A CIA tem em vista o lançamento de um programa de vigilância das chat-rooms a partir de Janeiro de 2005, que deverá automaticamente controlar e estabelecer o perfil dos utilizadores dos forums de discussão na Internet. O programa é fruto de um trabalho conjunto da CIA e da Fundação Nacional da Ciência, iniciado em 2003, cujo objectivo é o “combate ao terrorismo usando tecnologia avançada”. Segundo a CIA, o programa permitirá descobrir, sem intervenção humana, as “comunidades escondidas” que utilizam as chat-rooms para as suas comunicações.
Nicolas Sarkozy, o mediático ministro da direita francesa, foi entronizado presidente do partido UMP, num autêntico show à americana, perante uma multidão de 30 mil militantes, a que não faltaram participações do show-biz como Michel Sardou ou Alan Delon. Por entre os convidados do congresso estava presente um representante do partido republicano de Bush.
Candidato único à presidência do partido, Sarkozy foi eleito com um total, digno de Jerónimo de Sousa, de 85,1% de votos. Longe de ter sido um congresso consagrado ao debate de ideias, tratou-se de um espectáculo de som e de luzes em torno da sacralização do novo líder.
Num discurso de uma hora, em tom agressivo e perante militantes fanatizados, Sarkozy falou dos valores essenciais de respeito, trabalho e pátria, revelando uma visão excessivamente americana do sentido da vida e insistindo na palavra “conseguir” da mesma forma, e com o mesmo gesto voluntarista de dedo em riste, que George W. Bush usou na campanha americana.
Santana Lopes disse que este governo é um bebé que nasceu através de um parto difícil e está numa incubadora.
O ministro buldozer, Rui Gomes da Silva, fez mais uma vítima. A sua passagem para o cargo de ministro-adjunto do primeiro-ministro, empurrando Henrique Chaves para a tutela do Ministério da Juventude, Desporto e Reabilitação, fez com que este pedisse a demissão, 4 dias depois de ter sido nomeado.
Irritados com a pobreza e a corrupção, estes vizinhos da Ucrânia votaram hoje, para decidir quem vai liderar o país durante os próximos dois anos de duras reformas ditadas pela União Europeia. Estas eleições para substituir o presidente Ion Iliescu e eleger um novo parlamento, são as mais disputadas, desde a queda do comunismo em 1989, e a expectativa é que haja uma segunda volta em 12 de Dezembro.
João Paulo II devolveu hoje as relíquias de dois dos mais importantes santos da Igreja Ortodoxa, 800 anos depois de terem sido trazidos para Roma pelos cruzados. Os restos de São Gregório Nazianzen e de São João Crisóstomo tinham sido levados em 1204 durante o saque de Constantinopla, actual Istambul.
A pedido de influentes partidos árabes sunitas, pelo menos três ministros do governo interino iraquiano e representantes de 15 partidos e grupos políticos, incluindo os dois principais partidos curdos, assinaram hoje um pedido de adiamento, por seis meses, das eleições de 30 de janeiro. A violência nas áreas sunitas e os preparativos insuficientes a nível administrativo, técnico e político, justificam, segundo os signatários, a revisão da data das eleições.
Como aqui previmos, há cerca de um mês, a Ucrânia tornou-se o novo barril de pólvora do planeta. Enquanto milhares de manifestantes continuam a formar um cordão compacto bloqueando os edifícios do governo ucraniano e impedindo os funcionários e o contestado primeiro ministro eleito, Viktor Ianukovitch, de entrarem nos seus gabinetes, sucedem-se as visitas de altas personalidades europeias que pretendem mediar pacificamente a crise. O conflito estende-se bem para fora das fronteiras ucranianas e transformou-se num novo campo da batalha geopolítica internacional, na qual União Europeia e Estados Unidos declaram inaceitável o processo eleitoral e os seus resultados, que apenas foram reconhecidos pela Rússia, Bielorússia, China e Uzbequistão. Circulam entretanto rumores de que unidades especiais do exército russo teriam chegado ao aeroporto de Kiev, fortemente armados e fardados com uniformes ucranianos.
O caso estoirou há dois anos, quando testemunhos de presumíveis vitimas, foram revelados pelos media. Violações do segredo de justiça, revelações em série, roubos de cassetes com entrevistas e manipulações diversas, baralharam durante dois anos o processo Casa Pia, provocando um profundo mal-estar na sociedade portuguesa. Em plena tormenta mediática, o procurador geral foi criticado, o juiz encarregado da instrução foi contestado e um director da PJ pediu a demissão.
Um relatório do Banco Mundial revela que metade dos palestinianos (quase 2 milhões de pessoas) vivem abaixo dos níveis de pobreza “aceitáveis”, dos quais 600 mil dispõem de pouco mais de 1 euro por dia para subsistir.
Os testemunhos sobre a violência das forças americanas em Fallujah multiplicam-se. “Os americanos fizeram, de facto, inúmeras vitimas na população civil”, afirma o Independent. As autoridades defendem-se destas acusações e só reconhecem a sua responsabilidade em muito poucos casos, como o daquele bárbaro assassinato à queima roupa dentro da mesquita. Segundo os responsáveis americanos, a maioria dos civis mortos não poderia ter sido evitada, visto que a maior parte se encontrava onde estavam os rebeldes.
Ali Abbas, médico de Bagdade enviado como reforço ao hospital de Fallujah, foi testemunha das enormes dificuldades em socorrer as vítimas. “Não tínhamos material e o hospital tinha sido bombardeado pelos americanos”. Como exemplo dos muitos erros admitidos pelo exército americano, o diário britânico conta ainda a história trágica de Aziz Rhadi. Aziz viajava com a família para visitar parentes, próximo de Ramadi, quando o carro foi atingido pelos soldados americanos, matando a sua mulher, os seus dois filhos e a filha, a sua sobrinha e o bebé que tinha ao colo. Aziz foi o único sobrevivente e recebeu depois uma proposta de indemnização das forças americanas.
Vestido de Pai Natal, o activista Robert Pyke, da associação que defende os direitos dos pais divorciados, algemou-se hoje a uma coluna da entrada do Palácio de Buckingham. Há dois meses, a residência londrina da rainha Elizabeth II tinha sido alvo de outro protesto, igualmente bem-humorado, do grupo Fathers4Justice (Pais pela Justiça). Nessa altura, um activista do grupo escalou a principal varanda do prédio, vestido de Batman.
A mesma associação também já antes tinha atraído a atenção, atirando farinha sobre o primeiro ministro Tony Blair.
Uma companhia escocesa de software acaba de comercializar um jogo macabro: Você também pode assassinar Kennedy.
Ontem, ao ler que todos os institutos de sondagens ucranianos davam, à boca das urnas, a vitória ao candidato pró-ocidental Iuschenko, não pude deixar de dizer para os meus botões: “A procissão dos fantoches de Moscovo ainda só vai no adro”.
Agora, são os meus botões que me dizem que tinha razão, quando vejo que contrariamente às criticas de toda a Comunidade Internacional, nomeadamente pelas vozes da OSCE e da EU, para quem a “segunda volta do escrutínio presidencial ucraniano não cumpre um número considerável de critérios para uma eleição democrática”, Vladmir Putin, telefonou já ao aparachik Ianukovitch para o felicitar pela eleição, dizendo-lhe que “a batalha foi dura, mas aberta e honesta, pelo que a vitória é convincente”.
Dezenas de milhares de ucranianos vieram para as ruas do centro de Kiev protestar contra o roubo dos seus votos e manifestar o seu apoio a Viktor Iushchenko. A “revolução laranja” ucraniana corre o risco de se tornar “vermelha de sangue”, neste país que é o 128° da tabela mundial, em termos de PIB por habitante, onde um salário mensal é da ordem de 32 euros e o desemprego afecta cerca de 12% da população.
Leia também Democracia empatada na Ucrânia e Entre a Europa e a Rússia.
O Causa Nossa faz hoje um ano. Neste dia de aniversário, aqui ficam os nossos votos de parabéns e de muitos « posts » de vida.
A produção de ópio no Afeganistão aumentou mais de 17% em 2004, de acordo com um relatório da ONU publicado esta quinta-feira. O regime Taliban tinha conseguido reduzir drasticamente a cultura da papoila, substituindo-a por cereais, mas desde que os americanos invadiram o país, no Outono de 2001, a produção não pára de aumentar. Este ano a cultura foi excepcional, reforçando a liderança do Afeganistão como primeiro produtor mundial.
Para aqueles que estão a pensar (e que podem) dar uma saltada a Nova Iorque, o MOMA, Museu de Arte Moderna, reabrirá as suas portas amanhã, após três anos de obras de embelezamento e alargamento. O mítico museu nova-iorquino contém algumas das mais preciosas obras do século XX, entre as quais uma colecção única de quadros de Jackson Pollock e o famoso Les Demoiselles d’Avignon de Picasso.
© NASA - Chris VenHaus
As auroras boreais (luzes do norte) são lindas e dinâmicas exibições vistas no céu nocturno. A maioria das auroras tem formas de tiras e cortinas. As luzes do norte são produzidas pela interacção do vento solar com o campo magnético da Terra. O Sol é um lugar tempestuoso e tão quente e dinâmico que não consegue conter a sua atmosfera pela força da sua gravidade. Então, a energia flui para fora do sol em direcção à Terra, num fluxo de partículas eléctricas. Esse fluxo de partículas carregadas é o chamado “vento solar”. A aurora boreal é uma grande bolha de campo magnético que inclina o vento solar que se forma, como um escudo, em volta da Terra. Vão ficar para a História as frases pronunciada por Jacques Chirac, em entrevista no princípio da semana à BBC: “O mundo tornou-se mais perigoso após a intervenção da coligação no Iraque. Não há dúvida que o terrorismo progrediu e que a situação no Iraque é uma das causas”.
Jacques Chirac inicia hoje uma visita oficial à Grã-Bretanha, onde vai presidir ao encerramento oficial das festividades do centenário do Entendimento Cordial entre Paris e Londres, “a aliança que visava pôr fim às rivalidades coloniais e a séculos de conflitos entre os dois Estados”.
Apesar de tudo, Chirac insiste que o entendimento continua a ser cordial. O Guardian, traça hoje o retrato de Chirac como “o presidente que passa raspanetes a Tony Blair pela sua moleza na questão do Iraque, ao mesmo tempo que lhe dirige a sua admiração pessoal e manifesta a sua ternura por Leo, o filho do primeiro ministro britânico. A que o Leo retribui com um “bonjour monsieur Chirac”.
A Grã-Bretanha rejeitou, nesta quarta-feira, as conclusões do estudo realizado pela revista médica Lancet, publicado no fim do mês passado, segundo o qual o número de civis iraquianos mortos por causa da guerra ascende a 100 mil. O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Jack Straw, disse que a estimativa se baseou em dados imprecisos, concordando com os números do governo iraquiano, bem menores. “Embora reconheça a coragem e o profissionalismo daqueles que conduziram o estudo da 'Lancet', o governo não aceita a sua conclusão central e continua a acreditar que os números mais fiáveis das baixas no Iraque são os fornecidos pelos hospitais iraquianos ao Ministério da Saúde do Iraque”, afirmou Straw no documento oficial.
É sabido que quando o barco, navio ou a plataforma de petróleo se afunda, os primeiros a saltar são os ratos. Na semana passada foram John Ashcroft, secretário da Justiça, e Donald Evans, secretário do Comércio, que apresentaram as respectivas cartas de demissão. Esta semana, foi a vez de Colin Powell, secretário de Estado (Negócios Estrangeiros), para além da secretária da Agricultura, Ann Veneman, do secretário da Educação, Rod Paige, e do secretário da Energia, Spencer Abraham. Dir-se-ia que Bush, após ter reunido o apoio confortável do eleitorado americano, não beneficia do mesmo consenso no seio dos seus colaboradores mais próximos.
Os camiões com ajuda humanitária, enviados a Fallujah pelo Crescente Vermelho iraquiano, foram obrigados a voltar para Bagdade, depois que os comandantes norte-americanos terem impedido a distribuição de comida, medicamentos e outros artigos de primeira necessidade à população civil que continua presa nas suas casas, sem água nem electricidade, há mais de dez dias. As pessoas não têm nada para comer e estão a beber água suja e contaminada que lhes provoca diarreias e outras doenças. Há corpos espalhados pelas ruas, mas ninguém tem coragem para sair de casa para os vir enterrar. Aqueles que podem, estão a enterrar crianças e outros familiares nos jardins das suas casas.
Onde é que está a consciência do Mundo?
Este ano, para a festa do Eid al-Fitar, que marca o final do jejum do Ramadão, há um brinquedo que aparece em primeiro lugar nas listas de presentes para as pequenas muçulmanas. Trata-se da “Razanne”, uma boneca que, ao contrário da Barbie, não veste mini-saia, mas sim uma casta vestimenta tipicamente muçulmana, a que não falta o tradicional véu na cabeça. A Razanne foi criada por Ammar Saadeh, proprietário da Noorart, uma empresa do Michigan, e já conquistou o coração das meninas muçulmanas dos Estados Unidos, Canadá, Singapura e Alemanha, fazendo agora a sua aparição no mercado britânico. O nome Razanne significa modesta (Ra) e tímida (zaan) e, segundo a Noorart confidenciou ao diário britânico Guardian, não está prevista a criação de um amiguinho, equivalente à personagem do Ken.
Da vida e obra de Saddam Hussein, só conseguimos lembrar-nos de coisas más. Houve uma boa, no entanto, que o sanguinário ditador iniciou e que os americanos transformaram num autêntico desastre cultural. Saddam destinou cerca de 90 milhões de dólares, no final do século passado, para reconstruir e restaurar a antiga Babilónia, em nome da “reabilitação da monarquia e dos valores antigos”. Os princípios de construção e os materiais da época, seriam respeitados. A Babilónia dos Jardins Suspensos, da Torre de Babel e do Portão de Ishtar renasceria assim com todo o clima e o brilho do passado.
“[...] um mal certamente mais escondido e mais perigoso para o Estado é constituído por aqueles que se arrogam, para eles e para a sua seita, um privilégio particular e contrário ao direito civil, que cobrem e disfarçam com discursos especiosos.” (John Locke)
O presidente comunicou a Powell a sua decisão irrevogável de ir à guerra, numa reunião a dois que durou escassos 12 minutos, em 13 de Janeiro de 2003. Nesse encontro, o secretário de Estado expôs as suas reservas em relação à guerra. “O senhor tem a certeza do que vai fazer?”, perguntou. “O senhor sabe que vai acabar proprietário desse país?” Em Agosto do ano anterior, Powell havia dito ao presidente que a ideia de uma invasão do Iraque seria equivalente a assumir as esperanças, aspirações e problemas do lugar. Lembrara uma velha máxima de uma conhecida loja de artigos de decoração americana: “Você quebrou, você é o dono” – o tal “quebrou, pagou”. Mas no início de 2003 Bush já tinha a guerra como certa e só queria testar a lealdade do seu secretário de Estado. O ex-general Powell, velho soldado, seguindo os princípios militares de lealdade máxima ao chefe, sucumbiu e disse que estava com o presidente para o que desse e viesse. Bush então exclamou: “Está na hora de você vestir a farda.” Colin Powell, até então considerado pomba da paz, tornara-se assim um falcão de guerra.
Já era esperado, agora é oficial. O partido de extrema direita flamengo Vlaams Blok, condenado por racismo pela justiça belga, passou a chamar-se Vlaams Belang (Interesse Flamengo). Em congresso hoje realizado em Antuérpia, os responsáveis do partido pronunciaram a dissolução do Vlaams Blok e decidiram criar uma nova formação partidária que deixará de estar sujeita às decisões do Supremo Tribunal belga, que confirmou na passada terça-feira a sentença do Tribunal de Gand que condenara o Vlaams Blok a uma multa de 36.000 euros por “incitação permanente à xenofobia e ao racismo”.
O “novo” partido vai continuar a bater-se pela independência da Flandres, com a capital em Bruxelas, e pela expulsão dos imigrantes não-europeus, embora nos novos estatutos, como medida de protecção contra eventuais novos processos por racismo, figure a defesa da expulsão de todos aqueles que “rejeitem, neguem ou combatam as tradições europeias, como a separação da Igreja e do Estado, a democracia, a liberdade de expressão e a igualdade entre os sexos”.
Tal como havia feito Adolfo Hitler, George W. Bush não se cansa de estimular o “patriotismo” e o “orgulho americano” e proclamar ao mundo inteiro que são eles os arautos da “liberdade”, da “democracia” e da “civilização” – a nova raça superior. Segundo Bush, o mundo ocidental é vitima de um atentado generalizado contra o “bem” e todos aqueles que se recusam a manifestar o seu apoio incondicional à política americana estão decididamente a favor do “mal”.
O conflito entre alguns blogues de esquerda e de direita está a atingir proporções desmesuradas na blogosfera portuguesa. Acho toda esta polémica sobre a essência da direita e da esquerda de uma perda de tempo aflitiva. Não gostaria pois, também eu, de perder muito do meu tempo com ela. Mas já agora, gostaria de dizer que, só o estado de primitivismo em que se encontram quer a direita quer a esquerda portuguesas permite chegar a este estado de esterilidade ideológica.
As sociedades ocidentais atravessam uma crise de valores democráticos e de cidadania. As multinacionais, os grandes grupos mediáticos e os poderes burocráticos transformaram os partidos políticos em organizações cuja principal função deixou de ser o serviço público e passou a ser a protecção dos interesses particulares e clientelistas. A democracia parece mais um jogo virtual do que um assunto sério para cidadãos conscienciosos. A burocratização, a manipulação anónima e o conformismo, que sempre criticámos nas ditaduras e nos regimes comunistas, continuam sérias ameaças nas nossas democracias.
Yasser Arafat foi o único dirigente árabe que teve a coragem de dizer NÃO aos Estados Unidos, recusando-se a vender ao desbarato os direitos do povo palestiniano. Por isso, Washington continua a insistir na necessidade dum interlocutor palestiniano credível. Mas a administração Bush vai ter que compreender que credível não significa dócil.
Ontem, Cat Stevens recebeu das mãos de Mikhail Gorbachev um prémio pelo seu trabalho pela paz. A cerimónia, que decorreu em Roma, contradiz a teoria dos serviços secretos americanos segundo a qual Yusuf Islam teria ligações ao terrorismo.