígios de polónio-210 terem sido encontrados, pela polícia britânica, nos dois aviões que efectuam a ligação Londres-Moscovo; quinto, que também o veneno administrado a Igor Gaidar não deve ser daqueles fáceis de encontrar na farmácia da esquina, pois ainda nem sequer se descobriu de que substância se trata; sexto, que o Daily Telegrah acaba de publicar extractos de um documento que acusa os serviços secretos russos e um grupo de veteranos denominado “Dignidade e Honra” [sic], dirigido pelo coronel Valentin Velichko, de terem querido matar várias pessoas consideradas perniciosas para os interesses russos...
Pode também acontecer que toda esta construção funérea Politkovskaya-Litvinenko-Gaidar não passe de uma cabala organizada por um dos clãs do Kremlin, destinada a comprometer Putin aos olhos dos seus colegas e da opinião ocidental, ao criar a impressão que o seu regime está a efectuar uma espécie de limpeza de trincheiras pré-eleitoral.
Em resumo, este complicado enredo não permite designar um culpado. Mas não há dúvida que respiraríamos muito mais aliviados e a Rússia pareceria muito menos aterradora se os seus prestigiosos serviços de inquérito conseguissem tornar claros estes enigmas deveras arrepiantes.

:: enviado por JAM :: 12/02/2006 05:07:00 da tarde :: 3 comentário(s) início ::

sexta-feira, dezembro 01, 2006

A SIDA e o desenvolvimento económico

É a segunda vez que a OIT chama a atenção da opinião pública e dos governos para as consequências da SIDA sobre o desenvolvimento económico. Desta vez, o relatório é particularmente rigoroso. Os efeitos da doença são de tal modo graves que é nos países mais pobres que a sua prevalência mais se acentua. Sabe-se que as regiões do mundo mais afectadas são a África subsariana e o Sudeste asiático, seguidas da Europa de Leste e da Ásia Central. Precisamente as regiões onde as estruturas estatais são mais fracas e os governos muitas vezes ignorantes ou mais negligentes.
O exemplo mais flagrante é o da fome que atingiu a África austral nos anos 2002-2003. Nessa altura, grassou uma seca invulgar nos países da região. As populações, predominantemente agrícolas, ficaram menos resistentes por causa da doença. Houve, por isso, mais mortes do que noutras circunstâncias.
Quando essas mortes atingem chefes de família ou jovens adultos, os sobreviventes têm tendência a mudar para culturas que exigem menos esforços, mas que também são mais difíceis de comercializar. A crise é, por isso, acentuada. Para além disso, as crianças em idade escolar passam a ser mobilizadas para trabalhar nos campos, fazendo com que tenham que abandonar os estudos. Cria-se assim um círculo vicioso em que a doença gera pobreza, ao mesmo tempo que reformas inoportunas desorganizam as actividades agrícolas.
Também o ensino e todo o sistema de transmissão de conhecimentos são fortemente afectados pela epidemia. É flagrante, por exemplo, o caso dos professores do secundário que morrem duas vezes mais de SIDA do que de qualquer outra doença. Ou o caso do desaparecimento dos trabalhadores experientes que dificulta ainda mais a aprendizagem.
Enfim, a grande maioria dos governos, para além de não ser capaz de proceder às necessárias campanhas de informação, também não sabe adaptar os seus planos de desenvolvimento às modificações da força de trabalho provocadas pela epidemia.

:: enviado por JAM :: 12/01/2006 11:50:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Pequena História da Social-Democracia em Portugal

Francisco Pinto Balsemão, o famoso patrão dos media, militante número um do PSD, numa reunião, no Porto, na qual se discutiu a “revisão do programa” daquele partido, proferiu que “o neoliberalismo nada resolve”. [...] Pacheco Pereira, também falante na reunião, nada adiantou ao que, desde há décadas, de sobejo se sabe: “o PSD violou a programa e a matriz identitária”.
[...] Que pretende fazer Pacheco Pereira que Pinto Balsemão não deseje? Realizar o fundamento "social-democrata" que o partido, onomasticamente recolhe, e averiguadamente não pratica, nunca praticou, sobretudo agora, que o PS está, sem evasivas, voltado à direita? O que Pacheco Pereira “denuncia” como “erros do PSD” pertence, irremediavelmente, à história do partido. Segundo alguns “doutrinadores”, as condições obrigam ao pragmatismo. Porém, quem cria as condições são os mesmos que as podem modificar. Pacheco pretende refundar o PSD, o que me parece absolutamente impossível. As pessoas que compõem os seus quadros dirigentes permitiram a deriva de Cavaco Silva, quando primeiro-ministro (aí, sim, a antisocial-democracia a todo o vapor, além de numerosos sotaques de extrema-direita autoritária), e as aventuras de Durão Barroso e de Santana Lopes. [...]

Baptista Bastos, Jornal de Negócios, 30 de Novembro. O artigo integral, aqui.


:: enviado por JAM :: 12/01/2006 10:44:00 da manhã :: 1 comentário(s) início ::