Nem flores, nem tapete vermelho. Suspeição e ressentimento vão dominar a abertura, na próxima Segunda-feira, das negociações de adesão da Turquia à UE. Em entrevista ao Financial Times, o chanceler austríaco Wolfgang Schüssel, lançou as hostilidades ao condicionar as discussões turcas à abertura das negociações com a Croácia, país que faz fronteira com a Áustria e que os austríacos consideram o seu aliado católico. Os encontros diplomáticos entre a União e a Croácia têm estado bloqueados, desde que Zagreb se recusou a entregar o General Ante Gotovina, acusado de crimes de guerra e violações dos direitos humanos, pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia. As recentes declarações da procuradora do tribunal ao Daily Telegraph vieram pôr ainda mais lenha na fogueira desse diferendo.
52% dos nossos concidadãos europeus são contra a adesão da Turquia, segundo o último Eurobarómetro (80% na Áustria, 74% na Alemanha e 70% em França). Mas os turcos, estão igualmente longe do consenso sobre a adesão à União. Se os eurófilos vêem na adesão a via aberta para a modernização e a democratização do país e uma promessa de prosperidade, os nacionalistas (de direita e de esquerda) cultivam a eurofobia, ofendidos porque a União exige que eles mudem para poderem aspirar à adesão e ainda por cima sobre questões tão simbólicas como o reconhecimento do genocídio arménio, o tratamento da minoria curda e sobretudo o reconhecimento de Chipre. Os eurófobos turcos têm vindo a aumentar a sua cota paralelamente ao aumento dos turcófobos europeus.
Quando Nova Orleães foi abandonada à sua sorte, no início de Setembro, todo o tipo de rumores circularam, alimentados pelo medo e pelo caos. Teriam havido violações de mulheres e crianças, assassinatos, uma menina degolada, atiradores furtivos disparando sobre os helicópteros dos socorristas, ... Tudo isso foi repetido pelas televisões e pela imprensa, muitas vezes sem qualquer reserva.
Na mesma altura em que 100 mil manifestantes protestavam em Washington contra a guerra no Iraque, a organização americana de defesa dos direitos humanos, Human Rights Watch, publicava um relatório sufocante para o exército americano sobre as torturas e sevícias infligidas aos prisioneiros da “guerra contra o terrorismo”.
Cindy Sheehan foi presa, em frente da Casa Branca, sob as objectivas das máquinas fotográficas. Cindy é a mãe de um dos centos de soldados americanos mortos em combate no Iraque, que jurou não dar tréguas àqueles que enviaram o seu filho Casey para a morte.
Há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não. Se a candidatura de Alegre não incomoda por que será que tantos já se empenham em desvalorizá-la? Não é fácil cumprir o pressuposto de independência conotado com o cargo de Presidente da República. Por um lado é uma opção individual e por outro a candidatura não pode ser levada a cabo sem o apoio de estruturas partidárias. Pelo fim de uma certa partidocracia que nos arrasta para um inevitável declínio e degradação de uma vivência republicana ainda bem que Manuel Alegre decidiu candidatar-se.
Força poeta!!!
«Trova do Vento que Passa»
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
[Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.]
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Ao ser entregue aos responsáveis da Directoria da Judiciária do Porto, no dia do seu regresso, Fátima Felgueiras disse: “O que é que eu estou a fazer aqui? Não era isto que estava combinado, eu tenho é que ir para o tribunal de Felgueiras, não é para estar aqui.”
“O governo de Guterres pagou, em 2001, uma indemnização de quase 12 milhões de euros à multinacional Eurominas depois de a empresa ter passado a ser representada, nas negociações destinadas a pôr fim ao litigio que a opunha ao Estado, pelo dirigente socialista José Lamego e outros advogados do escritório criado por este, por António Vitorino e pelo actual ministro da Justiça Alberto Costa, após a saída do executivo dos 3 em finais de 1997. A indemnização em causa tinha sido expressamente recusada por Cavaco Silva em 1995 e era reivindicada pela Eurominas devido ao facto de o governo do PSD ter decretado a devolução ao Estado, sem qualquer compensação, dos 86 hectares do estuário do Sado que tinham sido cedidos em 1973 à empresa para aí instalar uma fábrica entretanto encerrada.” In Público de ontem.
“Ao investigar o caso de corrupção na base do «fax de Macau», o Ministério Público entreviu a dimensão da rede de negócios então dirigidos pelo presidente Soares a partir de Belém. A investigação foi encabeçada pelo procurador-geral adjunto Rodrigues Maximiano que, a dada altura, se confrontou com a eventualidade de inquirir o próprio Soares: questão demasiado sensível que Maximiano colocou ao então procurador-geral Narciso Cunha Rodrigues. Dar esse passo era abrir a caixa de Pandora, implicando uma investigação ao financiamento dos partidos políticos, não só do PS mas também do PSD – há quase uma década repartindo os governos entre si. A previsão era catastrófica: “operação mãos limpas” à italiana, colapso do regime, república dos juízes. Cunha Rodrigues, envolvido em conciliábulos com Soares em Belém, optou pela versão mínima: deixou de fora o Presidente e limitou o caso a apurar se o governador de Macau, Carlos Melancia, recebeu um suborno de 250 mil euros.” Extracto da coluna de Joaquim Vieira na revista Grande Reportagem de hoje (titulo: “O polvo” – 4).
Dos personagens representados nas fotos, quem tem menos condições para ser Presidente da Câmara de Lisboa ?
Feito o trágico balanço do Katrina e no meio das preces de hoje para que Rita tenha um alcance muito menos devastador, vem-nos à ideia o caracter temporal da catástrofe de Nova Orleães, como se nela tivesse havido uma espécie de reacção em cadeia. Logo a seguir à passagem do ciclone, houve um alívio momentâneo: o olho do furacão tinha passado 40 km ao lado da cidade e assinalava-se “apenas” uma dezena de mortos. O pior tinha sido evitado mais uma vez.
Se eu tivesse que escrever sobre o furacão Fátima que acaba de arrasar Felgueiras, diria que, como acautela Nuno Rogeiro, não conheço Fátima Felgueiras, nada sei sobre os meandros do seu processo e não tenho quaisquer elementos para debater se a autarca quis, provocou, comandou ou estava ao corrente – em parte ou no todo – da série de ocorrências graves que levaram à abertura do seu processo solene ou se foi vítima de uma cilada ou abusada na sua boa fé.
A Samantha foi convidada para participar numa expedição de caça ao urso oferecida por uma das numerosas associações cujo objectivo é ensinar as crianças a caçar. Numerosas associações que, como a National Shooting Sports Foundation, a US Sportsmen's Alliance ou a National Wild Turkey Federation, estão apostadas em lutar contra o declínio da caça nos Estados Unidos (de 16,4 milhões em 1993 passou a 14,7 em 2003).
Faleceu ontem Simon Wiesenthal “a memória do Holocausto”.
© Desenho de Bandeira - Diário de Notícias
Os realizadores e bons jornalistas da SIC que orientaram os debates (por alguma razão ditos “moderadores” perante os presumíveis “extremismos” de quem debate) tiveram, desta vez, a inteligência e generosidade de deixá-los bulhar à vontade.
Nos Camarões, a concorrência entre as diversas marcas de cerveja faz-se através de garrafas premiadas. Os prémios vêm indicados nas cápsulas e vão de telemóveis a automóveis de luxo, passando por garrafas de cerveja gratuitas. Desde o princípio do ano, os camaroneses já ganharam 20 milhões de garrafas. Quase toda a gente ganha. É frequente sair-se de casa para ir beber uns copos e voltar a entrar com meia dúzia de garrafas gratuitas.
Após duas semanas de posts na blogosfera mundial sobre a tese do anti-americanismo e da relação entre os furacões e o aquecimento global, com manifesta repercussão entre nós, sobretudo aqui e aqui, o jornal americano publicado em Paris, International Herald Tribune, lança as suas achas para a fogueira, anunciando que um aquecimento irreversível já começou e vai durar um século, apesar das limitações impostas pelo protocolo de Quioto.
© Desenho de Sandy Huffaker
Do Diário de Noticias de sábado passado:
Ao centro, o futuro Primeiro Ministro trabalhista, Jens Stoltenberg; à direita, Aslaug Haga, presidente do Partido Centrista; à esquerda, Kristin Halvorsen, presidente da Esquerda Socialista
Começa hoje em Nova Iorque a cimeira das Nações Unidas, que deveria ter a árdua tarefa de reformar a sexagenária organização internacional. Mas a diplomacia americana tem outras prioridades e a própria ONU tem andado demasiado crispada devido às críticas sobre o escândalo de corrupção relativo ao programa “petróleo por alimentos”, no Iraque de Saddam Hussein, na altura das sanções económicas e comerciais. Esse escândalo justificaria, só por si, a urgência de uma reforma da organização, na condição de que ela consiga, depois de tudo o que foi feito, recuperar um mínimo da sua credibilidade perdida.
Disneylândia, “o reino mágico concebido pelo grupo Disney”, abriu ontem as suas portas em Hong Kong. Este novo parque de atracções pretende atrair cerca de quatro biliões de turistas, vindos da Ásia, de Karachi a Seul. Para os responsáveis locais, “a abertura da Disneylândia, na ilha de Lantau, contribuirá para o boom económico e fará de Hong Kong um destino turístico familiar e um centro comercial onde vão cruzar-se o Oriente e o Ocidente”.
Quase tão popular como os encontros em linha, ou as compras em linha, agora existe também o divórcio em linha. Na Bélgica, os casais que pretendem divorciar-se só precisam dum computador e duma ligação Internet para preparar tudo o que é preciso para um processo de divórcio por mútuo consentimento. A iniciativa é um verdadeiro sucesso e, desde o seu lançamento na Flandres, o site echtscheiding-online já recebeu 250 mil visitas. Na semana passada foi criada a versão francófona, divorce-online.
Enquanto em todo o mundo se olha para o 11 de Setembro como a data que marcou o início da cruzada contra o terrorismo, liderada pelos Estados Unidos, no Chile todos os anos a data tem um significado diferente. É o aniversário do Golpe Militar que colocou no poder o general Augusto Pinochet e a mais sangrenta de todas as ditaduras instaladas, ao longo das décadas de 60 e 70, na América Latina.
Setembro de 2001 mostrou ao mundo a vulnerabilidade dos americanos face ao que os homens têm de mais horroroso. Setembro de 2005 mostrou a sua vulnerabilidade face ao que a natureza tem de mais trágico. E, num e noutro, ficou à vista o desprezo da maior superpotência mundial pelo valor da vida humana.
Se 11 de Setembro ficou sinónimo de terrorismo, não é impossível que terrorismo venha um dia a condizer com arma nuclear. As apreensões dos especialistas que o afirmam baseiam-se em muito mais do que meras conjecturas. Basta olhar para a ex-URSS, onde são guardadas – mal – grandes quantidades de plutónio. Basta olhar para o aumento em potência do terrorismo islâmico. Basta olhar para o Paquistão, que para além de potência nuclear, constitui um fornilho de agitação islamista.
A frase é do filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955). E quando a revolução não devora os seus filhos, são os seus filhos que se devoram entre si. É isso que parece estar a acontecer na Ucrânia. Viktor Yushchenko acaba de demitir o seu governo, dirigido pela bela Yulia Timochenko, a heroína do movimento que lançou a Ucrânia no caminho da democracia.
Um tampão anti-roubo acaba de ser inventado na África do Sul. O Rapex é uma espécie de preservativo feminino, parecido com um tampão higiénico oco, dotado de minúsculos anzóis no interior, que aferram como um arpão o agressor sexual. O aparelho (e os seus anzóis) só poderá depois ser retirado por intervenção cirúrgica, o que lhe confere uma segunda utilidade: os hospitais serão imediatamente informados da violação e poderão dar parte dela à polícia.
Hoje, em consequência da queda do preço do petróleo, os preços da gasolina e do gasóleo baixaram nas bombas do Luxemburgo. A gasolina sem chumbo 98 passou de 1,31 para 1,22. No mesmo dia, em Portugal, a Galp Energia e a BP aumentaram os preços do gasóleo em pelo menos um cêntimo e o valor da gasolina em pelo menos dois cêntimos. É assim entre nós. Quando os preços do petróleo aumentam, os da gasolina aumentam. Quando os preços do petróleo baixam, os da gasolina... aumentam.
O presidente da CAP, João Machado, foi informado, pela comissária Mariann Fischer Boel, que há 200 mil toneladas de cereais, disponibilizados pela Hungria, à espera de serem transportados para Portugal. Tudo o que a Comissão Europeia tinha de fazer para libertar os cereais já o fez há muito tempo. O estado português não arranjou transporte mais cedo e o gado continua sem alimento.
“Sem a vossa ajuda, a Itália poderia perder qualquer coisa.” É esse o lema de uma vasta campanha de publicidade que vai começar a inundar a Itália, acompanhando uma foto do David, de Miguel Angelo, cuja perna desapareceu e é substituída por um suporte de madeira.