Nicolas Sarkozy, o mediático ministro da direita francesa, foi entronizado presidente do partido UMP, num autêntico show à americana, perante uma multidão de 30 mil militantes, a que não faltaram participações do show-biz como Michel Sardou ou Alan Delon. Por entre os convidados do congresso estava presente um representante do partido republicano de Bush.
Candidato único à presidência do partido, Sarkozy foi eleito com um total, digno de Jerónimo de Sousa, de 85,1% de votos. Longe de ter sido um congresso consagrado ao debate de ideias, tratou-se de um espectáculo de som e de luzes em torno da sacralização do novo líder.
Num discurso de uma hora, em tom agressivo e perante militantes fanatizados, Sarkozy falou dos valores essenciais de respeito, trabalho e pátria, revelando uma visão excessivamente americana do sentido da vida e insistindo na palavra “conseguir” da mesma forma, e com o mesmo gesto voluntarista de dedo em riste, que George W. Bush usou na campanha americana.
Os testemunhos sobre a violência das forças americanas em Fallujah multiplicam-se. “Os americanos fizeram, de facto, inúmeras vitimas na população civil”, afirma o Independent. As autoridades defendem-se destas acusações e só reconhecem a sua responsabilidade em muito poucos casos, como o daquele bárbaro assassinato à queima roupa dentro da mesquita. Segundo os responsáveis americanos, a maioria dos civis mortos não poderia ter sido evitada, visto que a maior parte se encontrava onde estavam os rebeldes.
Ali Abbas, médico de Bagdade enviado como reforço ao hospital de Fallujah, foi testemunha das enormes dificuldades em socorrer as vítimas. “Não tínhamos material e o hospital tinha sido bombardeado pelos americanos”. Como exemplo dos muitos erros admitidos pelo exército americano, o diário britânico conta ainda a história trágica de Aziz Rhadi. Aziz viajava com a família para visitar parentes, próximo de Ramadi, quando o carro foi atingido pelos soldados americanos, matando a sua mulher, os seus dois filhos e a filha, a sua sobrinha e o bebé que tinha ao colo. Aziz foi o único sobrevivente e recebeu depois uma proposta de indemnização das forças americanas.
Vestido de Pai Natal, o activista Robert Pyke, da associação que defende os direitos dos pais divorciados, algemou-se hoje a uma coluna da entrada do Palácio de Buckingham. Há dois meses, a residência londrina da rainha Elizabeth II tinha sido alvo de outro protesto, igualmente bem-humorado, do grupo Fathers4Justice (Pais pela Justiça). Nessa altura, um activista do grupo escalou a principal varanda do prédio, vestido de Batman.
A mesma associação também já antes tinha atraído a atenção, atirando farinha sobre o primeiro ministro Tony Blair.
Ontem, ao ler que todos os institutos de sondagens ucranianos davam, à boca das urnas, a vitória ao candidato pró-ocidental Iuschenko, não pude deixar de dizer para os meus botões: “A procissão dos fantoches de Moscovo ainda só vai no adro”.
Agora, são os meus botões que me dizem que tinha razão, quando vejo que contrariamente às criticas de toda a Comunidade Internacional, nomeadamente pelas vozes da OSCE e da EU, para quem a “segunda volta do escrutínio presidencial ucraniano não cumpre um número considerável de critérios para uma eleição democrática”, Vladmir Putin, telefonou já ao aparachik Ianukovitch para o felicitar pela eleição, dizendo-lhe que “a batalha foi dura, mas aberta e honesta, pelo que a vitória é convincente”.
Dezenas de milhares de ucranianos vieram para as ruas do centro de Kiev protestar contra o roubo dos seus votos e manifestar o seu apoio a Viktor Iushchenko. A “revolução laranja” ucraniana corre o risco de se tornar “vermelha de sangue”, neste país que é o 128° da tabela mundial, em termos de PIB por habitante, onde um salário mensal é da ordem de 32 euros e o desemprego afecta cerca de 12% da população.
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© NASA - Chris VenHaus
As auroras boreais (luzes do norte) são lindas e dinâmicas exibições vistas no céu nocturno. A maioria das auroras tem formas de tiras e cortinas. As luzes do norte são produzidas pela interacção do vento solar com o campo magnético da Terra. O Sol é um lugar tempestuoso e tão quente e dinâmico que não consegue conter a sua atmosfera pela força da sua gravidade. Então, a energia flui para fora do sol em direcção à Terra, num fluxo de partículas eléctricas. Esse fluxo de partículas carregadas é o chamado “vento solar”. A aurora boreal é uma grande bolha de campo magnético que inclina o vento solar que se forma, como um escudo, em volta da Terra. Vão ficar para a História as frases pronunciada por Jacques Chirac, em entrevista no princípio da semana à BBC: “O mundo tornou-se mais perigoso após a intervenção da coligação no Iraque. Não há dúvida que o terrorismo progrediu e que a situação no Iraque é uma das causas”.
Jacques Chirac inicia hoje uma visita oficial à Grã-Bretanha, onde vai presidir ao encerramento oficial das festividades do centenário do Entendimento Cordial entre Paris e Londres, “a aliança que visava pôr fim às rivalidades coloniais e a séculos de conflitos entre os dois Estados”.
Apesar de tudo, Chirac insiste que o entendimento continua a ser cordial. O Guardian, traça hoje o retrato de Chirac como “o presidente que passa raspanetes a Tony Blair pela sua moleza na questão do Iraque, ao mesmo tempo que lhe dirige a sua admiração pessoal e manifesta a sua ternura por Leo, o filho do primeiro ministro britânico. A que o Leo retribui com um “bonjour monsieur Chirac”.
Os camiões com ajuda humanitária, enviados a Fallujah pelo Crescente Vermelho iraquiano, foram obrigados a voltar para Bagdade, depois que os comandantes norte-americanos terem impedido a distribuição de comida, medicamentos e outros artigos de primeira necessidade à população civil que continua presa nas suas casas, sem água nem electricidade, há mais de dez dias. As pessoas não têm nada para comer e estão a beber água suja e contaminada que lhes provoca diarreias e outras doenças. Há corpos espalhados pelas ruas, mas ninguém tem coragem para sair de casa para os vir enterrar. Aqueles que podem, estão a enterrar crianças e outros familiares nos jardins das suas casas.
Onde é que está a consciência do Mundo?
Já era esperado, agora é oficial. O partido de extrema direita flamengo Vlaams Blok, condenado por racismo pela justiça belga, passou a chamar-se Vlaams Belang (Interesse Flamengo). Em congresso hoje realizado em Antuérpia, os responsáveis do partido pronunciaram a dissolução do Vlaams Blok e decidiram criar uma nova formação partidária que deixará de estar sujeita às decisões do Supremo Tribunal belga, que confirmou na passada terça-feira a sentença do Tribunal de Gand que condenara o Vlaams Blok a uma multa de 36.000 euros por “incitação permanente à xenofobia e ao racismo”.
O “novo” partido vai continuar a bater-se pela independência da Flandres, com a capital em Bruxelas, e pela expulsão dos imigrantes não-europeus, embora nos novos estatutos, como medida de protecção contra eventuais novos processos por racismo, figure a defesa da expulsão de todos aqueles que “rejeitem, neguem ou combatam as tradições europeias, como a separação da Igreja e do Estado, a democracia, a liberdade de expressão e a igualdade entre os sexos”.
Ontem, Cat Stevens recebeu das mãos de Mikhail Gorbachev um prémio pelo seu trabalho pela paz. A cerimónia, que decorreu em Roma, contradiz a teoria dos serviços secretos americanos segundo a qual Yusuf Islam teria ligações ao terrorismo.