BRITEIROS: outubro 2006 <$BlogRSDUrl$>








terça-feira, outubro 31, 2006

O Estado e a reivindicação

Há dias, a revista “Pública” publicou uma entrevista com o coordenador da Comissão de Trabalhadores da AutoEuropa, António Chora. Duas coisas nessa entrevista chamaram mais a minha atenção:
1ª ― “(...) outra questão que já está gasta, mas que também não está resolvida, é a da colocação de uma placa a indicar o caminho para a fábrica à saída da ponte Vasco da Gama: Na auto-estrada do Sul foram precisos 7 anos para colocar essa placa. Na A-12, os motoristas continuam a enganar-se e têm de ir a Setúbal e entrar na auto-estrada outra vez para cá chegarem. Isto é dramático, não só pelos custos elevadíssimos que tem, como pela mensagem que é transmitida aos investidores (...)”;
2ª ― “(...) Não conheço nenhum dirigente sindical a tempo inteiro que esteja desempregado, e assim é fácil fazer sindicalismo e dizer não a tudo (...)”.
Quanto à questão da placa, que dizer nestes tempos que o governo diz serem de simplex? Que o Estado continua uma máquina pesada e lenta, que há sempre qualquer coisinha que não lhe permite cumprir as suas funções, mesmo quando está em causa uma empresa tão falada, tão no centro das atenções, como tem sido a AutoEuropa?
Quanto ao sindicalismo, qualquer um que seja ou tenha sido sindicalizado neste país pode confirmar a sensação que já teve montes de vezes de que as direcções sindicais só se preocupam com os seus sócios nas grandes ocasiões, ou seja, quando precisam deles, designadamente em vésperas de eleições sindicais ou em vésperas das “grandes lutas” por aumentar os salários em vinte e cinco tostões e justificarem assim a sua (deles, dirigentes) existência. Na verdade, existem quadros sindicais mais agarrados ao seu lugar no sindicato do que o Jardim ao governo regional da Madeira. É uma espécie de “aristocracia proletária”, que já nem se lembra de como é o trabalho fora do sindicato, que vai vivendo a sua vidinha de todos os dias sem o patrão ou o chefe quotidianos e que, habitualmente, quando tem de pôr o nariz fora do sindicato e agitar umas bandeiras, tem pouca ou nenhuma imaginação e limita-se a pedir a esmola do costume (dinheiro, sempre dinheiro, ou qualquer coisa que a ele se reduza)... e em paz.

:: enviado por Manolo :: 10/31/2006 11:17:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

O Governo em Congresso

Aí está um artigo que, pela habitual clarividência de Medeiros Ferreira. vale mesmo a pena ler:

"Começar pela dramatização do estado das finanças públicas era algo que estava implícito desde o discurso de posse do Executivo de Santana Lopes, quando Jorge Sampaio fixou a este um mandato de sacrifício para ultimar a legislatura. Ora os mandatos de sacrifício recebem outra pujança lógica no início destas. José Sócrates contrastou vivamente com o seu antecessor, e por aí com os outros antecessores no Governo e no partido. Nem as duas derrotas partidárias consecutivas que se seguiram para as autárquicas e para as presidenciais afectaram o Governo ou foram tidas como tiros de aviso à governação. A direita moderna achou mesmo que o melhor par político para a estação Outono-Inverno seria o constituído por Cavaco Silva na Presidência e José Sócrates à frente do Governo."

Todo o artigo aqui---->>>

:: enviado por RC :: 10/31/2006 12:25:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Enquanto a História não parar de se repetir...

Faz hoje 50 anos que a França e a Grã-Bretanha, aliados a Israel, lançaram uma operação militar de grande envergadura para recuperar o controlo do Canal do Suez, que, em 26 de Julho de 1956, fora nacionalizado por Nasser, oficialmente com o intuito de assegurar o financiamento da barragem de Assuão, que os americanos lhe haviam recusado. Em represália, os bens egípcios tinham sido congelados e a ajuda alimentar suprimida. Os principais accionistas do canal eram, então, os britânicos e os franceses.
Oficialmente as partes em conflito procuravam uma solução diplomática, mas, no fundo, nem Paris nem Londres queriam desperdiçar o excelente pretexto para dar cabo de Nasser: Londres, para recuperar a sua influência perdida no Egipto, e Paris, para acabar com o apoio egípcio à rebelião nacionalista na Argélia. Para tal, aliaram-se secretamente ao jovem Estado de Israel, que nessa altura vivia em guerra com um Egipto que só pensava em riscá-lo do mapa.
Em 29 de Outubro, o plano avançou como previsto, com uma ofensiva do exército israelita no Sinai, que, apoiado clandestinamente pelo exército francês, infligiu uma derrota ao exército de Nasser. Logo após, franceses e britânicos ordenaram a israelitas e egípcios que se retirassem, em nome da defesa da liberdade de navegação. O Egipto recusou e... caiu na armadilha: no dia 31 de Outubro, as tropas franco-britânicas bombardearam o canal. E, quando, em 5 de Novembro, os pára-quedistas saltaram sobre Port-Saïd, já só encontraram um canal repleto de destroços de navios naufragados.
Mas... foi uma vitória sem futuro, pois o presidente americano, furioso por não ter sido informado, nem pelos seus dois aliados, nem por Israel, exigiu a retirada imediata de todos eles do canal. Estava-se em plena guerra-fria e os soviéticos foram mais longe e decidiram bravatear Paris e Londres com ataques nucleares. Juntos, como raramente se viu na História das Nações Unidas, Washington e Moscovo, obtiveram a saída do Egipto das forças estrangeiras.
No espaço de dois meses, Nasser transformou-se num herói do mundo árabe e o Canal no símbolo de um enorme fiasco da França e da Grã-Bretanha.


:: enviado por JAM :: 10/31/2006 08:34:00 da manhã :: 1 comentário(s) início ::

segunda-feira, outubro 30, 2006

Como os tempos mudam

Acabei de ouvir, na televisão, alguns representantes da nossa juventude afirmar que estão contra as aulas de substituição porque assim não podem ir para casa estudar.
Quando eu andava no liceu e tinha um furo, pensava em jogar á bola, namoriscar, jogar matraquilhos, falar com os amigos, polir a esquina do ginásio, mandar bocas aos que tinham aulas mas nunca, nunca me passou pela cabeça ir para casa estudar.
É bom saber que a nossa juventude não está contra as aulas de substituição porque os professores substitutos nem têm que ser da disciplina daquele que falta, porque não podem fazer mais nada do que entretê-los ou porque sobrecarrega os professores. Em suma, porque não servem para nada. A nossa juventude não quer aulas de substituição porque prefere ir para casa estudar.
Como os tempos mudam.

:: enviado por U18 Team :: 10/30/2006 10:15:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Sexo, drogas e rock'n' roll

Às vezes parece-me que o país (ou, pelo menos, um certo país...) não tem assim tantas razões para se queixar, e não digo isto pela grande quantidade de automóveis de gama alta que se vêem nas estradas ou pelos restaurantes cheios ou pela quantidade de gente que se passeia constantemente pelos centros comerciais. Não. Esta semana que passou, por exemplo:
― A avaliar pelos resultados de uma visita aleatória da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica a 54 sex-shops, o país não pode queixar-se da falta de "empreendorismo" (que raio de palavrão!), de dinamismo, de capacidade de correr riscos, de vontade de servir os clientes, dos empresários deste ramo: os ditos estabelecimentos funcionam com licença e sem ela, quase sempre com livro de reclamações disponível e oferecendo ao público os mais variados artigos , incluindo aqueles que a lei portuguesa não permite.
― No litoral entre a Póvoa do Varzim e Caminha, a Policia apreendeu uma maré branca constituída por 40 fardos de cocaína que deram à costa naquela zona. Consta que, pelo menos durante essa semana, uma boa parte da população residente mostrou constantemente um sorriso rasgado e um brilhozinho nos olhos, tendo deixado completamente de se ouvir na zona os habituais queixumes contra a vida e o (des)governo.
― Last but not the least, saiu essa semana, muito groovy, o último CD dos GNR, o grupo de pop-rock tripeiro liderado por Rui Reininho, comemorativo dos 25 anos da banda.


:: enviado por Manolo :: 10/30/2006 09:06:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

O triunfo de Lula

Ricardo Guedes, o prestigioso comentador político responsável da Sensus, um dos maiores institutos de sondagens brasileiros, explicava, dois dias antes da segunda volta, porque é que Lula iria ganhar: “É uma eleição definida e o factor determinante para a provável vitória do presidente [Lula] é a melhoria das condições de vida da população”.
Foi esse o grande argumento que fez com que Lula fosse eleito ontem por uma esmagadora maioria de votos. Para trás ficou todo um chorrilho de denúncias de corrupção ― a grande maioria confirmadas ― de um governo que só conseguiu manter a cabeça levantada porque entretanto as renúncias e as demissões, por actos irregulares no maneio dos fundos públicos, desfalcaram o elenco de “maior confiança” do Presidente. Mas Lula conseguiu salvar a sua imagem ou, pelo menos, a sua gestão foi tão favorável que superou as sombras da corrupção.
Agora, vai iniciar um novo mandato, com uma bagagem de experiência suficiente para evitar os erros do passado e poder concentrar-se sobre o que fez de bom e optimizá-lo. E, quanto mais depressa conseguir consolidar o plano interno, mais tempo vai ter para tentar recuperar a liderança perdida ― ou pelo menos disputada ― no contexto regional, em competição com Hugo Chavez e com a sua superabundante carteira de petrodólares. Essa tarefa aparece como a mais difícil, embora não impossível. O Brasil deve procurar restabelecer o equilíbrio, para não deixar agravar as assimetrias. Perdeu-se demasiada credibilidade na corrida económica e comercial comum, por entre o apetite político de Chavez e a arrogância de Kirchner.
O triunfo de Lula é pois, não só um triunfo da ordem e progresso dos brasileiros mais desfavorecidos, mas também um triunfo em prol do progresso dos outros movimentos sociais na América Latina.

:: enviado por JAM :: 10/30/2006 10:04:00 da manhã :: 2 comentário(s) início ::

domingo, outubro 29, 2006

Os filhos da Dra Manuela

Todos sabemos que os ataques aos direitos da função pública são, no fim da linha, o catalisador para ataques generalizados aos trabalhadores em geral. A mentira deliberada e a degradação que se vai viver nos serviços públicos provocarão a médio prazo o remeter de Portugal para uma cauda ainda mais cauda da Europa do Euro.

A mentira como arma politica e a ambiguidade como arma programática fazem parte de uma certa esperteza saloia dos governantes portugueses.


“João Proença, da UGT, acusou o Governo de se enganar deliberadamente na inflação. Para 2006, as metas eram 2,6% e o número final será próximo de 3%. No próximo ano, provavelmente os preços voltarão a subir mais do que a meta oficial de 2,1%. É um truque fácil para controlar a evolução dos salários e que tem sido usado sistematicamente pelo sucessivos governos.”

:: enviado por RC :: 10/29/2006 11:53:00 da manhã :: 1 comentário(s) início ::

sábado, outubro 28, 2006

Força, determinação e miolos

Como quase não se fala deste desporto em Portugal, fica aqui a noticia: a selecção portuguesa de rugby ganhou esta tarde à selecção da Rússia por 26-23. Com este resultado, Portugal fica a dois jogos de, pela primeira vez, se qualificar para o Mundial.


PS: A fotografia não é, obviamente, de um jogador português mas serve para ilustrar o que é o Rugby: Força, determinação e miolos.

:: enviado por U18 Team :: 10/28/2006 07:15:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Tirem as mãos do petróleo!

Ao observar agora toda esta espinhosa situação em Timor, vem-me à memória um dia dos finais de 2004 em que, para amenizar uma viagem de comboio entre Paris e o Luxemburgo, comprei o Le Monde Diplomatique. Trazia um excelente artigo que descrevia com extrema minúcia a maneira como a Austrália tem vindo a espoliar as jazidas de petróleo que pertencem a Timor-Leste. Durante a viagem, ainda tentei esboçar um texto que pudesse transformar essa longa história num compacto post para este blog.
Os afãs da altura não me deram oportunidade de o acabar. Confesso que também não fiz muito esforço. Em 2004, a indiferença do mundo em relação a Timor era tão grande que até a Shakira se insurgia contra essa indiferença. E, se houve alguém que beneficiou com essa apatia mundial, foi a Austrália.

Já em 1972 a Austrália tinha negociado com a Indonésia a partilha do mar de Timor. Uma das normas em vigor na época, para fixar as fronteiras marítimas, privilegiava a plataforma continental: a parte do leão (85%) ficava para a Austrália, deixando apenas 15% para a Indonésia. Mas Timor, que nessa altura era Portugal, recusou essa solução e a delimitação da fronteira entre a Austrália e Timor ― o chamado Timor-Gap ― ficou pendente de um acordo.
Quando, em 1975, Portugal deixou Timor, entrou em cena a Indonésia. Foi então que o embaixador australiano em Jacarta, Richard Woolcott, enviou ao seu governo um telegrama confidencial, revelado mais tarde: “Chegar a um acordo para fechar o ‘gap’ actual na fronteira marítima poderá ser mais fácil com a Indonésia do que com Portugal ou com Timor-Leste independente”... Infelizmente, trinta e um anos depois, a História deu razão a Woolcott.
“Sem a Austrália, Timor não será livre”, dizia Ramos Horta, em Maio de 2004. Três meses depois, numa conferência de imprensa colectiva ao lado do chefe da diplomacia timorense, o ministro dos Negócios Estrangeiros australiano, Alexander Downer, jogou o xeque-mate: “Timor pode perder o seu mais próximo amigo internacional. Para Timor-Leste a questão da soberania não é importante, mas as rendas são”.
Em resposta, Ramos Horta deixou bem clara a sua ideia de que os tribunais estavam fora de questão e que se deveria deixar de lado a questão da soberania, por dez ou vinte anos, para poder garantir a partilha dos recursos. Faltava só o Parlamento timorense ratificar os acordos... de submissão à lei do mais forte.
Deu no que deu.

Ontem fui à procura do tal artigo do comboio de 2004. Encontrei-o... em português.

Agora, só nos resta darmos de novo as mãos por Timor... e cantarmos alto e bom som.


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:: enviado por JAM :: 10/28/2006 11:06:00 da manhã :: 1 comentário(s) início ::

Os grandes, os enormes portugueses


Decididamente o canal público de televisão, a RTP, tem uma noção de serviço público, no mínimo, estranha.
Agora compraram na Inglaterra o formato a que, com pompa e circunstância, deram o nome de “Os grandes portugueses”. A RTP mostra-se um tanto renitente em qualificar o programa: ficamos sem saber se consideram aquilo um divertimento, um passatempo, uma espécie de concurso, uma espécie de talk-show, uma trapalhada, ou se aquilo é mesmo para levar a sério.
O que se sabe, de ciência certa, é que a D. Maria Elisa, eventualmente cansada do fog londrino, regressou à pátria e de imediato arranjou ali um trabalhito para a ajudar nas despesas da sua reinstalação.
Mais importante do que isso, sabe-se também que, com este programa, arranjaram maneira de dar visibilidade aos saudosos da “outra senhora”, que não serão tantos como isso, mas que nem por isso irritam menos. A própria RTP, ao aceitar incluir Salazar na lista das “sugestões/exemplos”, admite que se trata de um grande português. Sujeitar este “personagem” ao voto popular, deve fazer com que ele dê várias voltas no túmulo, uma vez que, quando vivo, nunca permitiu que o povo se pronunciasse livremente sobre a sua pessoa e o seu governo.
E que dizer da inclusão na tal lista desses grandes “músicos” (os reis da fuga...) que são António Guterres e Durão Barroso? Já embalados nesta vertigem, porque não incluir também Santana Lopes?...E Fátima Felgueiras?...E por aí fora...
Polémicas á parte, como é possível, hoje em dia, individualizar assim a História? Foi o infante D. Henrique que partiu nas caravelas? Foram os reis que deram o corpo ao manifesto nas várias guerras que aqui se travaram ao longo da História ? Será que as pessoas em geral, os anónimos, os não-famosos, o zé-povinho (ou, se quiserem, o zé-ninguém), para não dizer “o povo” (já que a palavra está muito gasta), não tiveram nenhum papel relevante na História?...
E, por último, como é possível comparar o incomparável, alhos com bugalhos, o Mourinho com Afonso Henriques, Amália com António Damásio, Mário Soares com Mariana Alcoforado, Saramago com Rosa Mota?...
Diz quem nos governa que o dinheiro é pouco, que os cofres doEstado estão meio-vazios, que temos (os do costume, claro) de contribuir com mais algum e, depois, gastam o nosso rico dinheirinho nestas coisas. Haja paciência!

:: enviado por Manolo :: 10/28/2006 10:11:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

sexta-feira, outubro 27, 2006

A música e a política

Se houvesse uma eleição dos Grandes Programas da Rádio Portuguesa, eu, muito provavelmente, votaria nas Grandes Músicas, de António Cartaxo. Se alguém me dissesse que não gosta de música clássica, eu, muito provavelmente, dir-lhe-ia que nunca ouviu nenhum programa desse espantoso animador, que eu tive a satisfação de conhecer, quando ele vivia no Luxemburgo.
António Cartaxo sabe, como ninguém, misturar as músicas, como um pintor mistura as cores na paleta. Por isso, resolvi deixar-vos um desses matizes, com que ontem ele pintou certo encontro entre Kouts e Stalin:

Albert Kouts tinha 35 anos quando eclode a revolução russa de 1917. Era já nessa altura um maestro famoso em toda a Europa, tendo alcançado grandes êxitos em salas de ópera alemãs, inglesas e na sua São Petersburgo natal. Fora educado em Inglaterra, mas era russo. Os acontecimentos de 1917 não contam com a sua adesão. Porém, antes de sair da União Soviética, em 1919, regeu vários concertos para os dirigentes da nova ordem. Num deles é abordado, no final, por um certo Josef Stalin, que lhe faz ver que não apreciara a música. “Não tem força política”, afirmou Stalin. Kouts retorquiu de pronto, precisamente na mesma moeda: “porque é que me diz isso? Eu jamais o acusaria de a sua política ser pouco musical” ― resposta pronta e corajosa. Sim,... porque a música de Stalin era outra!...

Não consegui encontrar nenhuma peça de Kouts, mas encontrei uma outra das tonalidades do programa de ontem, um outro compositor que, como diz Cartaxo, “jamais abandonou a URSS, que criticou e sobreviveu a todas as críticas do regime” e, como dizia Rebatet, “um alto funcionário da semicolcheia e do trombone”. De seu nome Dmitri Shostakovich.
A valsa que escolhi é, além disso, uma homenagem ao visionário Kubrick e ao seu perturbante Eyes Wide Shut.


:: enviado por JAM :: 10/27/2006 10:01:00 da manhã :: 3 comentário(s) início ::

quinta-feira, outubro 26, 2006

Alguém me pode indicar um televisor 16:8,5?

Julgo que foi a CNN que inventou a coisa. Enquanto o apresentador(a) lê as notícias, uma tirinha desfila no rodapé do ecrã com os principais títulos do dia. Como quase todas as ideias más, foi depois copiada por quase todos os canais noticiosos do mundo. E pelas televisões generalistas portuguesas.
Se nos telejornais ainda se pode tolerar, já que poupa a maçada da hora e meia de notícias que os nossos canais acham ser informação, porquê nos programas de entretenimento? ou nos filmes?
Para os filmes ainda tenho a minha teoria de que seja para evitar as gravações - apetece-me muito pouco rever um filme, daqui a um ou dois anos, que me anuncia, de cinco em cinco minutos, um Benfica-E. Amadora para as 19:15.
Mas porquê nos outros programas? Embora ache que o programa não faz muito sentido, predispunha-me ontem a assistir ao debate do “Grandes Portugueses” na RTP1. Desde o início do programa começaram a desfilar opiniões no rodapé do ecrã. Como tenho este hábito, vindo do cinema, de não conseguir olhar para mais nada quando aparecem letras no ecrã e como, ao contrário das legendas dos filmes, as letras não param de desfilar, desisti de seguir o debate. Na verdade e para além de outras sugestões menos originais, só me lembro de que a Vanessa da Bobadela prefere a Vanessa do Triatlo e o Tiago de Gondomar vai mais pelo Mourinho. Sem qualquer desrespeito pela Vanessa e pelo Tiago, convenhamos que não é grande coisa após uma hora de televisão.
E estou farto. Se quiser ler, leio jornais, livros, revistas, blogs. Não leio na televisão. Televisão é imagem e som e, quando é bem feita, até pode ser interessante.
Sendo assim e não querendo chegar ao caso extremo de um familiar que colocou uma tira de fita isoladora preta no fundo do ecrã, alguém me poderia indicar onde posso encontrar um televisor com um ratio de 16:8,5? Ou, melhor ainda agora que estamos na era do digital, dotado de um botão que elimine mensagens que desfilam?

:: enviado por U18 Team :: 10/26/2006 09:50:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

Perguntar não ofende (33)


© desenho de Bandeira

Depois de muitos meses, os sindicatos concordaram que [...] a introdução da avaliação é “fundamental para avaliar os bons professores”, afirmou José Sócrates em Faro.
A minha experiência profissional de trinta anos ― dos quais vinte sob sistemas de avaliação ― diz-me que isso não vai melhorar nada. O futuro dar-me-á razão. Todos sabemos que o ser humano não foi programado para avaliar outro ser humano. Não é culpa de ninguém... fomos feitos assim pelo Criador!
Mas, admitindo que esta resolução vai para a frente, pergunto: será que idêntica decisão não será igualmente (ou ainda mais) “fundamental” no Ministério da Justiça “para avaliar os bons magistrados”?


:: enviado por JAM :: 10/26/2006 11:00:00 da manhã :: 2 comentário(s) início ::

Barbárie ... Não!!!


"Chamam-se Parisa, Iran, Khayrieh, Shamameh, Kobra, Soghra e Fatemeh, vão ser um dia destes enterradas até ao pescoço e, depois, uma multidão ululante apedrejá-las-á até à morte (durante horas, porque, de modo a que morram vagarosamente, a lei islâmica proíbe que sejam atiradas pedras muito grandes). Foram condenadas, nos termos do art.º 83.º do Código Penal do Irão, a morrer assim por terem alegadamente cometido adultério e por "animosidade contra Deus". O Irão é um país-membro da ONU e subscritor do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (do mesmo modo que é também subscritor da Convenção dos Direitos das Crianças e continua a torturar e a condenar menores a penas de fustigação, amputação, enforcamento e apedrejamento; segundo a ONU, só este ano foram condenadas à morte no Irão oito crianças)."
in JN de 26/10/06.
..........................................................................................................
Se mais não está ao nosso alcance ... apoiemos a campanha contra a lapidação destas mulheres.

http://www.es.amnesty.org/

:: enviado por ja :: 10/26/2006 10:08:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

quarta-feira, outubro 25, 2006

Pagar na mesma moeda

O post do JR aqui publicado há duas semanas deu lugar a uma efusiva discussão na caixa dos comentários (não é por nada, mas uma série de 5 comentários aqui no Briteiros é quase um congresso). Num desses comentários, JR escreveu uma ideia que eu subscrevo totalmente:

O insulto é um conceito subjectivo e aceitar a violência como resposta é abrir um caminho que tornaria praticamente impossível qualquer relação humana. No caso dos muçulmanos (ou qualquer outra religião, país, grupo, etc.) creio que seria muito mais inteligente demonstrar pelas ideias o quanto estão errados aqueles que criticam o Islão do que ameaçá-los de morte.

Como não são muitos aqueles que julgam os muçulmanos suficientemente inteligentes para darem passos dessa natureza, é de louvar o bom-senso de Abdennour BIDAR, que hoje publicou, no diário francês Libération, uma “carta de um muçulmano humanista a Robert Redeker”:

Caro senhor Redeker, antes de mais, permita-me que me apresente: Tal como você, eu sou professor de filosofia. Sou, ao mesmo tempo, indissociavelmente, muçulmano. Tento incutir nos meus alunos a prática do espírito crítico e a defesa de uma total liberdade de expressão. Mas, o uso dessa liberdade não é nada fácil. Há pessoas que a utilizam irreflectidamente, chegando por vezes ao ponto de exprimir uma aversão xenófoba.
Quero que saiba que, nem por um instante, me passou pela cabeça exigir a mínima restrição da sua liberdade de expressão. O seu direito de opinião é incondicional. Quer você tenha escrito esse artigo sobre o islão por convicção quer por provocação, quer você seja competente ou incompetente sobre o assunto, quer os seus pareceres sejam responsáveis ou irresponsáveis, quer eles sejam juridicamente condenáveis por incitação ao ódio quer sejam perfeitamente compatíveis com os nossos contornos legais, isso para mim é irrelevante e ninguém me impedirá de maneira nenhuma de o considerar como um interlocutor à altura, como um homem a quem eu tenho o dever de prestar atenção. Por isso, dirijo-me hoje a si, da mesma forma directa e pública, para lhe exprimir antes de mais a minha profunda compaixão pela sua situação actual. Estou escandalizado com o que lhe acontece. [...]


in Libération, 25 de Outubro. O artigo integral, aqui.


:: enviado por JAM :: 10/25/2006 01:04:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

terça-feira, outubro 24, 2006

O enterro do bacalhau

Na “lista vermelha” de espécies ameaçadas de extinção, publicada pela União Mundial para a Conservação da Natureza (UICN), estão, este ano, 16.119 espécies de animais e plantas.
Agora, o próprio “fiel amigo” (não, não estou a falar do cão, mas do bacalhau) está a precisar de uma moratória no Mar do Norte. Nos últimos 30 anos, a captura de bacalhau diminuiu 70%. A continuar assim, não haverá bacalhau no Atlântico dentro de 15 anos ― dados e previsões do WWF.
Não milito em nenhuma organização ecologista e não tenho procuração de nenhuma delas, mas chateia-me que se fale dos ecologistas com ar pretensamente superior, que se comentem as suas teorias e práticas como se eles fossem uns tipos bizarros, extravagantes, meio lélés, ou pior ainda: fundamentalistas e/ou "eco-terroristas".
Porque, afinal, toda a gente está careca de saber que:
― o planeta parece grande, mas é finito e, assim sendo, os recursos são, à partida, limitados;
― o clima está a mudar para pior e está cientificamente provado que a actividade humana é em grande parte responsável por isso;
― a Natureza está a ser constantemente e cada vez mais agredida e está cada vez mais acuada pela actividade humana, e o seu poder de regeneração ameaça esgotar-se, não aguentando tanta pressão;
― e o sistema económico dominante no planeta (o capitalismo ― chamemos os bois pelos nomes!) está cada vez mais voraz, mais exigente, mais incapaz de se auto-conter, de se auto-limitar, exigindo sempre mais e mais...
Ainda por cima, a critica aos ecologistas vem daqueles que abrindo as torneiras têm água, abrindo a porta do hiper e a carteira têm comida, ligando o interruptor têm energia eléctrica, fazendo 18 anos podem votar e decidir dos seus destinos, e que, sendo assim, deveriam(os) pensar, pelo menos, no quão privilegiados são(somos) e na distância que (n)os separa dos que não têm diáriamente, água potável, comida, paz, que não têm abrigo que os proteja contra as consequências das alterações climáticas, que habitualmente não são chamados a votar seja o que for...
E, por falar em votar, já pensaram que as gerações futuras (no caso de virem a existir...) não têm voto na matéria, isto é, têm de limitar-se a aceitar o planeta no estado em que o deixarem as gerações presentes?...

:: enviado por Manolo :: 10/24/2006 10:26:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Quando o debate é o primeiro a abortar

Quando se debate o tema da interrupção voluntária da gravidez, parece sempre que o debate de ideias é o primeiro a abortar. Num “debate” organizado pelo CDS-PP, o bastonário da ordem dos advogados afirmou: [...] os juízes terão “as suas consciências jurídicas arranhadas”. “Que a Interrupção Voluntária da Gravidez às dez semanas não seja crime e às onze já seja, do ponto de vista da valoração do ilícito não faz qualquer sentido”.
Sendo um mero cidadão sem nenhum conhecimento específico nos meandros do formalismo jurídico, pensava que a lei era isso mesmo: estabelecer limites para o comportamento em sociedade. E supunha também que um juiz se vê confrontado regularmente com estes “arranhões” da consciência quando, por exemplo, condena alguém por homicídio e iliba se a morte for em legitima defesa.
Se a discussão é para continuar à volta destes argumentos, o melhor é pôr já a circular fotografias de fetos mortos, crianças a sorrir e mulheres felizes com bebés nos braços.
Não será tão “inteligente” mas será, certamente, mais eficaz.

:: enviado por U18 Team :: 10/24/2006 10:00:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Prémios Bobs 2006

Para os mais fanáticos destas coisas da blogosfera, está a decorrer, de 23/10 a 11/11, a escolha dos melhores blogs de 2006, promovida pela Deutsche Welle. Para além da eleição ― pelos utilizadores através de votação online ― do campeão absoluto dos weblogs, serão ainda escolhidos os melhores blogs em cada uma das dez línguas do concurso, entre as quais o português, com especial atenção para os blogs que se dedicam aos temas de discussão pública, com comentários e análises dos acontecimentos quotidianos.
Mais informações no site The BOBs – Best Of The Blogs.

:: enviado por JAM :: 10/24/2006 12:06:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

segunda-feira, outubro 23, 2006

O Pior Português de Sempre



Participe. Vote em quem quiser. Vote aqui.


:: enviado por JAM :: 10/23/2006 09:34:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Manuel Alegre e o orçamento

http://www.tsf.pt/online/common/include/streaming_audio_radio.asp?audio=/2006/10/noticias/21/palavra21.asx

:: enviado por RC :: 10/23/2006 04:15:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Só agora

"Maioria das escolas do 1º ciclo ainda não tem biblioteca

Segundo dados do Ministério da Educação, 807 escolas públicas do primeiro ciclo e 963 de outros níveis de ensino possuem aquele tipo de instalações, no âmbito do Programa Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), que abrange 770.099 estudantes.

Ainda assim, falta instalar bibliotecas escolares no âmbito do Programa RBE em 81% dos estabelecimentos do 1º ciclo, sendo que nos outros graus de ensino apenas 12% estão por contemplar."

Como é fácil de deduzir tem havido ao longo dos últimos trinta anos uma grande preocupação com a leitura e a criação de hábitos desde a mais tenra idade. Felizmente a nossa comunicação social conseguiu descobrir este facto tão bem escondido há três décadas... É preciso saber que a maioria dos poucos livros que existem nas nossas escolas do 1º ciclo foram fornecidos no período que antecedeu a nossa entrada para a CEE...

Curioso?



:: enviado por RC :: 10/23/2006 12:57:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

domingo, outubro 22, 2006

E os barbeiros?

"Os doentes com cancro, sida e hepatice C, entre outros que sofrem de patologias graves, vão poder tomar os medicamentos nas farmácias e não apenas nos hospitais."

Com os barbeiros poupava-se muito mais....

:: enviado por RC :: 10/22/2006 09:30:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

Aceitamos?


Acham que devemos aceitar?

:: enviado por RC :: 10/22/2006 07:50:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa


O sr. secretário de Estado adjunto da Indústria e Inovação afirmou, há dias, que a culpa da subida em foguete dos preços da energia eléctrica prevista para 2007 era dos consumidores – nem mais, nem menos.
O sr. secretário estaria num daqueles dias infelizes que toda a gente tem, como depois reconheceu, mas o que é facto é que, por mais arrogante e imbecil que tenha parecido, à 1ª vista, aquela declaração, ela tem um fundo de verdade.
Porque, afinal, a culpa é nossa, a partir do momento em que acreditámos que a privatização da EDP e a liberalização da energia iriam fazer baixar os preços desta e beneficiar em toda a linha os seus consumidores.
Aliás, bem vistas as coisas, a culpa é sempre nossa, em última instância:
Temos culpa de vivermos tempo demais e de não termos tantos filhos como deveríamos (já toda a gente ouviu falar do “exército industrial de reserva”, presumo…), deixando assim de pantanas a Segurança Social;
Temos culpa de não sermos tão facilmente despedíveis (descartáveis seria o termo mais exacto) como gostariam os nossos empregadores/empreendedores, e de, após o despedimento, irmos torrar (provávelmente nas Maldivas...) o dinheiro do Fundo de Desemprego ou do Rendimento Mínimo Garantido;
Temos culpa de ficar doentes a ponto de querermos à viva força ser internados nesses hotéis de 5 estrelas que são os hospitais públicos e submetidos a cirurgias várias (a nossa costela masoquista...);
Enfim, temos culpa de praticamente tudo…
Sobretudo temos culpa de uma coisa: de andarmos, há três décadas, a votar e a indicar para os sucessivos governos sempre os mesmos fulanos, esses que fizeram com que as coisas chegassem a este estado e que agora têm a lata (ou será mais exacto dizer: a franqueza?) de nos dizerem na cara que a culpa é nossa.

:: enviado por Manolo :: 10/22/2006 05:33:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Na caixa do correio

No meio do lixo que todos recebemos diariamente, às vezes lá calha algo de maior interesse. Não resisto a transcrever, com aquela pontinha de inveja de não ter sido eu o autor:

"Eduardo Prado Coelho. Professores

O umbigo da Ministra da Educação deve ser tão GRANDE que não a deixa ver/ ouvir opiniões diferentes da sua. Há qualquer coisa que não está a funcionar bem no Ministério da Educação. Existe uma determinação em abstracto do que se deve fazer, mas compreensão muito escassa da realidade concreta. O que se passa com o ensino do Português e a aprendizagem dos textos literário é escandaloso. Onde deveria haver sensibilidade, finura e inteligência na compreensão da literatura, há apenas testes de resposta múltipla completamente absurdos. Assim não há literatura que resista. Há tempos, dei o exemplo da regulamentação por minutos e distâncias de determinadas provas. O ministério respondeu-me que se baseavam na mais actualizada bibliografia e que tinham tido reacções entusiásticas perante tão inovadoras medidas. Não me convenceram minimamente. Trata-se de dispositivos ridículos e hilariantes, que provocam o mais elementar bom senso.

O problema reside em considerar os professores como meros funcionários públicos e colocá-los na escola em sumária situação de bombeiros prontos para ocorrer à sineta de alarme. Mas a multiplicação de reuniões sobre tudo e mais alguma coisa não permite que o professor prossiga na sua formação científica.

Quando poderá ler, quando poderá trabalhar, quando poderá actualizar-se? Não é certamente nas escolas que existem condições para isso. Embora na faculdade eu tivesse um gabinete, sempre partilhado com mais quatro ou cinco pessoas, nunca consegui ler mais do que uma página seguida. Não existem condições de concentração. Pelo caminho que as coisas estão a tomar, assistiremos a uma barbarização dos professores cada vez mais desmotivados, cuja única obsessão passa a ser defenderem-se dos insultos e dos inqualificáveis palavrões que ouvem à sua volta. A escola transforma-se num espaço de batalha campal, com o apoio da demagogia dos paizinhos, que acham sempre que os seus filhos são angelicais cabeças louras. E com a cumplicidade dos pedagogos do ministério.

Quando precisaríamos como de pão para a boca de um ensino sólido, estamos a criar uma escola tonta e insensata.

Neste benemérita tarefa tem-se destacado o secretário de Estado Valter Lemos. É certo que a personagem se diz e desdiz, avança e volta atrás,a maior das facilidades.
Mas o caminho para onde parece querer avançar é o de uma hostilização e incompreensão sistemática da classe dos professores.Com isto prejudica o país, e prejudica o Governo, com um primeiro-ministro determinado e competente, mas que não pode estar atento a todos os pormenores. E prejudica o PS, mas não sei se isto preocupa. Vem agora dizer que o professor deve avisar previamente que vai faltar, o que no limite significa que eu prevejo com alguns dias antecedência a dor de dentes ou a crise de fígado que vou ter. E que deve dar o plano da aula que poria em prática caso estivesse em condições. Donde, as matérias são totalmente independentes de quem as ensina, basta pegar no manual, e ala que se faz tarde. Começa a tornar-se urgente uma remodelação do Governo, mas isso é tema delicado a que voltarei mais tarde.

Professor universitário, Eduardo Prado Coelho"

:: enviado por RC :: 10/22/2006 03:58:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Quando um circuito integrado se cruza com um génio do marketing

Comprei um livro na Amazon UK. Dá pelo título de “Mao: The Unknown Story” e, como já devem ter adivinhado, é uma biografia não oficial de Mao TseTung.
Não sou um grande fan de biografias mas no caso de Mao tenho alguma curiosidade em tentar perceber como é que uma pessoa que é a própria negação da ideologia que professa, consegue chegar ao poder no país mais populoso do mundo e aí manter-se dezenas de anos levando milhões de pessoas (eu incluído, apesar de brevemente) a acreditar nas suas palavras e a segui-lo cegamente.
Mas não é nem o livro nem Mao que me trazem aqui. Uns dias após a compra, recebi um E-Mail da Amazon com a recomendação de comprar a biografia de Dean Acheson (!?). Não entendi muito bem a relação e julgo que, à parte terem livros biográficos, pouco terão em comum. Também nada me move contra o senhor que acho respeitável e importante no pós-guerra. Acontece apenas que a vida de Dean Acheson está para aí no 373° lugar da minha lista de preferências biográficas e, calculo, no 7392° lugar dos livros que ainda quero ler.
Mais, como ao mesmo tempo comprei um disco de Frank Zappa e um livro de Philip K. Dick (isto é só para mostrar quão vasta é a minha cultura), a Amazon recomenda-me agora a compra de quase todos os discos de Zappa (que já tenho) e os livros de K. Dick (que também já possuo).
Ou seja, o cruzamento de um circuito integrado com um génio do marketing resultou em recomendações inúteis, num chorrilho de E-Mails e 846 (!) sugestões na página dita pessoal da Amazon. O que é irritante.
Já passou uma eternidade desde o tempo em que comprava os meus livros numa pequena livraria em Benfica. Conhecia o dono, conversávamos, bebíamos uma cerveja, em suma, sabiam quem eu era. Era com naturalidade que me recomendavam livros. Raramente me decepcionaram.
Hoje, na era do mercado global, as empresas sonham em vender em massa e conhecer cada cliente individualmente. O resultado está à vista.
Gostava de encomendar o “Sexus” do Henry Miller mas tenho medo do que me vão recomendar...

:: enviado por U18 Team :: 10/22/2006 03:49:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

sábado, outubro 21, 2006

Pobreza e hipocrisia

"À margem de um Fórum Educativo, em Lisboa, Maria de Lurdes Rodrigues disse que «os 'rankings' feitos com base nos resultados dos exames do secundário dão uma visão das escolas muito pobre».

Estas declarações surgiram depois da divulgação pública dos resultados dos exames nacionais do ensino secundário, por estabelecimento, que permitem elaborar uma lista de classificativa das escolas, em função das notas dos seus alunos."

Pobre e hipócrita é chorar lágrimas de crocodilo. Primeiro divulgam-se dados e depois critica-se o único tratamento que pode ser dado a esses mesmos dados...

Nem todos deviam chegar a generais...

:: enviado por RC :: 10/21/2006 08:26:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Sábado

Na mais recente revista Sábado.

:: enviado por RC :: 10/21/2006 07:15:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Perguntar não ofende (32)

Os Ministérios vão «apertar o cinto». E os Ministros?


:: enviado por JAM :: 10/21/2006 02:22:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

As Scut não foram um disparate

Fazendo eco da Câmara Corporativa ― que só por isso merece entrar para a blogroll aqui ao lado ― associamo-nos ao VPV e à sua campanha em defesa das Scuts.

O eng.º Sócrates, faltando a uma promessa eleitoral, resolveu abolir as Scut na Costa da Prata, no grande Porto e do Porto a Viana. Mas, felizmente, ficou o resto e o resto é um terço de Portugal, que precisa de mais Scut, não de menos. Como a Ota e o TGV (que, aliás, me custaram a engolir), as Scut não são uma despesa inútil ou facultativa. São a única maneira de Portugal deixar de ser uma tirinha esquálida e apinhada de gente, no fundo da Europa.
Vasco Pulido Valente, Público, 20 de Outubro. O artigo integral, aqui.


:: enviado por JAM :: 10/21/2006 10:10:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

Putin acossado em Lahti

O jantar da noite passada, entre o presidente russo e os vinte-sete, resvalou e quase deu em pugilato. A União não conseguiu falar “a uma só voz”, como tinha prometido e como nos garantiu Sócrates no telejornal. Pelo contrário, os primeiros-ministros dos países bálticos e o presidente da Polónia decidiram atacar violentamente Putin, acerca da situação na Chechénia e na Geórgia. Logo Josep Borrell, o presidente do PE, achou que era altura de interrogar o presidente russo sobre as duas dezenas de jornalistas assassinados no seu reinado e nomeadamente sobre a morte de Anna Politkovskaya: “esse assassinato causou uma enorme emoção na União e o Parlamento Europeu fez um minuto de silêncio em sua memória, o que é muito raro”. E acrescentou: “Será que a Rússia ainda é uma democracia?”. Em seguida, o primeiro-ministro dinamarquês, e depois o sueco, ecoaram sobre o mesmo tema.
Descomposto e furioso, Putin resolveu atacar os autarcas espanhóis que são todos corruptos e que até estão na prisão e atirou-se a Romano Prodi que, coitado, nem tinha aberto o bico, que “máfia é uma palavra italiana e não russa”. Imaginem a cena!... Depois fez notar que não podia controlar tudo no seu país e que a morte de Anna Politkovskaya também o tinha transtornado...
De acordo. Não se deve acusar ninguém sem provas. Mas o certo é que Anna Politkovskaya foi vilmente assassinada com vários disparos de uma pistola makarov, a mesma que a polícia russa costuma utilizar.
Não se pode deixar o presidente russo em paz, enquanto não for feita luz, toda a luz, sobre uma tragédia que foi também uma provocação. É preciso fazer com que não haja uma cimeira, uma visita de Estado, uma conferência de imprensa, sem que lhe seja perguntado, infatigavelmente: “Como é que vai a investigação do caso, senhor presidente?”; “O que tem a dizer-nos de novo sobre as investigações desse crime cometido literalmente diante dos seus olhos?”. Anna Politkovskaya era a consciência da Rússia. Agora, vai ter que converter-se na má consciência do seu actual presidente, no fantasma que o atormenta, no seu remorso.
Só foi pena que o nosso primeiro-ministro não tenha tido a coragem de alinhar ao lado dos seus homólogos do Norte.

:: enviado por JAM :: 10/21/2006 12:10:00 da manhã :: 3 comentário(s) início ::

sexta-feira, outubro 20, 2006

Perguntar não ofende (31)

Será que os escoceses não percebem nada de futebol?

[O Benfica é ...] “uma equipa dinâmica, com processos de jogo cada vez mais consolidados, fundamentalmente nos aspectos ofensivos, com boa circulação de bola, muita dinâmica, com os jogadores em movimento e em condições de criarem situações muito positivas. No aspecto defensivo, as coisas também já estão a começar a funcionar razoavelmente bem”.
Fernando Santos, treinador do Benfica

:: enviado por U18 Team :: 10/20/2006 11:17:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Desesperadamente à procura de uma saída

“Deprimente”. Foi a palavra escolhida pelo porta-voz do exército americano no Iraque, para qualificar a situação actual. Desde o início do Ramadão, em 24 de Setembro, os actos de violência aumentaram mais de 20%. 73 soldados americanos perderam a vida nas últimas três semanas. Só na Terça-feira passada morreram dez.
Goeorge W. Bush, pela primeira vez, comparou o Iraque ao Vietname... embora depois tenha tentado dar o dito por não dito. A comissão especial sobre o Iraque, criada pelo Congresso com o apoio da Administração Bush, propôs uma série de soluções que vão desde a retirada progressiva das tropas, até à participação do Irão e da Síria num esforço comum para acabar com a violência.
Mas, se a Casa Branca já percebeu que é preciso sair do impasse, acima de tudo tem receio de dar a impressão que está a recuar e a fraquejar ― o que contraria a imagem que o presidente americano sempre quis impor.


:: enviado por JAM :: 10/20/2006 10:13:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

O que é mais assustador: as tempestades ou a ecologia?

O ex-quase-presidente dos EUA, Al Gore, reapareceu para nos apresentar, em formato de filme, o fim do mundo daqui a 10 anos. Isto, claro, caso não arrepiar-mos caminho e não renunciar-mos a esta vida de pecado contra o Ambiente.
O filme chama-se “Uma Verdade Inconveniente” e está em exibição num cinema perto de si.
O último livro de Crichton, “State of Fear”, embora naquela linguagem comprem-me-os-direitos-para-fazer-um-filme, aborda dois temas interessantes: o eco-terrorismo e o financiamento deste tipo de pesquisa cientifica.
Que se saiba, ainda não chegámos ao eco-terrorismo mas, atendendo à forma cada vez mais fundamentalista como o assunto é tratado, será que num futuro próximo haverá alguém capaz de matar para provar as suas teorias sobre o Ambiente?
O financiamento científico é um pouco mais complexo mas, simplificando, se eu for pago para corroborar a teoria do aquecimento global, o que é que faço se tiver dados contraditórios? Digo que não tenho a certeza mesmo que isso signifique o fim dos subsídios?
O Ambiente é um assunto demasiado sério para ser tratado num contexto de terrorismo intelectual ou de objectivos pessoais. Na nossa presunção de que sabemos tudo sobre tudo, achamos que já sabemos tudo sobre o Clima. Não sabemos. Enquanto nos entretemos com aquecimentos globais e camadas de ozono, o ar das cidades vai ficando cada vez mais irrespirável, os rios e os lagos cada vez mais mortos e continuamos a depender quase exclusivamente de combustíveis fósseis. Só que não se trata de um problema de Aquecimento Global ou de catástrofes naturais. É um problema de saúde pública e de modelo industrial.
Não sei se Al Gore é mais competente a prever o futuro do que a ganhar eleições. De qualquer maneira, a acreditar nele, estamos feitos: ou morremos de fome a viver em cavernas ou morremos de catástrofe natural.
Não sei o que é mais assustador, se as tempestades se certo tipo de ecologia.

:: enviado por U18 Team :: 10/20/2006 08:47:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

O preço da palha

Mais 16% pela palha para o burro? Não? Então 8% que lhe parece? É metade...

Só há um ligeiro senão: a palha não faz falta nenhuma.

"António Mexia afirmou que o aumento das tarifas vai ter um impacto nulo na vida da EDP"

Parece justo perguntar por que é que havemos de pagar mais palha?

Lá diz o velho ditado: " Um olho no burro e outro no cigano"

:: enviado por RC :: 10/20/2006 01:21:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Hoje em Aveiro

"Dia 20 de Outubro pelas 21.30 no Auditório da Biblioteca Municipal de Aveiro, ocorrerá uma sessão/debate aberta ao público sobre a Moção "Solidariedade e Cidadania", que contará com a presença dos seus dois primeiros subscritores, Helena Roseta e José Leitão.

Será uma oportunidade de conhecer mais de perto uma das moções globais apresentadas ao XV Congresso Nacional do Partido Socialista.

Estão convidados todos os interessados, militantes ou simpatizantes do Partido Socialista, para comparecerem e participarem neste debate."


Moção "Solidariedade e Cidadania"

:: enviado por RC :: 10/20/2006 01:18:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

quinta-feira, outubro 19, 2006

O Equador em erupção

Enquanto o vulcão Tungurahua continua a fumegar, os equatorianos foram às urnas, no Domingo passado, sem grande entusiasmo. Era preciso ir, porque o voto é obrigatório, mas foram, algo constrangidos, já que o Equador tem sido, nos últimos anos, o campeão mundial da instabilidade. Três presidentes foram demitidos e já se perdeu a conta ao número das vezes em que a Constituição foi alterada e das manifestações populares.
Os dois candidatos que passaram à segunda volta não são políticos vindos dos partidos tradicionais que, no Equador, estão completamente deslegitimados. O candidato conservador, Álvaro Noboa, é um multimilionário, que fez fortuna no negócio das bananas. Fez uma campanha de tal modo populista, que chegou ao desplante de distribuir computadores, medicamentos e roupas aos que vivem abaixo do limiar da pobreza, ou seja 60% da população.
O outro candidato da segunda volta, Rafael Correa, assume-se como um “esquerdista cristão”, candidato anti-sistema e partidário da revolução bolivariana. Tagarela crónico, Correa prometeu uma moratória sobre o pagamento da dívida externa e a ruptura com os Estados Unidos e com o TLC. Ah! E prometeu também a criação de uma nova Assembleia Constituinte.
O clima da campanha para a segunda volta é de suspeição máxima, que começou já com uma “avaria” no sistema de contagem dos votos, quando só estavam apurados 70%. Paira a dúvida sobre qual dos dois candidatos ficará realmente em primeiro e em segundo lugar (!...) mas, pelo menos, parece não haver dúvidas de que foram eles os dois os mais votados.
A segunda volta terá lugar em 26 de Novembro. Até lá, vai valer tudo, nesse país latino-americano belíssimo... e tão maltratado.

:: enviado por JAM :: 10/19/2006 02:26:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

quarta-feira, outubro 18, 2006

Eça é que é essa

Fomos outrora o país do caldo da portaria, das procissões, da navalha e da taverna.(…) fizemos muitas revoluções para sair desta situação. Ficámos exactamente em condições idênticas. O caldo da portaria não acabou. Não é já como outrora uma multidão pitoresca de mendigos, beatos, ciganos, ladrões, caceteiros, carrascos, que o vai buscar alegremente ao meio-dia cantando o Bendito; é uma classe média inteira, que vive dele, de chapéu alto e paletó.
Este caldo é o Estado. A classe média vive do Estado. (…) O Estado é a esperança das famílias pobres, e das casas arruinadas, é a ocupação natural das mediocridades, é o usufruto da burguesia. (…)
A pobreza geral produz um aviltamento da dignidade. Todos vivem na dependência; nunca temos, por isso, a atitude da nossa consciência, temos a atitude do nosso interesse. (…) Extingue-se naturalmente no individuo a noção do justo e do injusto. Julga o favor, a protecção, a corrupção, coisas naturais e aceitáveis. (…) Lentamente o homem perde também a individualidade do pensamento. Não pensa por si: sobrevem-lhe a preguiça do cérebro. Não tendo de formar o carácter, porque lhe é inútil e teria a todo o momento de o vergar – não tendo de formar uma opinião porque lhe seria incómoda e teria a todo o momento de a calar – acostuma-se a viver sem carácter e sem opinião. Não se respeitando a si, não respeita os outros: mente, atraiçoa e habitua-se a medrar na intriga.(…
)” – “As farpas” – Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, Editora Principia, pgs, 29 a 31.
Já agora, a talhe de foice, respigo uma opinião de Vasco Pulido Valente, publicada no Diário de Noticias, aqui há umas semanas atrás: “A classe média não surgiu do sector privado, é uma classe média de serviços públicos. (…) As classes médias nunca vão legislar contra os seus interesses. Seria como pedir às putas que reformem o bordel.”

:: enviado por Manolo :: 10/18/2006 10:51:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Ganda João


:: enviado por RC :: 10/18/2006 08:46:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Os custos laborais da depressão

As depressões custam, na Grã-Bretanha, dezassete mil milhões de libras anuais. Há mais pessoas com baixa devido a doenças emocionais do que o número total dos desempregados. Nos Estados Unidos, cerca de 63 mil milhões de dólares perdem-se em produtividade e 80 mil milhões adicionais são gastos nos tratamentos médicos das pessoas que sofrem de depressão crónica. A Organização Mundial de Saúde considera que a depressão grave é actualmente a principal causa de incapacitação em todo o mundo. Todos estes dados indicam enormes custos para as economias nacionais e uma redução considerável no rendimento económico das empresas. Por isso, a London School of Economics propôs a criação de psicoterapias dentro das empresas.
Só que, a psicoterapia pode ser um enorme travão na carreira profissional. Ninguém imagina um empregado a dizer ao chefe que sofre de dificuldades mentais ou emocionais. A maioria das pessoas prefere faltar por problemas mais tangíveis, como constipações, dores musculares ou, em última análise, por causa do stress. É que, hoje em dia, está na moda o stress positivo... mesmo se, é sabido, o stress prolongado desemboca na depressão. Assim, as empresas inventam remédios para o stress negativo: conciliação, flexibilidade horária, aulas de ioga, creches de empresa,... As medidas de conciliação permitem aos empregados equilibrar as responsabilidades no local de trabalho com os compromissos familiares. Quanto ao ioga, mesmo que o chefe não concorde que o empregado vá às aulas, a vantagem do curso é que ele vai poder passar meia hora a respirar fundo e a pensar (fundo também) até que ponto o chefe não gosta dele.
Todos sabemos que, no local de trabalho, existe o chamado stress positivo, que significa enfrentar, solucionar e crescer com os reptos naturais lançados pelo trabalho, e que todos nós aceitamos, mais ou menos confiantes, que, trabalhando em equipa, somos capazes de superar esses obstáculos com êxito. As melhores empresas estão conscientes da sua responsabilidade social e financeira para gerir e equilibrar o stress positivo e negativo. Aquelas que o reconhecem e actuam em conformidade apresentam níveis de absentismo significativamente inferiores, respondem com mais rapidez às exigências do mercado e desfrutam de melhores relações com os clientes. O caminho para chegar a essa maravilha é diferente de empresa para empresa, mas existe um princípio comum e universal: a confiança.
Quando não existe confiança no local de trabalho, é fácil sentir-se negativo, na defensiva e, em última instância, deprimido. Com confiança, é natural sentir-se disponível, motivado, preparado para enfrentar os maiores desafios e, acima de tudo, feliz. Faz parte do código de conduta de muitas empresas “assegurar a integridade física e psicológica dos empregados e o respeito pelo seu bem-estar social”.
Por tudo isso, é da responsabilidade das pessoas que dirigem as organizações reflectir sobre o que deve ser feito para criar um clima de confiança, onde o valor do stress seja... positivo.

:: enviado por JAM :: 10/18/2006 03:58:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Onde?


Onde? Quantos são? Quantos são?

:: enviado por RC :: 10/18/2006 11:12:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

Brilhante

Porque pode ter escapado a alguém, aqui partilho uma notícia que ilustra bem o tipo de lógica e de "inteligência" que faz o seu caminho nesta nossa triste terra.


O secretário de Estado Adjunto da Indústria e da Inovação declarou que «a culpa» do aumento de 15,7% da electricidade para os consumidores domésticos em 2007 é do consumidor, porque esteve vários anos a pagar menos do que devia.
Em declarações à rádio TSF, António Castro Guerra considera que em última análise a culpa deste aumento - que reconheceu ser grande - é dos consumidores.
Até este ano a lei impedia uma actualização de preços acima da inflação e isso criou um défice tarifário que, na opinião de Castro Guerra, «só pode ser imputado aos consumidores».
«São os consumidores que devem este dinheiro. Não é mais ninguém», disse o secretário de Estado à TSF, considerando que este «foi quem mais consumiu tarifas no passado e isso gerou défice».
«Este défice tem de ser pago por quem o gerou», disse Castro Guerra à TSF.
De acordo com o secretário de Estado Adjunto da Indústria e da Inovação, este défice vai ser recuperado num prazo de três a cinco anos.
Apesar de considerar que o aumento é elevado, Castro Guerra disse que «os custos são os custos e nós não podemos fugir aos custos».
Questionado sobre o facto de o aumento para as empresas ser menor, o responsável refere que «isso tem um fundamento».
«As empresas estão a competir no mercado e nós não podemos por razões de energia reduzir a competitividade das empresas e mesmo assim já é um aumento substancial», explicou.
António Castro Guerra lembrou que os aumentos são da exclusiva competência da Entidade Reguladora do Sector Energético (ERSE) mas admitiu que «no futuro o Governo pode criar mecanismos que evitem aumentos tão elevados».
Por outro lado, o ministro da Economia, Manuel Pinho, disse ao Diário de Notícias que «o Governo está a analisar a situação».
Diário Digital / Lusa (18-10-2006 9:14:01)

E nós, claro, aturamos isto?
É nestas que o bom do Vital Moreira perde o pio...

:: enviado por RC :: 10/18/2006 11:03:00 da manhã :: 2 comentário(s) início ::

terça-feira, outubro 17, 2006

A grande oral dos socialistas franceses

Os três candidatos à candidatura presidencial do PS francês às próximas eleições presidenciais, Dominique Strauss-Kahn, Ségolène Royal et Laurent Fabius, estiveram, até há instantes, lado a lado, em directo na televisão, diante de todos os franceses ― e não só dos socialistas ― para o primeiro debate da campanha de investidura interna.
Num debate construtivo, de duas horas e meia, os candidatos contentaram-se em responder sucessivamente, sem se interpelarem mutuamente, às questões dos militantes socialistas, previamente enviadas pela Internet: mais de 500 perguntas relacionadas com temas tão variados como o poder de compra, as reformas, a democracia social, a dívida pública,... Este debate foi o primeiro de um série de três na televisão e de outros três na presença directa dos militantes socialistas. A escolha vai realizar-se numa eleição em duas voltas (se nenhum candidato obtiver a maioria absoluta logo na primeira) em 16 e 23 de Novembro. Podem participar os cerca de 200 mil militantes do PS.
Mais do que permitir ponderar sobre qual dos três candidatos apresenta as melhores proposições políticas e económicas, esta série de debates permitirá um melhor julgamento das características dos candidatos e das respectivas concepções da eleição presidencial. Verdadeira máquina de marketing político, Ségolène Royal conseguiu, no debate de hoje, manter a tendência há muito revelada pelas sondagens e seguir favorita rumo à presidência da República.
Instrumento inovador em termos de democracia participativa, esta série de debates transparentes e didácticos bem podería servir de modelo para outros partidos democráticos, de outros países, nomeadamente ― porque pertence à mesma família ― o PS português. Em vésperas de um Congresso, seria sem dúvida um trunfo fortissimo para relançar um partido, asfixiado pelo autismo do seu líder e em verdadeira crise de identidade, sobretudo após a desastrada escolha do candidato presidencial de 2005 e da vergonhosa luta fratricida que se lhe seguiu. Não seria inopinado se, em Portugal, a corte do Príncipe socialista resolvesse inspirar-se no modelo democrático do partido de François Hollande.
A saúde da democracia portuguesa só tería a ganhar.

:: enviado por JAM :: 10/17/2006 10:49:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Dejà vu


Consulta de algumas súmulas que integram o Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra sobre o II Governo Provisório (de Vasco Gonçalves, indigitado a 12 de Julho de 1974):
A 26 de Julho de 1974, o Conselho de Ministros foi posto ao corrente da “situação da Previdência”, tendo concluído “ser difícil cobrir todos os encargos até ao fim de Dezembro”. E o ministro do Trabalho informou sobre o “aumento do desemprego”.
Em 3 de Agosto, é deliberado lançar uma “campanha de esclarecimento sobre a situação orçamental” e a “necessidade duma actuação nacional de austeridade”. Na mesma sessão, é “assinalada a necessidade duma atenção especial ao imposto profissional das profissões liberais, onde se verifficam fugas muito graves”.
Em 9 desse mesmo mês, o plenário aprova uma proposta do ministro das Finanças (Silva Lopes) “no sentido de se elaborar uma resolução sobre disciplina e e produtividade na função pública”.
Outras súmulas referem a defesa, no Conselho de Ministros, da criação de uma “Comissão Nacional de inquérito à Corrupção”.
Cada um que tire as suas próprias conclusões.

:: enviado por Manolo :: 10/17/2006 10:33:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Ceguinhos

Nem Maria de Lurdes Rodrigues nem José Sócrates vêem razões para os professores portugueses estarem hoje e amanhã em greve.

É bem verdade que o maior cego é o que não quer ver...

É o mesmo tipo de capacidade visual que impede de ver a injustiça de 16% de aumento da electricidade para os portugueses num momento em que os lucros da EDP atingem máximos históricos.

:: enviado por RC :: 10/17/2006 07:19:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

O capitalismo e o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza

Escrevemos aqui ontem que o que fez Mohamed Yunus ― quem foi que disse que os muçulmanos nunca fazem nada de proveitoso? ― corresponde mais exactamente ao domínio de acção da economia, o que levou muitos analistas a questionarem porque razão o prémio que lhe foi atribuído não foi o Nobel da economia. Sobretudo porque a economia não é um derivado da filosofia, nem da matemática, nem da teologia. A economia é uma ciência social cuja finalidade é melhorar o destino dos mortais, descobrindo e dando a conhecer os meios mais eficazes e eficientes para usar os recursos naturais e o dinheiro. Por isso, muita gente se perguntou: o que foi que fez o professor Edmund Phels ― esse sim, galardoado com o Nobel da economia ― para melhorar o destino da humanidade?

Continue a ler No Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza


:: enviado por JAM :: 10/17/2006 06:18:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Greve de Professores


"O Ministério já apresentou três propostas [de alteração] e os sindicatos apenas uma e muito recentemente. Para mim, uma greve a meio do processo negocial não tem sentido"

Não tem sentido para a Senhora Ministra, mas pelos vistos faz sentido para os professores. É verdade que o ME já apresentou três propostas, mas também é verdade que cada uma era mais gravosa que a anterior.

Mentes brilhantes.

:: enviado por RC :: 10/17/2006 02:44:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

segunda-feira, outubro 16, 2006

Dino Buzzati [1906-1972]

Comemorou-se hoje o centenário do nascimento de Dino Buzzati, um dos escritores mais importantes do século XX. Entre as suas obras mais famosas contam-se O deserto dos tártaros, O Barnabé das montanhas, O grande retrato, Um amor, ...
Buzzati nunca gozou de um grande fervor popular, mas a sua presença foi uma constante ao longo dos anos, um prazer que sempre ganhou novo ânimo a cada vez que uma nova vaga de leitores se inteirava da sua existência. O simples facto do centenário do seu nascimento constitui um bom pretexto para que aqueles que ainda não conhecem Buzzati descubram ― se gostam de literatura e não de literatura de cordel ― um escritor maravilhoso.
Dino Buzzati deve sobretudo a sua consagração ao Deserto dos tártaros, a emocionante epopeia de um soldado, Giovanni Drogo, que, fascinado pela miragem da glória militar, passa a vida num forte fronteiriço, à espera de uma guerra improvável. É a história de uma promessa muito antiga, que, a pouco e pouco, se transforma numa lenda: a da invasão esperada, contra toda a razão, contra toda a esperança, por uma guarnição petrificada. Serão loucos? Alucinados? O que quer que sejam, a sua invasão, o seu “acontecimento”, cada um deles sabe, não passa de um pretexto. Um alibi para esperar.


:: enviado por JAM :: 10/16/2006 11:58:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

O maior português? Óbvio ... ou talvez não

Depois da maçada do Parlamento e do cansaço de Londres, Maria Elisa voltou à televisão para nos ajudar a escolher o maior português de todos os tempos.
Como se a tarefa não fosse já de si hercúlea, o site do programa ainda se propõe “[...] divulgar as nossas grandes personagens histórias e ainda combater a info-exclusão”. Só posso desejar boa sorte.
Se estivéssemos na Geórgia a escolha não seria difícil, se fossemos cubanos não teríamos dúvidas e se estivéssemos na Coreia do Norte nem sequer nos perguntavam. Mas estamos em Portugal e as coisas complicam-se. Não teremos tanto por onde escolher como os ingleses, americanos ou até alemães mas temos, ao longo da nossa História, gente de mérito suficiente para que a eleição seja renhida.
Porque é de uma eleição que se trata. Primeiro os “dez mais” e depois a pessoa, será eleita pelos votos de todos os portugueses que quiserem participar. Democraticamente, como deve ser. O que implica que teremos de aceitar a igualdade de voto entre o historiador de reconhecida competência e a senhora que num concurso televisivo afirmava ser Vasco da Gama um grande poeta. Teme-se o pior.
Consultado o site fica-se a saber que a ideia não é original (já desconfiava) e que outros países já elegeram os seus “10 mais”, com resultados que dão que pensar. Assim, tirando os alemães que sempre levam tudo muito a sério e onde não há nada a dizer do Top Ten, fiquei a saber que, para os ingleses, estampar-se a 200 à hora num túnel de Paris dá para um honroso 3° lugar; para os franceses, ser padre merece um 3° lugar e ser humorista o 5°. Dos americanos nem vale a pena falar. Se acham que Reagan foi o maior americano de todos os tempos, estamos conversados.
Por cá, o inquérito de rua no programa de ontem dava-nos algumas indicações do que aí vem. Entre os nomes do costume lá vinham também o Cristiano Ronaldo, Amália, Cavaco Silva, Saramago, o Zé Manel, etc.
É verdade que isto de escolher o maior de entre nós todos não é tarefa fácil. Não havendo um português que tenha sido, ao mesmo tempo, um grande futebolista, um escritor de talento, um cantor de sucesso, um grande poeta, um politico emérito, um investigador genial, um humanista de dimensão mundial, um músico virtuoso, um bravo guerreiro e um navegador corajoso, terá que se optar por alguém que, sendo grande na sua vocação, foi ainda assim maior que os outros, mesmo que se tenha de comparar o que não é comparável.
Para mim, no entanto, a escolha parece-me óbvia: Afonso Henriques. Quem mais do que aquele que deu origem a isto tudo merece ser considerado o maior português de todos os tempos?
E daí ... talvez não. Não foi ele que criou o país conquistando terras aos árabes? Será que, se o escolhermos, os muçulmanos não se sentirão humilhados ...?

PS: Por curiosidade, perguntei a alguns amigos estrangeiros qual era para eles o maior português. Fiquei descansado: Figo ainda ganha a Cristiano Ronaldo (apesar de a margem ser pequena)

:: enviado por U18 Team :: 10/16/2006 09:23:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Os limites do microcrédito

O Banco Grameen, fundado em 1983, contou no início com uma forte rejeição. Ninguém acreditava na rentabilidade de um projecto bancário vocacionado para pessoas sem recursos. Até 1995, o “banco dos pobres” dependeu das ajudas externas para aguentar o seu sistema de microcréditos. Mas depressa demonstrou que a confiança depositada nas pessoas era a sua melhor garantia. O risco de morosidade dos reembolsos é, de facto, extremamente baixo.
O Banco Grameen tem mais de 6,6 milhões de clientes, dos quais 97% são mulheres. A fórmula conseguiu um exito tão grande que se repercutiu em variadíssimas zonas do planeta ― em Portugal, está representado pela Associação Nacional de Direito ao Crédito. A própria ONU considera o microcrédito uma ferramenta indispensável para erradicar a pobreza. Mas, como geralmente as despesas de funcionamento são elevadas, muito poucos conseguem funcionar sem subvenções.
O intuito do Comité Nobel, ao decidir premiá-lo ― prémio Nobel da paz e não da economia ― foi trazer à memória que não pode haver paz enquanto existir pobreza. O microcrédito não é propriamente uma vitória do micro-capitalismo. As mulheres agricultoras que maioritariamente dele beneficiaram e que, antes, eram excessivamente pobres, passaram a ser simplesmente pobres, nada mais.
Não nos iludamos: o microcrédito não é uma panaceia contra a pobreza. Não é possível fazer de cada homem ― ou mulher ― um micro-empresário. Para lançar as base de um maior desenvolvimento, são necessários outros mecanismos de ajuda, como a construção de escolas, o abastecimento de água, as ajudas alimentares directas, ...

:: enviado por JAM :: 10/16/2006 06:24:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Regresso... ao Passado!!!


"Na campanha interna do partido, o secretário-geral do PS, José Sócrates, foi recebido na Madeira, Évora e Coimbra com protestos contra as políticas do Governo, nas áreas da Educação e da Saúde.

Para o porta-voz do PS, Vitalino Canas, “parece que há aqui um padrão de comportamento, certamente comandado por alguma organização, eventualmente ligada ao PCP". "
- in Correio da Manhã de 16/10/06.
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Com um discurso destes, "parece" que regressámos ao tempo da outra senhora. "Certamente" para lá caminhamos;"eventualmente", já lá estaremos!!!

:: enviado por ja :: 10/16/2006 11:10:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

domingo, outubro 15, 2006

Pandora's box


Segundo um relatório recente do gabinete de direitos humanos da missão de assistência da ONU no Iraque, a tortura neste país está “pior do que no tempo de Saddam Hussein”, a situação está “fora de controlo” com diversos “abusos” (leia-se: as mais variadas, cruéis e sinistras formas de tortura) a serem cometidos pelas forças de segurança, por grupos de milícias e pelos insurrectos que combatem a presença militar dos States.
Não foi provada a existência no Iraque de armas de destruição maciça (embora tenham sido exibidas as provas ao “nosso” ex-1º ministro e actual presidente da CE, José Manuel Barroso, quando este andou a servir os cafézinhos na Cimeira dos Açores…), não foi provada a ligação do anterior governo iraquiano à Al Qaeda ou a outros grupos terroristas, e a democracia agora implantada manu militari no país está a dar no que está a dar.
Por estas e por outras, Connecticut faz bem em pedir desculpa ao mundo…

:: enviado por Manolo :: 10/15/2006 10:10:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

sexta-feira, outubro 13, 2006

Perguntar não ofende (30)

O site oficial da Presidência da Republica tem várias páginas dedicadas a esta senhora. Alguém se lembra de a ter elegido para alguma coisa?


:: enviado por U18 Team :: 10/13/2006 10:08:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Perguntar não ofende (29)

Conhecem alguém que diga não ser contra a pobreza, a corrupção, a exclusão social, a poluição, a pedofilia, as injustiças, a desertificação do interior, o desemprego, os acidentes de automóvel …?


:: enviado por U18 Team :: 10/13/2006 10:04:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Mea culpa

Quem foi que disse? “Não há nada, mesmo nada, na minha vida pública que eu lamente mais, nem mesmo nada que se lhe aproxime. Todos nós deveríamos estar preparados para dizer: eu enganei-me; eu não deveria ter votado na resolução que lançou a guerra no Iraque”.
Um pequeno indício: há dois anos, não era assim tão evidente.
Resposta aqui.

:: enviado por JAM :: 10/13/2006 09:36:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Orhan Pamuk e as leis sobre o negacionismo

Que há de comum entre o novo prémio Nobel de literatura e o projecto de lei aprovado ontem pelo parlamento francês?
O prémio Nobel de literatura, o romancista turco Orhan Pamuk, tem sido alvo dos nacionalistas radicais turcos, a pretexto das chamadas leis de insulto e difamação, pelas suas declarações sobre dois temas considerados tabus na Turquia: os problemas dos arménios e dos curdos.
É precisamente aí que reside a semelhança com o projecto de lei ― apresentado pelo partido socialista ― ontem discutido e aprovado pelo parlamento francês, que pretende reprimir com um ano de prisão e 45 mil euros de multa a negação do genocídio do povo arménio. O objectivo é tornar punível qualquer intento ligado ao não reconhecimento da deportação e dos massacres infligidos aos arménios da Turquia, no início da Primeira Guerra Mundial.
Não é a primeira vez que os deputados franceses metem o nariz onde não são chamados e resolvem fazer da sua leitura da História a única possível ― a chamada História oficial. Os historiadores replicam que isso é próprio dos regimes totalitários e que decisões dessas podem produzir deslizes como os da lei sobre o papel positivo da colonização e a chamada lei Gayssot, uma lei que, a ser aplicada sobre Robert Redeker, bastaria para o transformar de vítima em culpado.
O projecto de lei ontem aprovado insere-se numa pugna mais vasta, entre a França e a Turquia, que tem como pano de fundo a adesão desta à UE. Com esta nova investida, que conta com forte oposição da Comissão de Bruxelas, a França desfere um “duro golpe” no relacionamento entre os dois países, “em resultado de falsas e irresponsáveis afirmações de políticos, que não vêem as consequências das suas acções”.
Voltando a Orhan Pamuk, foi ele mesmo quem, numa fria e soalheira manhã de Dezembro de 2002, no seu estúdio do bairro de Taksin em Istambul, soltou a frase sábia: “A discussão sobre se os turcos são ou não europeus é bizantina; o importante é que os turcos querem ser europeus”.

Leia também Orhan Pamuk, os curdos e os arménios.

:: enviado por JAM :: 10/13/2006 11:23:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

quinta-feira, outubro 12, 2006

Frango monumental ou toupeira croata?

O guarda-redes inglês, Paul Robinson, viveu ontem uma penosíssima noite na Croácia. No primeiro golo croata, estava demasiado avançado e foi traído pelo chapéu do adversário. Quanto ao segundo,... só visto:


:: enviado por JAM :: 10/12/2006 08:48:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Sei que pouco sei...

Andamos sempre a aprender (se quisermos).
Recentemente, descobri, por acaso, várias coisas sobre as quais nunca tinha ouvido falar, nunca tinha lido nada, de que não fazia ideia nenhuma, como soi dizer-se. Ei-las:
― Não sabia que, na Guatemala, existiu durante mais de 10 anos uma cadeia controlada e governada pelos próprios reclusos, a qual só há dias foi recuperada pelas forças da ordem (claro que a Guatemala é famosa sobretudo pela violação dos direitos humanos à sombra protectora dos norte-americanos, mas, mesmo assim...);
― Não sabia que (noticia lida no El Pais) em Palomares, na zona de Almeria, em Espanha, há 40 anos, caíram, sem explodir, 2 bombas atómicas americanas na sequência de um acidente aéreo e que os americanos acordaram agora com a Espanha limpar a zona (no comments...);
― Não sabia que, no planeta, existem vários remoinhos permanentes no mar, sendo os mais famosos: Corryvreckan, na costa da Escócia, Moskstraumen, na costa da Noruega, Saltstraumen, também na Noruega, Old Sow entre New Brunswick e Maine, Naruto em Tokushima e Garofalo na costa da Itália (para além do mítico Charybdis na “Odisseia”) - cfr. Wikipédia;
― Não sabia que os icebergs da Antártida têm nomes (um deles, o B-15ª, filho do B-15 que se desintegrou no ano 2000 e que tinha uma extensão idêntica á da Jamaica, desintegrou-se, por sua vez, em 2005, devido a uma tempestade que ocorreu no Golfo do Alasca 6 dias antes e a 13.000 km de distância).
Pode até ser que o mundo (a Terra) seja pequeno(a), mas, em compensação, a nossa ignorância é imensa.

:: enviado por Manolo :: 10/12/2006 08:14:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Conseguiram fazer pior que Saddam

De acordo com um estudo da revista médica The Lancet, o conflito no Iraque já fez mais de 655 mil mortos. Desde o início da invasão americana, morreram 15 mil pessoas... por mês. Ou seja, em cada 50 iraquianos, foi morto um.


:: enviado por JAM :: 10/12/2006 05:37:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Porque é que os mercados não tremeram?

No mesmo dia em que o ensaio nuclear norte-coreano fervilhava nas primeiras páginas do mundo inteiro, Philip Bowring destacava no International Herald Tribune um dado que passou despercebido: Numa altura em que toda e qualquer ameaça nuclear desta natureza é considerada gravíssima para o mundo civilizado, esta crise não afectou minimamente os mercados internacionais. Bowring sublinhava que a bolsa de Seul, a capital mais directamente afectada, caiu menos de 2%.
A explicação de Bowring é que a gravidade real do conflito foi sobredimensionada ― os especialistas ainda nem sequer conseguiram confirmar se se tratou efectivamente de um ensaio nuclear ― e isso só aconteceu porque ele pôs em questão, ridiculizou mesmo, todas as políticas mundiais em relação à Coreia do Norte. “A Coreia do Sul está zangada porque a sua política de oferecer cenouras ao vizinho parece ter fracassado e dá a impressão que agora a única alternativa é cortar todo o tipo de ajuda, o que provocaria ainda mais miséria na Coreia do Norte. [...] Os Estados Unidos estão zangados porque a bomba demonstra claramente a loucura que foi terem-se negado a negociar directamente com a Coreia do Norte. [...] O Japão está zangado, em parte porque a Coreia do Norte é um ‘inimigo’ fácil, contra o qual se pode unir a outros países, mas também porque um dos argumentos que o primeiro ministro Shinzo Abe pretendia usar para melhorar as relações entre a China e o Japão era o incremento da pressão sobre Piongiang para que abandonasse o seu projecto nuclear. E a China está zangada porque [...] a Coreia do Norte a ignorou descaradamente”
“Os mercados dizem-nos que Kim Jong-il saiu vencedor”
, conclui o articulista.

:: enviado por JAM :: 10/12/2006 04:11:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

quarta-feira, outubro 11, 2006

O novo Papa

Não simpatizo com o actual Papa (e não é que simpatizasse com o anterior). O seu passado recente na hierarquia da Igreja, antes de ser escolhido para Papa, não augura nada de bom.
Recentemente um seu discurso, supostamente na qualidade de professor ou de teólogo, vá-se lá saber, irritou os devotos e os guardiães do Islão. Não é preciso muito para irritar esta gente, não o homem comum, mas sim os seus líderes religiosos e os tipos que gostam de dasacatos ou são pagos para os fazer, mas, desta vez, se calhar até tinham alguma razão. Bem analisado (e confesso que um artigo do Boaventura Sousa Santos, na Visão, me ajudou muito nesta análise), esse discurso do Papa e o seu contexto revelam as intenções deste novo papado. Para o novo Papa,
― o Islão é uma religião inferior, porque, segundo ele a violência islâmica é uma característica inerente a essa religião, enquanto a violência associada ao Cristianismo (lembram-se? As cruzadas, a Inquisição, a perseguição dos judeus, etc, etc, etc...) é, segundo o pensamento do Papa, uma violência episódica, uma queda temporária no irracional;
― e, assim sendo, é preciso enfrentar o Islão com firmeza/dureza (e quem melhor para o fazer do que a actual Administração americana, sempre com Deus a seu lado e em guerra permanente contra o Mal?...);
― e, consequentemente, atirar para o caixote do lixo da História o ecumenismo;
― e também o secularismo, porque Bento XVI considera também irracional que a religião tenha sido relegada para o espaço privado, devendo, na sua opinião, regressar quanto antes ao espaço público, estando, neste ponto concreto, em comunhão de ideias com os fanáticos do Islão (eu ia escrever: com os chalados do outro bando; mas a verdade é que chalados são os pobres-diabos que vêm para a rua em chusma descarregar as suas frustrações, ou ganhar algum, e, enfim, também divertir-se, já que o Islão radical não permite muitas outras diversões; os que os lideram são tudo menos chalados: são quem se aproveita deles, quem os domina e, quase sempre, enriquece à custa da crendice e da miséria deles).

:: enviado por Manolo :: 10/11/2006 09:52:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

O mundo louco de Silly Valley

“Estamos lixados. O Google comprou-o. Não tarda nada, será destruído”. Estas palavras não saíram da boca de nenhum analista económico, mas de um simples utilizador do YouTube.com. Como ele, muitos outros utilizadores ― entre os quais, os blogs ― não escondem o desalento pela compra do Google, seduzido por uma audiência que chega a atingir os 100 milhões de vídeos vistos por dia.
Ora o Google tem todo o interesse em ouvir atentamente a voz das dezenas de milhões de fãs do YouTube. Não que o preço tenha sido demasiado alto: 1.650 milhões de dólares ― pouco mais que o montante dos lucros de 2005, 1.465 milhões. Mas o Google corre o grande risco de ver desaparecer a sua nova presa. YouTube não é propriamente um negócio, é uma comunidade. O site não ganha dinheiro, só gasta, para fazer com que milhões de internautas compartilhem o seu conteúdo... que muitas vezes é criado por eles próprios.
Bastará uma má decisão do Google ― é esperada com muita desconfiança uma provável mistura explosiva com a publicidade ― para que se ultrapassem os limites e o YouTube fique deserto. É que, não custa nada reconstruir um novo site independente. Faz parte das maravilhas do «Web 2.0», um conceito na moda, baseado numa ideia muito simples: os internautas criam comunidades, elaboram o conteúdo e compartilham-no.
Quer o Google, quer os outros grandes comilões do género (a News Corp., que adquiriu no ano passado MySpace.com) têm todo o interesse em tratar as suas conquistas com muito cuidado. Não devem esquecer-se da desdita do Yahoo!, em 1999, quando gastou 3.600 milhões de dólares para adquirir a GeoCities... Alguém se lembra ainda da GeoCities?

:: enviado por JAM :: 10/11/2006 09:06:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

terça-feira, outubro 10, 2006

MIC

“[...] É positivo que um governo tenha finalmente dito basta aos excessos do governo regional da Madeira, tornando claro que as leis têm de ser cumpridas por todos.
A consolidação das finanças públicas é hoje uma prioridade. Mas não pode ser vista como um fim em si mesma. Tem de ser encarada como um instrumento para o crescimento económico. Um crescimento, sublinhe-se, com coesão social, sem a qual é a própria coesão nacional que fica em risco. Não se pode equilibrar o orçamento à custa dos direitos sociais. Não se pode endireitar as contas públicas à custa dos doentes e dos reformados, nem da desertificação do interior. Queremos uma democracia política, económica, social, cultural e ambiental, em que os direitos sociais sejam indissociáveis dos direitos políticos. [...]”
Pode ler todo o discurso de Manuel Alegre aqui--->>>

Visite a página do MIC.
MIC - Movimento de Intervenção e Cidadania

:: enviado por RC :: 10/10/2006 09:57:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Eu sei como resolver a crise da Coreia do Norte

A menos que alguém se tenha enganado no botão (é um país onde tudo é possível), a Coreia do Norte não esperou por nada nem ninguém para fazer o teste nuclear. O Mundo treme perante as perspectivas e discute como fazer vergar vizinhos tão incómodos. Não se podendo mudar de casa há que encontrar uma solução antes que isto vá tudo pelos ares.
Ora, eu sei como resolver esta crise. Bem ... quer dizer, acho que sei (o titulo do post foi só para chamar a atenção). O que há que fazer é ... nada! Absolutamente nada!
Explico-me: os chineses estão furiosos. Tinham pedido para que não houvesse teste e não lhes ligaram, arriscam-se a ter uma potência nuclear ao lado da porta e arriscam-se a que os velhos inimigos japoneses mais os coreanos do sul também venham a ser atómicos.
Logo, o que há a fazer é deixar a China ― discretamente e com eficácia, como só os chineses sabem fazer ― fomentar um pequeno golpe de estado na Coreia do Norte. Apeia-se o Kim e mais uns quantos, falaremos todos de paz e como o Mundo ficou mais seguro e dá-se ao mundo mais um país com mão-de-obra barata, obediente e habituada a sofrer. Genial, não é!?

:: enviado por U18 Team :: 10/10/2006 09:07:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::