BRITEIROS: janeiro 2005 <$BlogRSDUrl$>








segunda-feira, janeiro 31, 2005

O ensino profissionalizante

A temática do ensino profissional e da avaliação do sistema educativo segundo o índice de empregabilidade tem sido uma questão recorrente nas campanhas eleitorais, quer nos programas dos partidos que nunca formam governo, quer nos daqueles que acabam por subir ao poder. Porém, uma vez instalados, nenhum deles teve ainda a coragem para tocar no assunto e fazer as necessárias alterações. A história repete-se desde que se acabaram com as escolas comerciais e industriais, ou seja, desde que o 25 de Abril pretendeu garantir um acesso igualitário de todos ao ensino superior.
O problema é que, não só não se podem dar cursos superiores a toda a gente, como nem toda a gente tem capacidades, nem meios, para os obter. Basta olharmos para os números do insucesso e do abandono escolares que, nos últimos anos, têm atingido valores insuportáveis.
Em plena era do desemprego é pertinente defender a apologia da empregabilidade. É especialmente preciso reforçar as instituições e criar empregos em condições competitivas com os outros países. Mas, no mercado do trabalho, prevalecem as regras da oferta e da procura, pelo que se defenderá melhor quem tiver um melhor domínio das competências e qualificações profissionais exigidas. Num mundo que valoriza cada vez mais as competências em detrimento dos conhecimentos acumulados, novas habilitações são requeridas pelos trabalhadores, entre as quais a iniciativa, a liderança, a criatividade e o espírito empreendedor. Daí que se devam encontrar formas mais flexíveis de formação profissional, e soluções de formação permanente, que possam dar aos estudantes a possibilidade de aprender e desenvolver uma profissão com saída para o mercado do trabalho.
Em suma, é imperioso combater a falta de motivação reinante e estimular alunos e professores, através duma maior flexibilidade e adequação do ensino às necessidades das empresas e do universo profissional.

:: enviado por JAM :: 1/31/2005 11:25:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Paupérrimos

"Entre 2001 e 2003, houve uma quebra de 92% no número de agregados com rendimentos superiores a 250 mil euros/ano. De acordo com as estatísticas do IRS, reveladas pelas Finanças, eram 26 802 há quatro anos, passando a 2144 há dois anos "

Coitados!!! Example

Leia mais...>>>

:: enviado por RC :: 1/31/2005 09:03:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Chirac, um alter-mundialista na clandestinidade?

© Gado, Editorial Cartoonist; Daily Nation, Nairobi. (clique na imagem para aumentar)

Há quem fique na História por actos heróicos, há quem fique na História por grandes descobertas e há quem fique na História pelas piores razões. Outros há que não tendo grandes ideias, não sendo heróis e não quererem passar para a posteridade como criminosos, querem mesmo assim ficar na História. Jacques Chirac é um destes últimos.
Depois de várias tentativas ligadas aos “grandes avanços” da União Europeia, até agora todas fracassadas com estrondo, resolveu, na reunião anual do Forum Económico Mundial em Davos, fazer uma série de propostas “revolucionárias”.
Sempre no propósito, popular e bem intencionado, de ajudar os países pobres a sair da miséria onde chafurdam há séculos, propôs algumas medidas a escolher em função da maneira como acordamos de manhã. Vamos lá por ordem: a primeira seria a de, nos países que mantêm o segredo bancário (não foi claro do porquê de só estes países), aplicar uma taxa sobre todos os movimentos de capitais. Se não gostarmos desta medida poderemos (também não foi claro se as medidas são alternativas ou cumulativas) optar por um imposto sobre o combustível utilizado nos aviões e barcos. Se estas medidas tiverem uma grande oposição - previsível - de banqueiros e grandes empresas de transportes fica a alternativa, mais simples, de pagarem todos através de uma taxa de um dólar a aplicar a cada bilhete de avião vendido.
Todo este dinheiro assim recolhido seria depois, sob a égide de uma organização qualquer da ONU, distribuído pelos países pobres a fim de erradicar a SIDA e tirá-los do atoleiro miserável em que se encontram.
Perante propostas tão arrojadas e inesperadas, desde logo aplaudidas por todos os grupos alternativos-a-qualquer-coisa, fiquei a pensar se o sr. Chirac teria perdido o juízo (hipótese que ainda estou a considerar) ou apenas quis que falassem de si.
Na mesma linha nada demagógica de tratar os problemas do mundo, complemento o pensamento do Sr. Chirac propondo duas ou três medidas que a França pode decidir de imediato, sem passar por essa pequena complicação que é convencer o resto do mundo. Assim, proponho que todas as casas compradas na Côte D’Azur por ditadores sejam objecto de uma taxa, bem como todas as compras de artigos de luxo em Paris. Em alternativa a França poderá também recolher um imposto sobre a venda de armas francesas a países com regimes brutais e repressivos. O dinheiro assim obtido será entregue de imediato aos presidentes dos países menos favorecidos onde a França explora as respectivas riquezas.
Sejamos sérios. Os países africanos ou da América do Sul ou da Ásia não são pobres. A esmagadora maioria da sua população é pobre, o que é diferente.
Aproveitando a boleia do Sr. Chirac, o presidente angolano já pediu ao seu amigo Durão Barroso que presidisse a uma conferência internacional de dadores para Angola. Dadores para Angola !? para dar o quê? Eu pensava que Angola era um dos países mais ricos do mundo !
Enquanto continuarmos a alimentar a vaidade e a corrupção de ditadores, enquanto aceitarmos que uma empresa não tem que ter ética e que pode saquear todos recursos de um país incluindo a mão de obra, estas propostas não passam do que realmente são: propostas para o mundo ouvir e esquecer. E ficar na História como um visionário incompreendido.
Pensando bem, provavelmente o Sr. Chirac não perdeu nada o juízo e até é bastante lúcido. Esta espécie de caridade feita assim a coberto da salvação da Humanidade não será a melhor garantia de que as somas colossais enviadas para o terceiro-mundo voltarão rapidamente para o Ocidente (depois de paga a respectiva comissão local) para dar um empurrãozito nas nossas economias?
Desculpe sr. Chirac mas, para esse peditório, já dei.

PS: poderá Portugal ser considerado um país pobre e receber uma percentagem do dinheiro da taxa sobre os bilhetes de avião? Prometo que não comprarei um telemóvel novo com o que me tocar.

:: enviado por U18 Team :: 1/31/2005 02:50:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

O país precisa é de um electro-choque

Depois do choque tecnológico (do PS) e de gestão (do PSD), ontem foi a vez de Paulo Portas defender que o País precisa de um “choque de valores”.
Por sua vez, a “Paixão pela educação”, depois de se ter separado dos socialistas, abraça agora os democratas-cristãos.
Isto não é choque de valores. Isto é, mas é, promiscuidade!

:: enviado por JAM :: 1/31/2005 01:23:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

domingo, janeiro 30, 2005

Ena Pá 2000

Só para que conste, os Ena Pá 2000 comemoram hoje 20 anos de carreira.
Parabéns. Continuem a surpreender.

:: enviado por U18 Team :: 1/30/2005 11:06:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Iraque, a coragem

Confesso que estou impressionado. Vi hoje imagens do Iraque que mostravam filas para votar. Vi pessoas a votar numa assembleia de voto que tinha sido atacada duas horas antes. Vi iraquianos a orgulharem-se de votar sem medo.
Há hora em que escrevo estas linhas ainda não se conhecem os resultados das eleições. Também não é, por agora, o mais importante. O que é de assinalar é que os iraquianos foram votar. Anuncia-se 60% de votantes o que é superior à maioria das taxas de participação em democracias mais antigas e mais consolidadas. Plagiando um slogan infeliz de campanha eleitoral portuguesa, “Contra ventos e marés” os iraquianos votaram.
Independentemente da posição que possamos ter sobre a guerra no Iraque e o papel dos Estados Unidos, creio que só nos podemos regozijar por haver eleições num país que teve até há pouco tempo uma ditadura.
Estas eleições realizaram-se num clima de insegurança e, logo, de falta da liberdade desejável num acto eleitoral? Não discuto. Só não houve mais atentados porque as medidas de segurança foram apertadíssimas? Sem dúvida. A arrogância americana meteu-os num sarilho que não sabem como resolver? Talvez. As eleições não desenlaçam o nó em que se transformou o Iraque? Claro que não. Uma parte do país alheou-se destas eleições? É verdade. A taxa de participação está inflacionada pela deficiências dos cadernos eleitorais? Provavelmente.
Todas estas questões podem, e devem, ser discutidas. No entanto, para mim o mais importante neste momento é que ainda há lugares na Terra onde pessoas não se importam de arriscar a vida para depositarem um papel numa urna de voto. Afinal, ainda há esperança. O mundo é o que é e não aquilo que gostaríamos que fosse. Para os mais esquecidos peço apenas que se recordem em que condições de liberdade e segurança se passou o antes, o durante e o pós referendo sobre a independência de Timor. Os timorenses não se deixaram intimidar, os iraquianos também não.

Podemos interrogar-nos sobre a maneira como os EUA se envolveram nesta guerra e que interesses poderão estar na base desse envolvimento. Mas também não nos podemos esquecer que o Iraque se tornou no lugar de concentração da maior turba de tarados, lunáticos e psicopatas que se pode reunir. A ter que escolher entre a insanidade do fundamentalismo e os interesses económicos ainda prefiro os últimos. Pelo menos posso ver mulheres na rua que não estejam cobertas da cabeça aos pés.


:: enviado por U18 Team :: 1/30/2005 10:29:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Eleições sob tensões IV

O futuro da ocupação

O jornal britânico Guardian anunciou que a Grã-Bretanha e os Estados Unidos teriam estabelecido, em segredo, uma estratégia para a retirada do Iraque. Um acordo, firmado no passado dia 24 entre o Secretário da Defesa, Rumsfeld, e o seu homólogo Geoff Hoon, decidiu aumentar para o dobro o número de polícias iraquianos em formação, no sentido de colocar no terreno unidades iraquianas que teriam uma tarefa a meio-caminho entre polícias e militares. Nenhum prazo foi fixado, pelo menos publicamente, por forma a não “encorajar os resistentes”. Mas, de fonte oficial, “a Grã-Bretanha teria feito da retirada progressiva a sua prioridade”.
É evidente que a despesa de cerca de 10 biliões de dólares por mês pesa duramente aos contribuintes americanos, forçando a Casa Branca a abreviar a ocupação, mas uma retirada definitiva das forças ocupantes vai certamente depender da confiança de Washington nos vencedores das eleições de hoje. A menos que, como aconteceu no Afeganistão, já esteja decidido quem vai ganhar...

Leia também Eleições e terror no Iraque.

:: enviado por JAM :: 1/30/2005 01:06:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Eleições sob tensões III

O papel das mulheres

O jornal londrino Independent deu a palavra a Houzan Mahmoud, uma iraquiana estabelecida na Grã-Bretanha, que explica por que razão não participa nesta fantochada de eleições. Para esta dirigente da Organização para a Liberdade das Mulheres do Iraque, “as mulheres que irão às urnas votarão pela sua submissão à escravatura. Para as mulheres iraquianas, estas eleições não passam de uma cruel brincadeira e uma regressão do estatuto das mulheres após a queda de Saddam Hussein. As mulheres não passam das novas vítimas dos grupos islamistas decididos a restaurar a barbárie medieval”.

:: enviado por JAM :: 1/30/2005 10:35:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

Eleições sob tensões II

Um teste para o amanhã

O diário iraquiano Al-Nahdah, porta voz do partido laico e moderado dos Democratas Independentes, exprimiu, num recente editorial, as suas reservas em relação ao escrutínio de hoje. Tendo apelado inicialmente ao adiamento das eleições, decidiu-se finalmente por apresentar uma lista de candidatos. “Uma experiência nova, para um povo que viveu sob opressão durante um longo período. Um povo cujas aspirações foram sistematicamente ignoradas e que, há muito tempo, não tinha influência sobre as decisões relativas ao seu futuro”.
Esse editorial sublinha ainda a circunstância de o escrutínio decorrer sob ocupação, “uma situação dolorosa que foi imposta ao povo iraquiano. Mas, na ausência de uma oposição capaz de acabar com o regime ditatorial, esta ocupação permitiu a sua queda”. Todos os povos aspiram à escolha dos seus dirigentes e a participar no governo do seu país. “Torna-se, por isso, necessário que todos aqueles que acreditam nestes princípios levantem a cabeça e se organizem, para serem mais eficazes. Participaremos nestas eleições como se fosse uma primeira aprendizagem tendo em vista as próximas eleições, que, sem dúvida, voltarão a haver no Iraque.”

:: enviado por JAM :: 1/30/2005 07:06:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

Eleições sob tensões I

A delicada questão territorial

Chegou finalmente o grande dia das eleições gerais no Iraque, tão desejadas por Washington, e portadoras de sérios riscos para a unidade do país. A questão que se coloca, neste dia, é qual é afinal a posição dos Estados Unidos, a potência ocupante, perante os supostos riscos de desmembramento do Iraque em vários micro-Estados?
Oficialmente, Washington é pela unidade territorial e política do Iraque. Os partidos iraquianos participantes no escrutínio não dizem o contrário, sendo que não interessa a ninguém uma fragmentação do Iraque que levaria a uma crise regional impossível de controlar. Mas, no clima de violência actual, é enorme o risco de ver a lógica comunitarista sobrepor-se à lógica política, ou seja, os xiitas votarão nos partidos xiitas, os curdos votarão nos seus representantes curdos e os sunitas não fugirão e esta regra.
Farto do actual clima de violência, o iraquiano de base, independentemente das suas convicções etnico-religiosas, vive preocupado com questões mais terra a terra, como o fim da ocupação americana, a paz, o regresso do país ao normal ou a reconstrução do país. A estas aspirações, nem os discursos com uma forte conotação religiosa dos partidos em campanha, nem o facto de as eleições se realizarem sob ocupação (o que desde logo lhes tira toda a transparência), vão poder dar resposta.
Sem dúvida, muitos iraquianos participarão nestas eleições, mas outros tantos irão abster-se. Não porque receiem as ameaças islamistas, mas porque os partidos que concorrem às eleições, suspeitos (com ou sem razão), de serem as marionetas de Washington, não vão estar em posição de satisfazer as suas aspirações.
Para Salim Lone, antigo conselheiro de Sérgio Vieira de Mello, estas eleições são uma farsa e a única esperança de paz que ainda resta é que os EU aceitem deixar o Iraque para dar o lugar a uma força internacional sob a égide da ONU. Só assim se mostrará aos iraquianos que o único objectivo é ajudá-los a formar uma democracia autêntica.
É enorme a amargura daqueles que todas as manhãs fazem o balanço dos seus mortos no Iraque mas, pior ainda, seria, numa destas manhãs, terem de registar a queda de um morto chamado Iraque.

Leia também Bagdad: Jardins Suspensos.

:: enviado por JAM :: 1/30/2005 01:14:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

sábado, janeiro 29, 2005

Leitura recomendada

O que faz falta é visão e alma, qualidades que não se fabricam nos laboratórios de marketing político e, por isso, não se transmitem a líderes desprovidos de dimensão de liderança e reféns dos seus medíocres narcisismos.
Santana acabará prisioneiro de si mesmo e do seu reflexo solitário no espelho de uma ambição vazia. Mas Sócrates não parece capaz de libertar-se da sombra dos seus tutores e afirmar a consistência, a convicção mobilizadora de uma vontade própria. E isso não passa despercebido aos eleitores.



:: enviado por JAM :: 1/29/2005 08:11:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Uma resposta a muitas perguntas

António Vitorino não exclui a possibilidade de vir um dia a candidatar-se à liderança do PS.


:: enviado por JAM :: 1/29/2005 03:39:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Os caloteiros que paguem a crise...

"Calotes ao Fisco valem 15 mil milhões
...
A Administração Fiscal tem cerca de três milhões de processos de execução fiscal por cobrar no valor de 15 mil milhões de euros.
...
o Eurostat divulgou ontem que Portugal é dos membros da União Europeia (UE) onde os impostos indirectos mais pesam na receita fiscal, sendo ultrapassado apenas por Chipre e Hungria.
...
Em Portugal, a carga fiscal – definida como o montante dos impostos e das contribuições para a Segurança Social expresso em percentagem do PIB – foi de 38,1 por cento do PIB, acima dos 37,4 por cento de 2002."


Como, do meu rendimento, pago +-65% ao Estado, espero ser tratado com o respeito devido a quem paga na integralidade os seus impostos. Face à quebra sucessiva de compromissos por parte do estado em relação aos seus funcionários, à ameaça de todas as nossas contribuições sociais correrem o risco de serem transformadas em impostos, não aceito o ataque que agora está na moda aos funcionários públicos. Na realidade, se o Estado não cumpre os seus compromissos para comigo, então o meu vencimento real mais não é que 35% do apregoado. Face a um estado desonesto, incapaz de assumir compromissos, devem todos os seus funcionários rever posições.

Por outro lado, a actual tendência para a causa de todos os males do país ser a função pública, dá que pensar...

Existe algum Estado civilizado sem Funções Públicas?

Mas que outro Estado da Europa vê toda a estrutura hierárquica dos seus sistemas públicos alterada a cada eleição?
Que outro estado europeu vê as carreiras partidárias transformarem-se em carreiras profissionais, a cada eleição?
Que outro estado europeu vê as influências de máquinas partidárias fazerem a ascensão meteórica de quem nunca trabalhou naquilo que é supostamente a sua profissão?
Em que outro Estado de direito e de decência se ouvem alguns, cheios de duas ou três reformas, ter o descaramento de atacar, sem serem questionados, os direitos de gente que toda uma vida contribuiu para o bem comum, sem se escamotear a nenhum dos seus deveres?
Em que outro país de direito europeu se varrem direitos adquiridos, com a mesma ligeireza com que se bebe uma bica?

Sem uma função pública respeitada e independente de influências partidárias passageiras não há estado de direito. Na realidade a demagogia mais trauliteira e sem classe apoderou-se da nossa comunicação.

Alguém se admira que os portugueses dignos desse nome ouçam com respeito os “velhinhos”? Em política não deveria valer tudo.

Os problemas do país resolvem-se com exercícios de inteligência, não com demagogia barata.



:: enviado por RC :: 1/29/2005 01:43:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

O mundo deve mudar de base

A aterradora catástrofe do tsunami fez acordar a consciência do mundo para a fractura social planetária. Neste mundo dominado pelo capitalismo mundializado, as populações gritam as suas aspirações a um outro mundo de justiça, solidariedade, liberdade e paz. É o que neste momento se exprime em Porto Alegre, ao som das campanhas para irradicar a pobreza e anular as dívidas dos países pobres. E estas exigências conseguiram finalmente furar a blindagem das portas do bunker de Davos.
Tal como em Porto Alegre, Davos descobriu as necessidades humanas em alimentos, água, saúde e educação. Tal como em Porto Alegre, Davos trouxe à ordem do dia as escandalosas despesas militares que chegariam, por si só, para pagar as facturas dos povos do mundo inteiro. Estamos finalmente todos de acordo em que o mundo deve mudar de base e em que devemos construir um novo mundo do “em-comum”, em que as palavras de ordem sejam a partilha dos poderes, das riquezas e dos saberes.
Para isso, as instituições internacionais deverão ser transformadas e democratizadas. A construção dum mundo comum só será possível através de audaciosas reorientações políticas em prol da segurança da vida, segurança do emprego e da formação, segurança alimentar, segurança sanitária e ecológica e da preservação das diversidades culturais. A taxação dos movimentos de capitais, do comércio de armas e a supressão dos paraísos fiscais, seriam, só por si, suficientes para alimentar um fundo mundial para irradicar a fome e a Sida. Esta cooperação mundial teria possivelmente que passar pela criação de uma moeda comum mundial, verdadeiramente alternativa do dólar...
Estas e outras questões estão em discussão em Porto Alegre, sob o lema “Um outro mundo é possível”, a acompanhar de perto no site do Forum Social Mundial.

:: enviado por JAM :: 1/29/2005 01:12:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Auschwitz nunca mais

Comemorar Auschwitz convida-nos legitimamente a lembrar até que ponto o anti-semitismo é um veneno letal e inaceitável, tanto para os judeus como para toda a humanidade. A História não pára de nos repetir que ao queimarmos uma parte da humanidade, consumimos irremediavelmente a outra parte.
Desde que foram lançados pelos sobreviventes dos campos de concentração os gritos de “Nunca mais”, sabemos hoje que muitos outros crimes de genocídio abomináveis foram, ou continuam a ser, perpetrados na Ásia, em África e mesmo na Europa. Tal não poderá levar-nos à resignação. Pelo contrário, deve fazer-nos ouvir, a toda a hora, a estridência das sirenes de Auschwitz, como um apelo à vigilância, perante todas as aberrações políticas, económicas, culturais, filosóficas ou religiosas, que neguem ao homem o seu estatuto de igual em direitos, de igual em dignidade, de igual em humanidade.

:: enviado por JAM :: 1/29/2005 01:18:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Paz de alma


:: enviado por Anónimo :: 1/28/2005 10:15:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Faça como entender

Faça como entender, desde que faça o que eu digo.
O quase ex-ministro Bagão Felix mostra-se com a verdadeira cor dos prepotentes. O poder é meu e todos os outros me devem vassalagem, parece dizer o beatífico contabilista do estado.

"É difícil de entender que o presidente da assembleia geral da CGD faça um parecer que vai contra a decisão do Estado que representa naquele órgão, sem sequer ouvir o accionista"

No desespero e no desnorte que se instala, confessam-se aquelas verdades que normalmente se escondem da populaça. Os pareceres não são mais que argumentações com o fim de ligitimar a prepotência. Os portugueses sempre suspeitaram que os pareceres em que se alicerçam direitos e decisões são "encomendados" e feitos consoante o freguês. Ainda bem que alguém, de quando em vez, dá livremente o seu parecer. De outro modo, bem se podiam dispensar esses dispendiosos documentos que muitas vezes legitimam a prepotência de quem paga...




:: enviado por RC :: 1/28/2005 10:07:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

20 milhões de euros!!!!!

Chegou-me aos ouvidos esta estonteante quantia. Terá sido sonho ou é mesmo verdade que os partidos políticos portugueses contam gastar tal soma astronómica? Em quê? Em panfletos, autocolantes, bandeirinhas e bandeirolas... Para quê? Para tentar convencer um povo que está cansado de todo este "teatro sem fim"... Vinte milhões de euros! Nem vale a pena transformá-los em escudos, pois só serviria para aumentar a raiva que sinto e, como eu, milhões de vós a deveis sentir também.
NÃO, um redondo não é o que eles merecem de todos os que ainda temos um mínimo de bom senso.
O país está a braços com uma das piores secas dos últimos tempos... há animais a morrer de sede e fome, de Norte a Sul de Portugal... há pastores a sofrerem com o triste espectáculo de todos os dias... há agricultores a deixarem de comer para poderem salvar o pouco que têm... e na "capital", nas lutas por um poder podre, há o desplante de se gastarem vinte milhões de euros com... lixo! Realmente não sei onde iremos parar com tanta falta de senso. É de dizer... BASTA! Já não há pachorra!

:: enviado por Anónimo :: 1/28/2005 09:50:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Revoltante

Num tempo em que ouvimos, com agrado, homens com quem nunca alinhámos politicamente, mas que, pela sua estatura, cultura, refinamento e bom senso se impõem como referências, eis que chegámos ao mais baixo. O Independente presenteia-nos cm uma capa que deveria envergonhar todos e cada português. Freitas do Amaral palhaço?

Example

Palhaço? Se nesta nossa sociedade tratamos assim pessoas que merecem o respeito de todos, então não há mesmo esperança. Por outro lado, todos estamos lembrados de como O Independente desenvolvia as suas campanhas contra o Professor Cavaco Silva, até com a casa de banho do senhor implicaram. A extrema direita portuguesa cada vez mais mostra o que verdadeiramente é. Umas boas bengaladas é o que era.


Veja como se pode descer tão baixo...>>>

:: enviado por RC :: 1/28/2005 05:20:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

A subtil diferença entre as palavras e os actos

Ao insistir que combater a pobreza não é caro, Clinton pôs em relevo o custo anual das operações americanas no Iraque, cerca de 80 mil milhões de dólares. Na véspera, Chirac afirmara que, com dois mil milhões de dólares por ano poder-se-ia garantir o ensino primário a todas as crianças da África Subsariana, ou pesquisar uma vacina contra o paludismo.

:: enviado por JAM :: 1/28/2005 01:45:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Por que não no CDS

Acerca do CDS pouco há a dizer. Basta lembrar que Diogo Freitas do Amaral recomenda o voto no PS. Aliás, a argumentação em torno da competência governativa é substituída pela lógica mais poderosa, na óptica do PP, de que é necessário dar ao CDS mais votos que ao PCP e ao Bloco juntos. Dizia-se antigamente: cresça e apareça.
Para o CDS toda a esquerda representa o mal, não respeita o direito à vida, não é patriótica, não tem respeito pela história. A esquerda, que no governo usa finos fatos, em campanha, usa uns blusõezinhos e camisas abertas. Que falta de sentido de estado. É que o "sentido de estado" é assim a modos que um "empertigaitamento" da alma, da lógica e do vestir, que confere a quem o tenha, esse arzinho de seriedade de quem está mortinho por gozar os parolos...

Curiosamente, se a nossa esquerda fosse efectivamente assim, o CDS teria morrido por interrupção violenta no momento da sua fundação. A esquerda portuguesa é, por natureza, dócil e tolerante...

Antes votar num D. Sebastião que nos chegue do nevoeiro...

:: enviado por RC :: 1/27/2005 06:20:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

O programa Barroso

Os países membros da União europeia, que elegeram José Barroso para seu presidente, queriam um verbo-de-encher e conseguiram-no. Barroso apresentou ontem o seu programa em Bruxelas, sob o signo da falta de envergadura. Nas suas próprias palavras, “A União Europeia só deverá agir quando for necessário e da forma mais leve possível”. O Comissário irlandês foi ainda mais longe dizendo que “Fazer menos é fazer mais (!)”, o que nos faz lembrar o desastroso reinado de Jacques Santer.
O documento intitula-se “Europa 2010”, por um lado porque 2010 representa o final do seu mandato, mas também porque a cimeira de Lisboa de 2000 havia apontado 2010 como o ano em que a economia europeia será a mais competitiva do mundo. Só que, como as questões económicas são da responsabilidade dos Estados Membros, Barroso dá o seu contributo, num misto de falta de ideias e de extrema limitação de poderes, anunciando aquilo que vai poder fazer para alcançar os objectivos da União, isto é,... nada.

:: enviado por JAM :: 1/27/2005 01:39:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Começou o melhor dos debates

Com 23 minutos jogados:

S. L. Benfica – Sporting C. P. 2 – 2

Adenda 1: Prolongamento no Estádio da Luz.
Adenda 2: 3 – 3 a três minutos do final do prolongamento. Já cheira a penalties.
Adenda 3: Sem dúvida, um óptimo debate. Emoção do princípio ao fim. Suspense e enorme expectativa até ao apito final. Grande jogo. Grande derby no Estádio da Luz. É que, neste debate tinha que haver um vencedor: o Benfica está nos quartos de final!
Felizmente que existe o futebol, para animar a campanha... e o povo!


:: enviado por JAM :: 1/26/2005 08:19:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

Quid dos programas culturais?

« Suicide Spud » – escultura cerâmica de Dan Hennig

Em Dezembro estive para escrever sobre o acto insólito que terá levado uma empregada da limpeza a deitar para o lixo uma obra do Centro de Arte e Espectáculos da Figueira da Foz constituída por 17 pedaços de um lavatório de cerâmica da autoria de Jimmie Durham. A infeliz que a lançou para um contentor achou que se tratava de lixo de obras a decorrer no centro.
O DN repete agora esta história, a propósito de um acto idêntico, desta vez perpetrado por três alemães que trabalham na recolha do lixo em Frankfurt, que destruíram e incineraram uma escultura de Michael Beutler, instalada numa rotunda daquela cidade. Neste caso, os responsáveis foram “condenados” a frequentar um curso de Apreciação de Arte.
Estes, e outros episódios do mesmo teor de que nos conta o mesmo artigo, deveriam ser motivo de reflexão, no momento em que procuramos eixos de mudança, para uma maior valorização da formação (e informação) artística, integrada em objectivos culturais a levar a cabo pelos nossos próximos governantes, e que deveriam constar dos respectivos programas.
É certo que, se por um lado uma obra artística é uma espécie de reformulação dos conceitos estabelecidos, levando a que se não é bem um conceito estabelecido então poderá ser eventualmente lixo, não nos devemos esquecer que arte é também tudo o que é feito pelo homem com a intenção de provocar uma emoção de ordem estética. E é aqui que entram em acção os tais objectivos culturais que deveriam desenvolver os estímulos dessas mesmas emoções de ordem estética nas pessoas.

:: enviado por JAM :: 1/26/2005 03:48:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

O discurso e o défice

O porta-voz do Governo anunciava, no último fim de semana, o tom certo para refinar o discurso de campanha. Nesse sentido, o PSD teria a tarefa facilitada, bastando-lhe perguntar, repetidamente, aos eleitores, o que preferem: um país a crescer, optimista e motivado, ou um regresso à crise, à incerteza e à austeridade.
Hoje, a Direcção-Geral do Orçamento deu a resposta: O défice orçamental do subsector Estado em 2004 agravou-se de mais de dez por cento, face a 2003. O défice é agora de 5,3% do PIB.
Refinem agora o discurso e digam repetidamente aos eleitores: os sacrifícios que pedimos e impusemos, nos últimos três anos, não serviram para nada.

:: enviado por JAM :: 1/26/2005 08:41:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

terça-feira, janeiro 25, 2005

Maturidade

Há, sem sombra de dúvida, bastante exagero no post de Pedro Oliveira, ao dizer que, sob o efeito do choque das palavras de Louçã, muitos eleitores confessos do Bloco de Esquerda manifestaram já a sua intenção de deixarem de o ser. Se as intenções de voto se pautassem pelas afirmações menos felizes dos políticos, já não existiriam, por certo, eleitores neste país, nem neste mundo. Que o diga George W. Bush...
Para quem ainda não viu, Francisco Louçã, confessa-se hoje nas páginas do Público. Na minha opinião, por detrás das críticas agora feitas a Louçã, escondem-se muitas hipocrisias desta nossa sociedade do século XXI. A questão do aborto é uma delas. Como aqui escrevemos, há já alguns meses, na sociedade competitiva em que vivemos, cheia de desigualdades, as mulheres devem ter opção. Opção a uma maternidade desejada, porque uma criança tem de ser desejada, amada e acarinhada. Opção à sua dignidade. Opção a ter opção. Não é, afinal, esta capacidade de opção que distingue a VIDA dos seres humanos, da vida dos protozoários, dos cogumelos, dos caracóis ou dos carneiros?

:: enviado por JAM :: 1/25/2005 01:42:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Paris convoca o planeta

Paris, que conta com dois milhões de Homo sapiens, ou seja, cerca de 20 mil por quilómetro quadrado, um dos territórios europeus mais colonizados pela espécie humana, será esta semana o farol da luta mundial contra a erosão da biodiversidade. Começou, na sede da UNESCO, a conferência internacional “Biodiversidade, ciência e governância”. A “ciência” estará representada por centenas de especialistas das áreas da ecologia, epidemiologia, economia, farmacologia, agronomia, antropologia, ... Quanto à “governância”, ela será representada por numerosos representantes de ONGs e Estados, a começar pelo presidente francês.
Foi na reunião do G8, em França, em 2003 que Chirac lançou o projecto desta conferência, destinada a fazer um balanço dos conhecimentos, das lacunas e das controvérsias científicas, que permitam estabelecer um diálogo entre cientistas, políticos e decisores económicos. Pretende saber-se o número das espécies que vivem actualmente e qual a capacidade de adaptação das que estão ameaçadas.
É certo que a perda da biodiversidade, extremamente prejudicial para o homem, avança a um ritmo desconhecido. Julga-se que, pela primeira vez na história da vida, esta perda é devida a uma única espécie, o homem, cuja população dobrou no espaço de meio século, enquanto que o seu consumo de água, madeira e matéria orgânica fóssil, foi multiplicada por seis.
Que fazer então?

Fica aqui o endereço do site da conferência.

:: enviado por JAM :: 1/25/2005 01:44:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Blake assassinado

JPP, abstencionista agora, transcreve-nos hoje um poema de William Blake.
Apaziguemos Blake repondo a beleza e o ritmo do original, assassinado pela tradução de Vasco Graça Moura:

The Tiger

Tiger, tiger, burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry?

In what distant deeps or skies
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand dare seize the fire?

And what shoulder and what art
Could twist the sinews of thy heart?
And, when thy heart began to beat,
What dread hand and what dread feet?

What the hammer? What the chain?
In what furnace was thy brain?
What the anvil? What dread grasp
Dare its deadly terrors clasp?

When the stars threw down their spears,
And water`d heaven with their tears,
Did He smile His work to see?
Did He who made the lamb make thee?

Tiger, tiger, burning bright,
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Dare frame thy fearful symmetry?



Tradutore, traditore?

:: enviado por RC :: 1/24/2005 09:45:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Celorico Pouco Basto

Nem a "genialidade" do professor Marcelo impede o concelho a cuja assembleia municipal preside de ter um dos mais baixos poderes de compra do país. Aproximadamente 40% da média nacional. Fica provado que fracos autarcas fazem grandes comentadores.

:: enviado por RC :: 1/24/2005 09:29:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Programa Pesado

Programa do Bloco de Esquerda - 691 333 bytes
Programa da CDU - 502 465 bytes
Programa do Parido Socialista - 1 904 934 bytes

No "site" do ppd/psd diz-se que "Como a versão do Programa Eleitoral era muito pesada (mais de 7MB) e muitos utilizadores se queixaram da impossibilidade de fazerem o download, vamos disponibilizar no final do dia de hoje uma versão mais fácil de descarregar."

Sete megabaites? É obra. Estou cheio de curiosidade. Bem dizia o nosso PM PSL que queria governar até 2014...

:: enviado por RC :: 1/24/2005 08:33:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

A Linguagem da ficção

Este fim de semana assisti a dois exemplos de como os mundos da ficção e da realidade se podem, por vezes, misturar e interpenetrar. O primeiro, talvez devido a uma certa desilusão pelo último filme de Woody Allen, resolvi rever “A Rosa Púrpura do Cairo” de 1985. Aquele em que o personagem do arqueólogo herói da história, Tom Baxter, sai do écran e se declara apaixonado por uma dona de casa entediada, que tinha ido pela quinta vez assistir àquele filme para fugir da rotina do dia-a-dia. Esse exemplo reflecte o fascínio que a imagem e a linguagem da ficção exercem sobre as pessoas, ao ponto de mudar a sua percepção da realidade, levando-as a habitar num outro mundo imaginário da sociedade.
O segundo foi este post do Puragoiaba que põe a nu o facto de, hoje em dia, se ler cada vez menos. Usando por base uma história de Mário Vargas Llosa, apela aos leitores para que não deixem de mergulhar, o mais possível, no romance e na ficção, sob pena de se tornarem todos seres intoleravelmente unidimensionais.
Resolvi seguir a pista, e fui encontrar no sótão esta maravilha de Mário Vargas Llosa, que acabei por condensar num espaço mais aceitável de post de blogue.

Continue a ler A importância da literatura.


:: enviado por JAM :: 1/24/2005 09:34:00 da manhã :: 1 comentário(s) início ::

domingo, janeiro 23, 2005

Alguém viu?

Tenho procurado os programas eleitorais dos vários partidos e, até agora, só encontrei os programas do PCP e do Bloco de Esquerda. Alguém sabe onde param os outros?


:: enviado por RC :: 1/23/2005 09:08:00 da tarde :: 4 comentário(s) início ::

Até onde, a estupidez americana?

Não posso acreditar que algo como isto tenha sido dito!
Como é possível deixarmos que alguém, em quem o mundo já negou a confiança, estando mais que provado o resultado desastroso da invasão ao Iraque, venha agora ameaçar, por intermédio de terceiros, atacar outra nação por suposições apenas sugeridas...? Que estamos a fazer?

Leia mais...

:: enviado por Anónimo :: 1/23/2005 02:17:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

Rafael Bordalo Pinheiro (1846 – 1905)

Cá pelo país está tudo diferente e tudo na mesma. As lutas pelo poder continuam. Os partidos sucedem-se. É que a política é como uma “grande porca”. É na política que todos mamam. E como não chega para todos, parecem bacorinhos que se empurram para ver o que consegue apanhar uma teta.

Estas frases não pertencem à campanha eleitoral de 2005, mas sim à análise afiada de Rafael Bordalo Pinheiro ao regressar a Lisboa em 1879, após uma estadia de quatro anos no Brasil.

O Zé Povinho tomou forma pela primeira vez em 12 de Junho de 1875 no n°.5 da Lanterna Mágica. Nesse primeiro desenho, aludindo aos impostos, Bordalo Pinheiro vestia Fontes Pereira de Melo de Santo António, colocando-lhe o menino D. Luís I ao colo, enquanto o Ministro da Fazenda (Serpa Pimentel) recolhia a esmola de um Zé Povinho boquiaberto, coçando a cabeça intrigado, de chapéu braguês e fato rural coçado e roto. Ao longo dos números seguintes da Lanterna Mágica, o Zé Povinho surge sempre de boca aberta sem nunca intervir, aconteça o que acontecer. O próprio Bordalo refere: Zé Povinho olha para um lado e para o outro e... fica como sempre... na mesma.

Esta falta de iniciativa é uma das características mais evidentes do “Portuguese way of life”. Um Zé Povinho ignorante e indiferente continua hoje a assistir à passagem da procissão da política. De tal modo que, por vezes, nos interrogamos se é o Povo que manda nos políticos, ou se é o contrário. O desejo de enriquecimento fácil e rápido perante a tradicional miséria política, faz não só com que plantem eucaliptos em excesso, joguem freneticamente na Lotaria, Totoloto, Totobola e Raspadinha, mas também com que a maioria da população portuguesa persista em tolerar a corrupção e os tachos, na esperança de um dia lhe calhar também um.


PS: O Briteiros associa-se à iniciativa do Barnabé de “canonizar” Rafael Bordalo Pinheiro como S. Bordalo, padroeiro da blogosfera, pelo milagre da sátira contra o martírio da monotonia.

:: enviado por JAM :: 1/23/2005 01:43:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Hamburgers podem ter morto presidentes do McDonald’s

Tem todo o tipo de uma “alfinetada” nos Estados Unidos, a reportagem distribuída esta semana pela agência de notícias estatal chinesa Xinhua, que indica haver ligação entre as mortes de dois ex-presidentes do McDonald's e o consumo exagerado das refeições da própria rede de fast-food. Charlie Bell morreu no último dia 17, de cancro do cólon, com apenas 44 anos. O seu antecessor na direcção da empresa, James Cantalupo, teve um ataque cardíaco e morreu em Abril do ano passado, aos 60 anos, quando ainda exercia o cargo.
A Xinhua afirma que Bell começou a trabalhar na empresa aos 15 anos e era um consumidor inveterado dos produtos McDonald's. Mesmo ao pequeno almoço. Por isso, a agência chinesa conclui que pode haver uma ligação entre o tipo de cancro que o matou e os seus hábitos alimentares.
A mesma notícia acrescenta que o risco de contrair o cancro do cólon – que, de acordo com as estatísticas, deve afectar em 2005 cerca de 131 mil norte-americanos - está directamente ligado ao consumo de carnes e gorduras, que são ingredientes que abundam na composição da comida do McDonald's. Já as fibras, que ajudam a prevenir a doença, são raras nesse tipo de fast-food.

:: enviado por JAM :: 1/23/2005 01:08:00 da manhã :: 1 comentário(s) início ::

sábado, janeiro 22, 2005

A meca marroquina dos estúdios de cinema

O facto de um grande número de realizadores ter escolhido Ouarzazate para realizar os seus filmes, tem a ver com a sua luminosidade, a diversidade das suas paisagens e a sua variedade étnica que permite uma grande disponibilidade de diferentes perfis de figurantes. Foram estas óptimas condições que permitiram a realização de filmes como Lawrence da Arábia, Cleópatra, O Gladiador, Alexandre - o Grande, A Jóia do Nilo ou Um Chá no Deserto nesta província marroquina.
Para além de mais de 40 longas metragens, Ouarzazate acolheu equipas de mais de 100 reportagens, 66 documentários e algumas dezenas de spots publicitários. Martin Scorsese e a produtora Barbara De Fina escolheram igualmente os horizontes das montanhas do Atlas e do deserto de altitude para criar o ambiente tibetano de Kundun, que conta a história do 14.º Dalai Lama.
Quando as condições da produção exigem que sejam feitas construções, são as técnicas seculares que são utilizadas, o que acrescenta autenticidade e veracidade aos cenários. A cinco quilómetros do centro da cidade, é possível penetrar nos segredos da concepção fílmica, numa visita guiada às oficinas de carpintaria, serralharia, estuque, pintura, escultura e vestuário, que permitiram criar os cenários dos míticos filmes.

Leia também O Maior Estúdio do Mundo e ainda Os Estúdios do Atlas.

:: enviado por JAM :: 1/22/2005 02:09:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

A Compta da Administração Fiscal

As Finanças estão a fazer devoluções indevidas de IRC a empresas, havendo casos em que estão a ser emitidos cheques de vários milhões de euros.

:: enviado por JAM :: 1/22/2005 01:21:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

sexta-feira, janeiro 21, 2005

134 anos atrás era assim

“O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência, Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e
na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Toda a vida espiritual, intelectual, parada. O tédio invadiu todas as almas. A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce. As quebras sucedem-se. O pequeno comércio definha. A indústria enfraquece. A sorte dos operários é lamentável. O salário diminui. A renda também diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
[...] Não é uma existência, é uma expiação.”

Eça de Queiroz – As Farpas (Maio de 1871)

Passaram cento e trinta e quatro anos desde que este texto foi escrito. Será possível !?

:: enviado por U18 Team :: 1/21/2005 10:10:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Professores no Tribunal


E o pai concorda. "Estes estudantes são ainda crianças..."
O filho de 17 anos considera que preparar-se para matemática do 12º durante as férias é demais. "Embora não tenha arruinado completamente o meu Verão, causou-me stress desnecessário em casa e no meu trabalho de férias"

Foi por isso que processou o professor de matemática e a administração da escola.

Em terras de Harleys é assim. E por cá começam a pegar as modas...


Leia a notícia...>>>


:: enviado por RC :: 1/21/2005 08:21:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Um presidente pirómano

“Pelos nossos esforços, acendemos um fogo. Um fogo no espírito dos homens. É um fogo que aquece todos aqueles que sentem o seu calor. É um fogo que queima todos os que combatem a sua progressão e, um dia, este fogo indomável da liberdade ganhará os recantos mais sombrios do nosso mundo”.

Foi com estas palavras que começou ontem, ao meio-dia, o discurso de investidura de George W. Bush, como 43.° Presidente dos EU. Um discurso que continha quarenta e uma vezes a palavra liberdade, mas nenhuma vez a palavra Iraque.
Corado de prazer e de olhos cintilantes de emoção, Bush foi aclamado pelos curiosos sob um imponente fogo de artifício. Sessenta milhões de dólares transformados em fumo festivo. O texano habituado a apresentar-se como um tipo modesto, cedeu desta vez aos prazeres da majestade.
Mas os americanos não pareceram ter partilhado o seu prazer. É um facto que, normalmente se trata de uma cerimónia adorada por todos, símbolo da reconciliação após a batalha eleitoral. Desta vez, uma sondagem do Washington Post revela, no entanto, que dois terços dos americanos teriam preferido uma cerimónia mais modesta.
A guerra no Iraque não é popular e Bush não inicia o seu segundo mandato nas melhores condições. É certo que dispõe de um apoio confortável no Congresso, mas o seu apoio na opinião pública é frágil, se comparado àquele de que dispunham Bill Clinton ou Ronald Reagan nos respectivos segundos mandatos.

Só o nosso cronista-mor, não viu nada disto...


:: enviado por JAM :: 1/21/2005 01:37:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

quinta-feira, janeiro 20, 2005

O lugar da mulher na América de Bush

Numa tentativa para compreender por que razão há menos mulheres do que homens nas matemáticas e nas ciências, Lawrence Summers, presidente da venerável Universidade de Harvard, lançou uma série de explicações, numa conferência sobre o lugar das mulheres e das minorias na ciência e na engenharia. A primeira é simples: as mulheres estão menos disponíveis do que os homens, sobretudo quando têm filhos. Em segundo lugar, constata-se que os homens obtêm melhores notas nos exames e, vá lá saber-se porquê, a causa poderá ser de ordem biológica. Finalmente, as mulheres apresentam-se sempre como vítimas de discriminação.
As reacções a estas declarações sobre a inferioridade biológica das mulheres, que deixaram em polvorosa, não só Harvard, mas também outras universidades americanas, levaram os membros da comissão de recrutamento dos professores a enviar uma carta de protesto denunciando que: “Tais comentários só servem para reforçar as barreiras entre os sexos que já existem na universidade”. Em resposta a estas críticas, Summers queixou-se, no seu site Internet, que terá sido vitima de incompreensão. Mas, em declarações posteriores ao Boston Globe, continuou a afirmar que, é certo que as pessoas preferem crer que as diferenças de capacidades entre homens e mulheres são devidas a factores sociais; se ele falou de diferenças biológicas, foi por achar que o assunto deveria ser mais aprofundado.
Poder-se-á dizer que se trata de um caso isolado, mas o que é preocupante é que, numa sociedade que se esperava em franco desenvolvimento progressista, são cada vez mais numerosos os exemplos deste tipo de regresso às ideologias medievais. Depois das dúvidas crescentes na sociedade americana sobre se o homem é fruto da evolução natural das espécies ou simplesmente criação de Deus e descendente de Adão e Eva, de que falámos aqui, aparecem agora, no início do segundo reinado de Bush, estes preconceitos em relação às capacidades biológicas das mulheres, que fazem lembrar as famosas ideias do ex-candidato a Comissário europeu Buttiglione, de triste memória.
Por este andar, o próximo presidente americano vai ser eleito só por homens.

“As diferenças entre homem e mulher são exactamente isso:
diferenças, não defeito, doença ou demérito.
Mulher não é um segundo, mas o outro sexo.”
Dianne Hales


:: enviado por JAM :: 1/20/2005 08:55:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Campanha "Big Brother"

Começou hoje a campanha suja, pela mão de um jornal periférico, O Crime. Independentemente do que seja o desenrolar dos episódios colaterais às problemáticas do país, o que me continua a interessar é saber se o Estado é pessoa de bem, se honra os seus compromissos, se garante os meus direitos. Tudo o resto é treta. Para que todos nos recordemos, aqui vai um pouco do nosso texto fundamental.

Artigo 13.º
(Princípio da igualdade)
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

[É só para lembrar]

Descarregue o texto integral da nossa Constituição, ainda que não cumprida, anima o pessoal.

:: enviado por RC :: 1/20/2005 07:35:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

São tantos que até já lhes trocam os nomes

A falta de vergonha não tem limites. Entre o dia 30 de Novembro, data da queda do governo, e hoje, foram vários os casos de recrutamento para cargos como adjuntos de gabinete, secretárias ou chefes de gabinetes. Ao todo, foram publicados, no Diário da República, 2446 despachos de nomeação, de vária ordem.
Instado pelo Público a justificar esta pouca vergonha, Santana Lopes limitou-se a dizer: “Se o PS tivesse juízo, não falava nisso”.
Primeiro que tudo, impõe-se desde já a seguinte questão ao presidente do PSD: A resposta que deu foi para o PS. Mas, atendendo a que nem todos os portugueses são militantes do PS, como explica o PSD aos portugueses toda esta euforia de nomeações?

Mas, esta história não acaba aqui.
Santana Lopes ao acusar o PS, e o seu líder José Sócrates, de ter feito promoções de pessoas, em 2002, já depois da vitória do PSD nas legislativas, apontou o exemplo de Filipe Baptista, Inspector Geral do Ambiente, nomeado pelo então ministro Sócrates, já depois de Durão Barroso ter ganho as eleições.
O nome de Filipe Baptista revelou-se, porém, estar errado. Algumas horas mais tarde, Miguel Almeida, membro da comissão política nacional do PSD, lamentou a troca de nomes no discurso do primeiro-ministro, assumindo a sua própria culpa e afirmando que quem foi “nomeado [por José Sócrates] foi o Presidente do Instituto Geográfico Português, Carlos Mourato Nunes”, como consta “no Diário da República de 12 de Abril de 2002”.

O PS ainda está a tempo de prometer, no seu programa eleitoral, que não fará mais nomeações dos seus “boys” para os cargos públicos, ou então de propor a criação de uma Alta Autoridade fiscalizadora da competência dos titulares nomeados, como sugeriam os resultados da nossa anterior sondagem.
Quanto ao PSD, os portugueses que votarem neles sabem agora, de antemão, que estarão inequivocamente a apoiar a continuação do amiguismo, clientelismo, compadrio e empreguismo, ou seja, a continuação do assalto desenfreado aos tachos por parte dos militantes do partido.

:: enviado por JAM :: 1/20/2005 11:07:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

quarta-feira, janeiro 19, 2005

BritoSondagens, SA

Portuguesas e portugueses, vivemos uma hora de crise da identidade nacional. Isto de fazermos as coisas que nos dão gozo é fantástico. Quando preparámos a sondagem que temos vindo a propor, pensámos que não devia haver nenhum toque menos sério. A presença de D. Sebastião não equivale a nenhum aligeirar do assunto. É uma sondagem séria e os resultados, até agora, exigem funda reflexão. À frente vão Sócrates e D. Sebastião, daí que a minha interpretação seja que queremos mudar e que a coligação deve ser com um sonho de um outro Portugal.

Um amigo disse-me que se lá estivesse o Emplastro dava no mesmo, ao que eu respondi que por isso mesmo lá estava o D. Sebastião. Se tudo for uma desilusão podemos sempre ir à procura do Cardeal D. Henrique, velho, mas com hábitos alimentares assaz interessantes...

:: enviado por RC :: 1/19/2005 09:14:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

Intimismos

Se isto é nosso, escreve-se o que dá na realíssima.
Hoje dei comigo a ler um artigo, já não sei em que jornal, patanisca de bacalhau para um lado e jornal para o outro, no qual Sua Excelência o Senhor Ministro da Defesa e Assuntos do Mar (liga com a patanisca) defendia, com a postura de estado, pelo menos a que permitem as dores de costas com que a idade insidiosa e pérfida se encarrega de nos presentear, que era imperativo definir duma vez por todas quais são os cargos de nomeação política. Lá fiquei lisonjeado e triste. Lisonjeado porque ter um ministro com postura de estado e tudo que lê os nossos posts, é obra. No nosso post Os Estábulos de Áugias, defendíamos isso mesmo, mas como o ministro que tal ideia defende, com postura de estado e tudo, é o mesmo dos assessores novinhos a receber os proverbiais balúrdios...
E depois, lembro-me do Manuel Monteiro, Manel para os amigos, a copiar a nossa ânsia de liberdade para a Madeira e já não sei que pensar...

Fiquei triste, demasiado à esquerda para a direita e demasiado à direita para a esquerda, fica-se assim num limbo. Vale-nos a blogosfera, todos secretários-gerais do nosso pequeno mundo. Ainda por cima vi o Prós e Contras com os velhinhos, ontem. Dei comigo a gostar do Adriano Moreira. Vejam só, aproximo-me daquela terceira idade em que as linhas se esbatem e só contam as pessoas. Que querem, dá-me gozo ouvir gente que alinhava mais que três ideias com lógica e refinamento. Mais fraquito estava o Pinto Balsemão, mas também compreende-se. O homem é o sócio número um do PPD. O que o pobre tem tido que aturar nestes últimos anos. Como a política, para muitos é como o futebol, tem que se aguentar. Com treinadores fracos e jogadores de refugo, há que ter paciência até ao próximo campeonato...

Cala-te, Sócrates...

:: enviado por RC :: 1/19/2005 08:50:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Quais são as alternativas à incineração?

Um comentário de um leitor não identificado, faz uma prelecção em defesa das vantagens do processo de co-incineração e pergunta-me quais são as alternativas? Como a resposta se presta ao debate, resolvi dá-la em forma de post.

O que me parece falacioso é adoptar a posição da avestruz e pretender ignorar, ou pior ainda, negar a elevada perigosidade da incineração dos resíduos industriais, quer pela sua incontrolabilidade (impossibilidade de controlar o tipo e quantidade de compostos emitidos), quer pela emissão de dioxinas e compostos de metais pesados, que ainda ninguém (incluindo José Sócrates) conseguiu negar.
É evidente que quando se pensa em alternativas, os primeiros procedimentos a pôr em prática deverão ser a redução e a reciclagem. A alternativa ideal é não se produzir esses resíduos! (isto é, incentivar a não-produção de resíduos perigosos, taxar a sua produção, negociar e impor metas claras de redução, incentivar a mudança para melhores processos de fabrico, melhorar a eficácia desses processos, incentivar a substituição para produtos menos perigosos, etc.). A alternativa semi-sustentável é deixar de considerar os resíduos como “lixos”, e incentivar a sua reutilização e/ou reciclagem noutros processos industriais. Estou certo que estas alternativas existem na Alemanha e em França, mas vão certamente demorar muito tempo a introduzir nas nossas mentalidades do tipo “depois logo se vê”.
Um exemplo de resíduos hoje propostos para a co-incineração, entre nós, são os óleos usados e os solventes de má qualidade, misturados com outras substâncias resultantes da má gestão por parte das empresas. Ora, os óleos usados e os solventes são passíveis de reciclagem. Há já exemplos desse tipo de reciclagem, um dos quais existe, há cerca de oito anos, na região de Pombal.
No que diz respeito às lamas orgânicas contendo hidrocarbonetos (uma fracção muito importante dos nossos resíduos perigosos), um estudo da Quercus avançou com um sistema automático de limpeza dos tanques de crude nas refinarias, permitindo o seu reaproveitamento como crude e a redução do volume de resíduos a incinerar.
Outra questão importante é fazer o inventário dos resíduos industriais perigosos produzidos no país. Sem isso, é impossível melhorar a gestão dos resíduos. Existem muitas empresas que declaram mal, ou não declaram, os seus resíduos. Há sectores, como as oficinas mecânicas e os portos, que não são obrigados a declarar ou registar os seus resíduos.
Para quem tiver a paciência para ler as 44 páginas em inglês da acta final da conferência da Convenção de Estocolmo, aqui fica o respectivo link. A co-incineração de resíduos perigosos em cimenteiras está explicitamente consignada nesta Convenção, como uma actividade a ser eliminada (Anexo C, página 37).
É pois todo este debate que, neste momento, se pede a José Sócrates. Os testes feitos em 2001 foram precipitados e manipulados e a independência da Comissão Científica Independente foi muito duvidosa. Os resíduos industriais perigosos, altamente caloríficos, tornam a co-incineração imensamente vantajosa para as cimenteiras. Por isso, Sócrates vai ter que se demarcar inequivocamente destes interesses.
Em resumo, falar em alternativas, é falar de tudo isto, desenvolvidamente, e é evidente, por todas estas problemáticas, que a solução deverá envolver estudos aprofundados, adaptados ao caso português (e não só a Souselas), feitos por especialistas e devidamente sintetizados em dossiers técnicos que, como é óbvio, ultrapassam as pretensões de um blogue sem fins lucrativos.

Deixem-me, no entanto, acrescentar que nem tudo o que se faz em França e na Alemanha é bom e que não é por estes dois países terem centrais nucleares, que Portugal se deve precipitar e instalar igualmente este tipo de produção de energia entre nós. Para além disso, como demonstra a posição clara e inequívoca do cabeça de lista do PS por Leiria, ninguém quer a co-incineração no seu quintal, em frente da sua porta. Se esta questão se resolvesse com egoísmos irresponsáveis, eu poderia também propor a construção de uma cimenteira ultramoderna e tecnicamente sofisticada (se procurarmos bem nos States, deve existir!!!) numa região menos populada do país (por exemplo, no distrito de Castelo Branco), em lugar da (ainda) ecológica e fortemente povoada região de Coimbra, em que a mais poluidora das indústrias existentes é a famosa, e já bastante super-poluente, cimenteira da Cimpor.
Voltaremos, certamente, a este assunto.

Adenda
Saiba o que são os CIRVER.

:: enviado por JAM :: 1/19/2005 07:32:00 da tarde :: 6 comentário(s) início ::

O Exterminador

Finalmente Schwarzenegger pôde fazer o gosto ao dedo e mostrar a massa de que é feito. Às oito da manhã de hoje foi executado um triplo homicida a que o bom do Arnold recusou clemência.

Desde 1984 que o condenado Beardslee estava no corredor da morte. Na sua argumentação Schwarzenegger disse que o condenado era capaz de discernir entre o bem e o mal. Será que o bom do Schwarzenegger é capaz?

Leia a notícia completa ....>>>>

:: enviado por RC :: 1/19/2005 04:31:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Soares é fixe!

Há quatro meses que José Sócrates é o novo líder do PS. O congresso socialista foi há três meses e meio. As Novas Fronteiras datam, pelo menos, do 5 de Outubro. Ora, quatro meses foi quanto durou o Governo de Santana Lopes, tempo suficiente para o julgamento dos portugueses e do Presidente.
Como se explica então que, nestes quatro meses, o PS não foi ainda capaz de esboçar um programa eleitoral? Como responder a este post do Bloguítica que defende que é mais fácil apresentar rapidamente um programa num partido pequeno do que num grande? Não terá um partido grande, porventura, mais gente, mais quadros, mais experiência e mais competência política para o fazer?
Antigamente, o maior partido da oposição tinha um governo sombra, com ministros sombra e um programa sombra pronto a entrar em acção em caso de queda do governo. Acresce que foi o próprio governo de Santana Lopes, quem escreveu, à vista de todos nós, os capítulos da “crónica duma queda anunciada”, o que não poderá dar ao PS os argumentos de que não estava preparado.
Como escreve A Nódoa, há muita gente a piscar o olho ao BE, enquanto espera que Sócrates os convença de que vale a pena votar no PS. Só que, para isso, já só falta um mês, sem que se vislumbre no horizonte uma sombra de programa eleitoral.

:: enviado por JAM :: 1/19/2005 04:04:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Em terra de cegos o BE é rei

[...] a única formação partidária que já apresentou o seu programa eleitoral, “simples, bem escrito, inteligente, interessante e com ideias novas para serem discutidas”.

Versão PDF do programa eleitoral do Bloco de Esquerda.

:: enviado por JAM :: 1/19/2005 03:00:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

Sócrates anda aos ziguezagues

Santana Lopes, garantiu em 22 de Novembro, ou seja, antes da queda do governo, que os militares do 4.º contingente da GNR que, nessa altura, partiram para o Iraque, tinham sido “o último contingente” enviado por Portugal, esperando que regressassem logo após as eleições naquele país, marcadas para 30 de Janeiro.
Sendo assim, não faz sentido rotular esta notícia de eleitoralista, e fazem ainda menos sentido as declarações de Sócrates à imprensa estrangeira, dizendo que está contra a retirada das tropas do Iraque por razões de “sentido de Estado”.
Depois admirem-se que se diga que Sócrates anda aos ziguezagues.

:: enviado por JAM :: 1/19/2005 01:36:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

terça-feira, janeiro 18, 2005

A nossa pobreza e a outra

À superfície da Terra há mil milhões de pessoas como nós que vivem com setenta e seis cêntimos por dia... Cem portugais de desespero e fome.

:: enviado por RC :: 1/18/2005 08:57:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Afastada co-incineração

Francamente, quando vi este título quase saltei da cadeira e gritei “Uahuuuu! Afinal ainda há esperança!...” Depois, abri o artigo e li que: O cabeça de lista do PS por Leiria rejeitou qualquer possibilidade de introduzir a co-incineração na cimenteira da Maceira. Refreei imediatamente o meu entusiasmo, como uma flor que murcha instantaneamente, e barafustei para os meus botões: #$*%§#*!!! Que quererá isto dizer: Que o PS chegou finalmente à conclusão que o método é obsoleto e que há outras alternativas à co-incineração, ou será simplesmente para sossegar os eleitores de Leiria e dizer-lhes “votem em mim, porque todos os lixos tóxicos serão varridos para a soleira da porta dos vizinhos”?

Leia também O que é a incineração de resíduos sólidos.

Leia ainda A Poluição de Sócrates.

:: enviado por JAM :: 1/18/2005 03:43:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

Primeiras revelações das fotos de Titã

© Ideia original de Martyn Turner


:: enviado por JAM :: 1/18/2005 01:38:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Portugueses, eternos ingratos

O costume. Cada vez que surge algum problema por esse mundo fora, onde estejam envolvidos portugueses, temos duas versões da história. Uma, a oficial, em que tudo o que podia ser feito foi feito, outra, a dos directamente interessados, que descascam nos serviços consulares e clamam pela falta de apoio e pelo desinteresse.
Agora foi na Tailândia. O Sr. Embaixador resolveu não se dar à maçada de partir imediatamente para o local da tragédia. Percebe-se. Com os hotéis destruídos e sem estradas onde iria pernoitar e como se iria descolar? Este sábado, no Expresso, tentou justificar o injustificável. Estava em Lisboa em trabalho, a Tailândia é longe e demoraria a chegar e coordenou tudo de Lisboa. Nem sequer lhe ocorreu que nestas situações de desespero, mais do que a papelada, o que as pessoas necessitam é de um apoio próximo, de alguém que tenha a calma dos não directamente envolvidos e ao mesmo tempo o poder da autoridade para tomar decisões que possam minorar a desgraça.
Nada disto me surpreende. Ao fim e ao cabo é a maneira normal como certos funcionários do Estado encaram os problemas de quem lhes paga os ordenados: chatices que agitam o longo rio tranquilo que é a sua vida quotidiana (Aristides Sousa Mendes só houve um ...).
O que já é mais surpreendente e em todo o caso enervante é esta soberba dos nossos dirigentes de nem sequer reconhecer a evidência. Para o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros é tudo normal. Declarou que não haverá qualquer inquérito à Embaixada na Tailândia. Não há motivo. O Sr. Presidente da República apoia.
Se calhar têm razão. Como pudemos ver na TV, os únicos que tinham dificuldades em contactar a embaixada eram os portugueses na Tailândia. O Sr. Ministro telefonava quando queria. Milagres! (Ou será que havia um numero de telefone para os papalvos e outro para o Sr. Ministro?)
O problema é que os portugueses são uns ingratos. Por acaso os serviços do Estado funcionam bem em Portugal? São eficazes? Então porque haviam de o ser no estrangeiro? Já alguém ouviu elogiar os serviços consulares de Londres, ou de Paris ou de qualquer outra cidade? O Sr. Ministro não colocou imediatamente à disposição (por ser uma situação de crise!) a cozinheira e o motorista da embaixada? Que até falam tailandês (o que, presumo, não é o caso do Sr. Embaixador). Não se andou a pedir às famílias e aos amigos que tentassem contactar as pessoas desaparecidas e depois se informasse o Ministério?

Sr. António Monteiro (permita-me que o trate assim, o entendimento do seu calvário aproxima-nos do tu)
Não ligue a estes veraneantes ingratos e a jornalistas sequiosos de trapalhadas. Não reparou que as criticas mais violentas vieram de cidadãos a viver há muitos anos fora de Portugal? Compreensívelmente, estão desfasados da realidade nacional. Continue o seu caminho e coloque o Sr. Embaixador na Tailândia num posto mais de acordo com as suas capacidades. Sugiro as Berlengas.
Só mais uma coisinha. Fica desde já convidado para me acompanhar na próxima vez que eu tiver de me deslocar ao Consulado. Como é hábito, tirarei um dia de férias para lá poder passar o dia. Poderemos cavaquear amenamente nas duas horas de espera antes do primeiro atendimento e discutiremos, calmamente, ao almoço, porque é que não me lembrei de levar o documento que, ao telefone, ninguém me disse ser necessário.

:: enviado por U18 Team :: 1/17/2005 11:37:00 da tarde :: 5 comentário(s) início ::

Os Estábulos de Áugias

"Em tempo de guerra, a corrupção não pode ter nem uma só hora de paz."

A net é como as cerejas, lê-se o Causa Nossa, daí passa-se ao DN, mais tarde espreitam-se os "feeds" que nos dão as novecentas e tal notícias do dia. No Iraque continua a campanha e morreu mais gente, um arcebispo católico foi raptado (enquanto escrevia estas palavritas as notícias subiram para mil e trinta e três) e o mundo continua a girar. Mas esta ideia de que a corrupção é boa parte das causas do nosso atraso, agrada-me. Por isso, e não tendo preguiçosamente colaborado nas Novas Fronteiras, pensei que não valia a pena, mas posso estar enganado, aqui vai o meu contributo para o pensamento de campanha.

Combater a corrupção e o compadrio na administração pública é definir claramente o que caracteriza um lugar de confiança política.

Na nossa opinião, deviam ser caracterizadas como tal, tão somente aquelas posições que implicam a decisão enformada pela postura ideológica ou filosofia ganhadoras nas eleições.

Todos os lugares que implicam a aplicação e a decisão com base em parâmetros técnicos e profissionais deveriam ser de nomeação definitiva. Os secretários dos ministros no Reino Unido são funcionários públicos em topo de carreira e não é por isso que não podem desempenhar correctamente as suas funções e executar correctamente as políticas, independentemente de ministros ou partidos no poder.

Deveriam ser pura e simplesmente abolidas as figuras de mobilidade, como sejam a comissão de serviço, o destacamento e a requisição. Isto, para que um pé lá e outro cá não fosse possível. O trabalho sem rede aguça os espíritos, não é verdade?

:: enviado por RC :: 1/17/2005 08:24:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

O Poder... por favor, dêem-nos o Podeeerrrr! 2

Leia mais!!!!!!!! ...


:: enviado por Anónimo :: 1/17/2005 06:03:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Lavagem da honra ou defesa da dignidade

Caro LR,

Se a desonra e a indignação de alguém que vê a sua identidade negada, diminuída ou insultada, são de fácil percepção (embora dependa sempre da susceptibilidade do ofendido e do seu estado de espírito no momento da ofensa), já a reestruturação da integridade moral após a agressão não é tarefa fácil. A revolta dos ofendidos, frente à experiência do insulto e do desrespeito, costuma ser invariavelmente expressa em depoimentos, comentários, reacções discursivas e manifestações de indignação diversas, onde percepção e emoção costumam estar associadas, como dois lados da mesma moeda.
Os Tribunais não estão, nem nunca estiveram, preparados para resolver estes casos em que há uma forte sobreposição entre os universos da legalidade e da moralidade (veja-se, por exemplo, os casos de divórcio litigioso). A melhor forma de os resolver seria uma sintonização de pontos de vista entre os actores que, quando não se realiza, pode ameaçar a integridade moral de ambas as partes.
Sem pretender particularizar, de novo, o caso de VM, que já foi suficientemente escalpelizado, é evidente que, ao não reconhecer o seu erro, ao não apresentar desculpas, ao adoptar a atitude infantil de tentar transformar o ofendido em ofensor, ou seja, ao recusar entrar em sintonia, Roberto Rodrigues provocou o aumento da emoção, da revolta e da consequente reacção discursiva de Vital Moreira. Não se trata, nem de legal, nem de legítimo; trata-se simplesmente de humano.

Cumprimentos,

:: enviado por JAM :: 1/17/2005 05:21:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Alexandre o Grande

Tinha visto, num jornal qualquer, que a TVI anunciava um filme para ontem à noite. Durante o dia vi passar uma dessas barras irritantes que anunciava “Alexandre, o Grande” para as 10 da noite. Meio distraído, meio ingénuo, associei as duas coisas e vá de sentar-me à frente da TVI por volta das dez (devia saber que o filme ainda está nas salas e, portanto, não podia passar na TV! O que é que querem!? - todos nós temos direito as estes momentos de genuína estupidez).
Afinal o “Alexandre, o Grande” era um programa de uma das vedetas do inqualificável espectáculo realidade (é assim que se traduz?) Quinta das Celebridades. Uma espécie de bónus para os viciados na coisa.
É aqui que se nos colocam duas opções: ou se carrega imediatamente num botão qualquer do telecomando e o pesadelo acaba, ou então ficamos a assistir, meio paralisados, meio embasbacados.
Só consegui reagir ao fim de meia hora. Pelo meio, vi um matulão explicar como a sua estratégia(!?) ia ganhando o concurso - no meio dos “tá legal” e “na boa” utilizados a torto e a direito - e como é bom estar em Portugal, etc, etc. (este Alexandre está ainda mais deslumbrado que o Pedro Alvares Cabral, quando a viagem foi ao contrário. As riquezas que aqui encontrou são ainda maiores ...).
A existência destes programas não me causa nenhum incomodo especial (se bem que, às vezes, a tentação da censura seja enorme ...). Na verdade, nem sequer me senti enganado. O homem é mesmo grande e chama-se Alexandre ...
O que me causou mais incómodo foram as perguntas de um painel de convidados e os telefonemas do público. Gente que aparenta ser séria e medianamente inteligente perguntava imbecilidades ou trivialidades. O público telefonava a apoiar o concorrente, a dar os “parabéns à TVI” e a dizer como “adoraram o programa”. Até uma socióloga(!?) achou por bem emitir a sua opinião sobre a vida sentimental da “vedeta” e o modo, positivo, como apreciou o programa.
Eu sei que está na moda desancar nos “intelectuais” que não gostam deste tipo de programas e que “o povo também precisa de programas de entretenimento”, etc. E alguma razão haverá nessas criticas mas, caramba!, há limites para tudo!

Ás vezes pergunto-me se este país vale a pena. E se, afinal, não teremos o primeiro-ministro que merecemos ...
Começo a acreditar que “isto não é um País, é um lugar mal frequentado.”

:: enviado por U18 Team :: 1/17/2005 04:07:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Miguel Torga – (12 Agosto 1907 - 17 Janeiro 1995)

Um dos expoentes máximos da literatura portuguesa, com uma obra que corre entre a poesia, o conto, o romance e o teatro, Adolpho Correia da Rocha nasceu em S. Martinho de Anta, distrito de Vila Real. Após uma curta experiência de emigração no Brasil, regressou ao país e ingressou, em 1928, na Faculdade de Medicina de Coimbra, onde se formou em 1933.
Reivindicando-se ibérico, escolheu o pseudónimo de Miguel, por admiração por dois grandes vultos espanhóis (Cervantes e Unamuno), e Torga como homenagem ao arbusto da sua montanha transmontana, austero e resistente.
Entre os 10 anos da sua morte (2005) e o centenário do seu nascimento (2007), Miguel Torga será homenageado num programa que integrará iniciativas diversas como o lançamento de um concurso de ideias para um monumento, um colóquio literário, a apresentação de um selo de correio e de um carimbo do dia, um concurso para as crianças e jovens, a edição de um roteiro, um seminário internacional e variadas exposições.
No âmbito desse programa de homenagem, a autarquia de Coimbra concretizou recentemente a compra da casa onde o escritor viveu durante cerca de 40 anos, para lá criar a Casa–Museu, onde se desenvolverão actividades culturais ligadas à vida e obra de Torga e de outros grandes vultos da cultura coimbrã e nacional.
Miguel Torga costumava dizer Eu seria capaz de viver longe da minha pátria, como um emigrante que ganha o seu pão. Cheguei mesmo a fazê-lo. Mas não poderia nunca viver longe dela como escritor. Faltar-me-ia o dicionário da terra, a gramática da paisagem, o Espírito Santo do povo.
Num balanço de ardor inquieto e mal resignado dos reversos da História, Miguel Torga reinventou Portugal, como um tesouro, graças à energia do seu verbo restaurador.

Quanto mais longe vou, mais perto fico
De ti, berço infeliz onde nasci.
Tudo o que tenho, o tenho aqui
Plantado.
O coração e os pés, e as horas que vivi,
Ainda não sei se livre ou condenado.


:: enviado por JAM :: 1/17/2005 09:11:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

domingo, janeiro 16, 2005

O toque romântico

A edição do Fashion Rio 2005 terminou hoje, no Museu de Arte Moderna, sob o signo do romantismo, com referências aos estilos artísticos que marcaram os finais do século XVIII e princípios do século XIX.
O romantismo influenciou toda a civilização ocidental de tal modo que, depois do romantismo, o mundo não voltou a ser como dantes. Iniciado na Alemanha, na música de Beethoven e Brahms, na poesia de Goethe e Schiller, na filosofia de Schelling e nas artes plásticas da Escola de Berlim e Frankfurt, teve origem numa reacção ao exagerado culto calculista da razão, apregoado pelo iluminismo. Longe de ser só razão, o homem era, afinal, um ser com sentimentos e com o direito de errar e de sonhar. Com o romantismo, os homens podiam enfim viajar para mundos exóticos, a infância, o passado da pátria, o país ou a cidade ideal. Qualquer lugar que não fosse... o agora.
Foi o que aconteceu no Fashion Rio. Teve a infância do mundo de Lewis Carroll e da “Alice no País das Maravilhas”, uma personagem que “fugia” através do sonho, como os modelos das Cinderelas-punk da Super Lucy in the Sky, ou as fadas soturnas e melancólicas da estilista Danielle Jensen. Teve viagens a terras longínquas, como o Egipto ou a China, com Santa Ephigénia, e a viagem ao “sótão”, de Walter Rodrigues, inspirado nos pintores Pré-Rafaelitas. E finalmente a viagem da Colcci, que fez descolar toda a plateia com a fantástica aparição da supermodelo Gisele Bundchen...
Como dizia o poeta, o sonho comanda a vida!


:: enviado por JAM :: 1/16/2005 10:56:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

O Poder... por favor, dêem-nos o Podeeerrrr!

Atenção aos mais incautos... Vêm aí tempos de escolha! Programas feitos em cima do joelho - já não servem! O desnorteamento é constante entre os dois grandes... Eleger não é só escolher a cara mais bonita... o mais bem visto... o que até fala mas não diz nada... aquele que sabe mas não conhece... ou optar pelo mal menor! Não caros senhores! Eleger é antes de tudo procurar aqueles que melhor poderão defender os nossos interesses... e o que temos entre os dois maiores, está provado pelos últimos trinta anos - vê-se - é "temos sede de poder para poder encher os nossos bolsos e estarmo-nos nas tintas para o que virá a seguir, nada nos acontecerá, ninguém poderá incriminar-nos, estamos salvos e protegidos sob a égide da imunidade parlamentar..." Veja o Link - no título!

:: enviado por Anónimo :: 1/16/2005 06:16:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Instintos vingativos?

Diz o povo que há três tipos de julgamentos: o julgamento dos tribunais através das leis, o julgamento da sociedade, através das regras e costumes socialmente aceitáveis e o chamado julgamento divino em que intervém a nossa consciência e que está ligado à ideia judaico-cristã do juízo final.
Vem isto a propósito do julgamento, na praça pública do condenável acto do presidente (ou ex-presidente) da Juventude Popular da Madeira, Roberto Rodrigues, por ter plagiado um post de Vital Moreira, reproduzindo-o no Diário de Notícias do Funchal, como sendo da sua autoria. Ao ser acusado de plágio pelo Causa-Nossa, o infractor, não só não apresentou desculpas, como tentou passar de acusado a acusador, forjando um post no seu próprio blogue “JP-Madeira em Notícias” com uma data anterior à do texto de VM, tentando assim induzir que teria sido este o plagiador.
O Blasfémias insurge-se hoje contra o que considera excessiva justiça pela própria pena através de interminável denúncia pública, sugerindo que a questão deveria ter sido, pura e recatadamente, tratada nos Tribunais.
Face a uma injustiça e a uma total falta de respeito, directamente sobre a sua pessoa, Vital Moreira, como bom escorpião do 8 de Novembro que é, sem paciência para esperar pelo dia do juízo final de Roberto Rodrigues, não fez mais do que desencadear todas as suas fúrias e trovões sobre a infeliz criatura, fazendo-a pagar na legitimidade da opinião pública o que não seria certamente pago, se fosse julgado na legalidade dos Tribunais. É que, não se trata de uma questão de indemnização, mas sim de uma questão de honra.

:: enviado por JAM :: 1/16/2005 05:10:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Começou a Lisboarte

A Lisboarte arrancou, neste sábado, em dezanove galerias da cidade, tendo como objectivo a divulgação de trabalhos de pintura, desenho e fotografia, expostos ao longo de dois percursos distintos, acompanhados por circuitos especiais de autocarros.
É organizada pela Associação Portuguesa de Galerias de Arte e prolonga-se até 5 de Março.

:: enviado por JAM :: 1/16/2005 01:30:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

sábado, janeiro 15, 2005

A luta continua

As pessoas continuam divididas na sua atitude face à violência. Muitos dos que votaram em Mahmoud Abbas fizeram-no mesmo que não rejeitem a força. Votaram no pacote que ele representa, e que inclui reformas, eliminação da corrupção e um desafio ao estilo de Arafat.

Mas isso, o gabinete de Ariel Sharon recusa-se a perceber, ao suspender mais uma vez todos os contactos com o lado palestiniano.

:: enviado por JAM :: 1/15/2005 06:40:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Recuar até à vitória

Esta semana invade-me o tédio. Portugal é o país da estabilidade e do tédio, da inércia e da morte antecipada. O orçamento do estado para 2005 é uma nódoa, mas parece que até as nódoas têm direito à vida.
Só os tolos certificados incapazes avançam neste país obcedado com reformas, as da velhice, antecâmara da morte e as outras. Do vocabulário dos nossos caudilhos, muitos de uma só causa e de um só sonho, desapareceram as palavras progresso e esperança. Desiludam-se os portugueses, esta gente não é capaz de dobrar o Bojador ou de arrostar com as tormentas de nenhum Adamastor. Vão levar-nos direitinhos para o redil da sem-esperança donde saímos.
Tentemos, como o poeta, não ir por aí!

E rogo a V. Ex.ª se digne.... blá, blá, blá...

"E tornou-se impossível distinguir entre os homens e os porcos."

:: enviado por RC :: 1/15/2005 11:35:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

Como se ganham eleições

No passado dia 30, o Washington Post publicou os resultados da primeira análise detalhada da Comissão Eleitoral Federal às contas das campanhas de Bush e Kerry. Tratou-se da mais cara campanha da História dos EUA, com 1,14 biliões de dólares para os republicanos e 1,08 biliões para os democratas.
A análise das contas concluiu que Bush começou a usar os seus fundos de campanha em Janeiro de 2001, ou seja, imediatamente após a tomada de posse. Desde então, a sua equipa de especialistas começou a elaborar uma base de dados, que permitiu fazer a tipologia completa da população eleitora.
A base de dados indicava, por exemplo, que enquanto os democratas bebem maioritariamente cognac, os republicanos preferem o whisky americano. Os democratas vão ao teatro, enquanto os republicanos vêem a televisão Fox News. Os republicanos assistem aos jogos de futebol universitário, e os democratas aos jogos da liga profissional...
Com base neste conjunto de dados, uma empresa de comunicação e marketing testou durante quatro anos um sistema que permitiu identificar os eleitores indecisos. Desde então, o dinheiro correu a rodos em mensagens de sensibilização destes eleitores: visitas de militantes ao domicilio, chamadas telefónicas, cartas e e-mails personalizados, que acabaram por se revelar super-eficazes na reeleição de George W. Bush.

O conhecido DailyKOS tira igualmente as lições desta análise do WashPost.

:: enviado por JAM :: 1/15/2005 01:57:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Preparem-se para o recenseamento

O recenseamento eleitoral no Iraque começará no próximo dia 17, para todos os indivíduos que sejam, ou tenham sido alguma vez, cidadãos iraquianos. É o que nos conta o Ha'Aretz, citando Sarah Tosh, porta-voz do Out-of-country-voting (OCV), um programa gerido pela Organização Internacional das Migrações (OIM), destinado a permitir a todos os expatriados iraquianos do planeta a participar nas eleições da futura Assembleia Nacional, previstas para 30 de Janeiro.
O diário israelita realça que isso também diz respeito aos cidadãos de Israel, dado que, como não vão existir restrições ligadas à religião, raça ou sexo, todos aqueles que puderem provar, através dum bilhete de identidade, dum passaporte, duma certidão de casamento, dum diploma universitário, etc., as suas origens iraquianas, vão poder votar.
Atendendo a que, como todos sabemos, a História começou na Suméria, ou seja, no actual Iraque, todos nós vamos poder provar as nossas origens iraquianas e, deste modo, vamos todos poder votar no Iraque, no final de Janeiro.

:: enviado por JAM :: 1/14/2005 08:25:00 da tarde :: 3 comentário(s) início ::

Tarefa titânica para a sonda Huygens

Hoje, por volta das nove da manhã, a sonda Huygens acordou do seu sono de 22 dias, para avançar na exploração da lua de Saturno, Titã. Isso significou suportar o choque da entrada na atmosfera e os mais de 1500° do atrito e travagem, que a levou à velocidade de 1400 Km/h, a 170 Km de altitude. Abriram-se então os paraquedas que permitiram reduzir a velocidade para 350 Km/h.
Começa agora o estudo da atmosfera e o envio dos resultados à sonda Cassini, que espera a uma distância de 72 mil Km e que os reenvia para a Terra. A bateria de instrumentos deverá medir a temperatura do ar, a composição química das poeiras (depois de as aquecer num pequeno forno), tirar fotografias das nuvens de metano, e talvez dos relâmpagos, com análise das respectivas propriedades eléctricas.
A atmosfera de Titã é a mais próxima que se conhece da Terra primitiva, de há 4 biliões de anos (azoto, metano e moléculas orgânicas), antes da “fabricação” da enorme quantidade de macromoléculas orgânicas, os “tijolos da vida”. Sob o efeito dos raios UV do Sol e dos raios cósmicos projectados por Saturno, as moléculas partem-se, dando origem a reacções químicas que fabricam outras moléculas mais complexas, como os ácidos aminados, responsáveis pela formação das proteínas ou ADN. É tudo isto que os astrofísicos esperam poder descobrir graças à Huygens e desvendar assim um dos principais mistérios da famosa lua de Saturno.
Se tiver sorte, a Huygens sobreviverá até ao solo e poderá revelar, quem sabe, gelo, um lago de metano, ... o que seria um bónus, que recompensaria uma missão proposta à NASA e à ESA pelos planetólogos... em 1982.

O centro de controle da ESA, em Darmstadt (Alemanha), está a transmitir, a par e passo, o desenrolar da aventura, com 67 minutos de atraso, que é o tempo que leva às informações a chegarem à Terra.

Confirma-se que a sorte da Huygens superou as expectativas dos cientistas. Resta agora avalizar a qualidade das informações transmitidas. [Ler aqui ... ] - [JAM :: 18:07]
Vale a pena, também, acompanhar o frenesim apaixonado do JPP - [JAM :: 18:42]

:: enviado por JAM :: 1/14/2005 01:57:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::