terça-feira, julho 31, 2007
O homem que filmava o desejo
A obra de Michelangelo Antonioni nunca foi fácil de entender, mas ergue-se para o céu da sétima arte com o ligeiro tremor que lhe imprime o sopro mensageiro da posteridade. Nela se entra como numa catedral inacabada, esburacada por inúmeros projectos abortados, crivada na sua matéria visual e nos seus volumes narrativos e esculpida pelo olhar vigilante de um artista que se manteve sempre aberto às solicitações do seu tempo, às paixões dos seus contemporâneos a às novações formais que, contra ventos e marés, sempre guardaram intacto o seu desejo vital de fazer filmes.O velho mestre, para quem “como viver?” e “como olhar?” não eram mais do que uma única e a mesma questão, mesmo depois do ataque cerebral, que o privou parcialmente da palavra, continuou até à morte assombrado pelo desejo de filmar e de filmar o desejo na maior proximidade dos corpos.
A ler e ver ainda:
Paulo Rocha: na obra de Antonioni está todo o cinema moderno
António-Pedro Vasconcelos sublinha importância de Antonioni para o movimento neo-realista
Paulo Branco: Antonioni "transmitia uma enorme confiança aos jovens"
Vídeo: Profissão: Repórter (1975)
Vídeo: A Aventura (1960)
Filmografia de Michelangelo Antonioni (IMDB)