quinta-feira, março 31, 2005
Parabéns
Se calhar, soa despropositado, mas apetece-me dizer, como dizia o Che Guevara: “Hasta la victoria, siempre”.
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DINHEIRO : A educação deve ser o sector da vida portuguesa onde mais se desperdiça e pior se gasta.
PROFESSORES : É possível que haja muitos milhares de professores a mais.
CENTRALIZAÇÃO : o Ministério da Educação tem o desplante de querer administrar, a partir de Lisboa, 12.000 escolas, mais de 200.000 professores e mais de milhão e meio de alunos.
MODAS : A adesão entusiasta a todas as modas que, sucessivamente, se vão criando para a pedagogia, a organização curricular, a gestão escolar, a avaliação e a elaboração de programas.
SISTEMA FECHADO : Ninguém é responsável perante ninguém.
INSTABILIDADE : Resulta directamente da gestão centralizada, da uniformização do sistema e da cumplicidade dos sindicatos que não querem que as escolas sejam da responsabilidade das autarquias.
A GESTÃO DEMOCRÁTICA : É tudo menos democrática. A ser alguma coisa, é demagógica e corporativa. Mas desconfia-se que também não seja bem gestão. A gestão democrática das escolas é o princípio fundador da irresponsabilidade dos professores perante a comunidade.
Vives num mundo de outros
Onde o outro sem os outros, és tu!
Correlacionas o outro com o teu ser
E, no entanto, és também outro!
O teu conhecimento, depende do conhecimento dos outros
E o teu outro compreender é compreensível no mundo dos outros!
No fundo, um outro ser emana de ti
Uma outra vontade se refugia no teu íntimo!
Queres decidir…
E vês o teu outro confuso no espelho!
Sim… Conheces outros
Porque desconheces o teu outro!
E
O teu outro… és TU!
Tendo como pano de fundo o referendo francês sobre a Constituição Europeia e o medo de o perder, o Sr. Chirac telefonou ontem ao Sr. Durão Barroso para lhe dizer que a directiva Bolkestein era inaceitável. “Our man in Brussels” respondeu que não queria saber para nada dos problemas franceses e que a directiva, no essencial, ficará como está.
A Directiva Bolkestein (que mais parece um titulo de filme de terror) vem do nome do antigo Comissário Europeu para o Mercado Interno, o holandês Frits Bolkestein. O ano passado o Conselho de Ministros pediu ao senhor que aprontasse uma Directiva para aplicar o principio da livre circulação ao mercado dos serviços. O resultado é um texto complexo e cheio de alçapões (como é hábito) com um princípio que é agora o centro da discórdia : o princípio do país de origem.
Este principio significa que a legislação a aplicar é a do país de origem do prestador de serviços e não a do país onde os serviços são prestados. Ou seja, se eu contratar um canalizador a uma empresa, digamos da Letónia, o seu salário, férias, folgas, etc. serão de acordo com a lei em vigor na Letónia e não com a lei portuguesa. Em caso de problemas não é muito claro a que legislação se deve recorrer. Respeitando o espirito da Directiva, seria um tribunal de Riga a julgar o caso.
Estão a ver as possibilidades ? Pego na minha empresa de construção civil e enfio a sede no país que tenha a legislação laboral mais conveniente. A partir daí posso enviar os meus trabalhadores portugueses; ou cabo-verdianos; ou ucranianos; ou o que fôr; para qualquer país da UE a preços que desafiam toda a concorrência. Depois de ganhar dois ou três concursos, os meus concorrentes, que não são parvos, farão a mesma coisa e teremos no final uma Europa em que os direitos sociais se alinharão pelo menor denominador comum.
Welcome to the jungle.
Já calculava. Agora as bombas de gasolina também querem vender medicamentos. Será que a noção de bom-senso se perdeu em Portugal ? e já agora porque não os cafés ? e os mercados ?
A menos que ... a menos que esta seja a ideia genial do PS para combater o desemprego: Imaginemos que a lei exige a presença de um técnico de farmácia nos locais de venda de medicamentos (como deveria ser). Como o desgraçado não pode trabalhar 16 horas por dia, também tem direito a férias e 2 dias de folga por semana, serão necessários, no mínimo, 4 técnicos para cada local. A ANAREC diz que tem 2000 postos o que daria, desde logo, 8000 novos postos de trabalho. Não sei quantos cafés haverá em Portugal mas serão, certamente, uns milhares. De novo, vezes 4, temos mais uns milhares de postos de trabalho. Se pensarmos nos mercados, nas discotecas, nas mercearias, nas repartições públicas, nas escolas, etc. verificamos que não só os 500000 desempregados desaparecerão rapidamente como ainda será preciso importar mão-de-obra. Agora só falta reciclar os desempregados em técnicos de farmácia (o que criará mais algum emprego na área da formação). Coisa de somenos, deve pensar o Sr. António Saleiro, porque para vender umas aspirinas qualquer um serve.
Agora mais a sério, não é por se liberalizar uma determinada actividade que esta tem, automaticamente, que se transformar numa selva (embora alguns teimem em confundi-las). O Estado não tem nada que proteger monopólios, o que não quer dizer que não possa (e não deva) estabelecer regras (já agora podia também rever a lista de medicamentos de venda livre). Neste caso concreto, não vejo qual é o problema de vender medicamentos, que já se podem comprar sem receita, em qualquer lugar, desde que haja por perto um profissional qualificado que nos possa esclarecer alguma dúvida.
Se a ANAREC pode assegurar essa presença nas bombas de gasolina, tudo bem. Se, como me parece, é só para ter mais uns lucros fáceis, obrigado mas já estamos servidos.
O blog “Por Lisboa” acabou hoje. Com o regresso de Santana Lopes à Câmara de Lisboa, diz que deixou de ter razão de existir. É pena. Acho que agora, mais do que nunca, é que tinha razão de existir. Pelo menos poderíamos ter algumas “inside stories” directamente da fonte.
Por outro lado, não sei se Santana Lopes merecia um blog inteiramente dedicado a dizer mal dele. Eu cá, se tivesse um blog só a dizer mal de mim, considerava-me importante. E Santana Lopes não se considera importante ...
Uma caixa de aspirinas, bananas, Guronsan, bifes ... esta pode ser , brevemente, a nossa lista de compras se o Governo conseguir fazer passar a venda, nos supermercados, de medicamentos que não necessitam de receita médica.
Não tenho nada contra. Já há tanta coisa perigosa que se vende nos supermercados, mais uma menos uma ... E se esta medida fizer baixar o preço dos medicamentos, ainda bem.
Claro que o lobbi das farmácias já se começou a mexer, com o discurso do costume: “perigo para a saúde pública”, “ausência de aconselhamento especializado”, etc.
Mais que não seja, esta medida tem o mérito de testar até que ponto o Governo está disposto a combater os lobbies e que força tem para os contrariar.
É um bom começo, embora a mim me pareça que seria mais útil acabar com o monopólio da propriedade e permitir a abertura de uma farmácia a qualquer pessoa e em qualquer lugar (desde que assegurado o controlo técnico, evidentemente).
Mota Amaral lança-se na corrida presidencial. Em Madrid, Cavaco e Guterres falaram, sem falar, da sua candidatura presidencial. Fala-se de Marcelo e de Vitorino. Se estes putativos candidatos se confirmarem, acham mesmo que precisam de ler o livro do José Gil para perceber porque é que o país está assim ?
A directora da revista de domingo do JN, Isabel Stilwell, deu, no domingo passado, largas à sua “loirice”. Não basta ser inteligente (e eu nem sei se a senhora o é...), é necessário que também se pareça sê-lo... e não é o caso. A sra. directora esteve “uma semana rodeada de nuestros hermanos”, como ela conta, e foi o suficiente para pôr em letra de forma cobras e lagartos sobre eles. “A principal conclusão é a de que realmente é uma felicidade não sermos espanhóis”, começa por dizer a senhora. E depois expõe os porquês. A saber: “O castelhano é uma lingua de trapos e quando + de 2 autóctones se juntam, a algazarra é de furar os tímpanos”, “(...) a forma como são capazes de reduzir a farrapos qualquer um dos nossos magnificos vocábulos é de partir o coração”, f ...-se. Mais: “Temos também a questão da boa educação ou, melhor dizendo, das boas maneiras”, c...lho! Segue-se a saúde: “Ao entrar num posto de atendimento, prepare-se para encontrar tudo o que encontra num luso, inclusivamente e sobretudo os médicos e enfermeiros espanhóis (...)” Finalmente, o broche de ouro (da loura e lusa prosa): “Os espanhóis já são assim de pequeninos”. O ideal é ler o artigo todo - esta pérola de lusa e loura cultura é imperdível. Eu cá não sei que mundo tem a senhora, se é ou não saudosista de outra época em que as coisas estavam definidas, pão-pão queijo-queijo, e sabiamos todos desde o berço (e sem nunca lá ter ido) que de Espanha nem bom vento nem bom casamento; se alguém eventualmente lhe paga para escrever estas coisas; se, inclusivé, a senhora é loura natural, platinada, ou usa peruca. O que sei é que este tipo de discurso revela que também a letra impressa muitas vezes se faz eco do pior que o nosso país tem: esta saloice (é o termo!) não é nem de direita (pelo menos de uma direita civilizada, se é que isso existe) nem de esquerda, não é boa nem é má, é ...isso mesmo: a merda onde continuamos a afundar-nos, com a mania que somos ou os maiores ou os mais pequenos, balançando entre o xico-esperto e o zé-povinho.
Que culpa têm os espanhóis de sermos como somos? Não fomos nós que, em 1640, lhes pusémos as malas à porta, vai para 400 anos?!... Pobre país que ainda tem gente desta a dirigir uma revista de um jornal sério. Se isto é ser português, eu cá, como o Almada Negreiros, quero ser espanhol.
P. S.: Peço desculpa ao Fernando Rocha (esse outro português que não sei se hei-de incluir na ínclita geração ou na geração rasca) pela utilização de 2 dos “magnificos vocábulos” que já são a sua imagem de marca. Espero tê-los usado com propriedade.
O que é que prefere :
1. Aumento dos impostos, nomeadamente do IVA ;
2. Redução no cálculo das pensões e aumento da idade da reforma ;
3. Redução dos consumos da saúde, nos hospitais e centros de saúde, e menor comparticipação do Estado nos medicamentos ;
4. Redução dos salários da Função Pública e introdução da remuneração por objectivos.
Visite o Museu Abel Manta
Gouveia, Portugal
Site recomendado: http://www.ci.uc.pt/artes/6spp/index.html
Na sexta-feira fui ao médico e, como é hábito, aproveitei o tempo de espera para me actualizar em assuntos de revistas cor-de-rosa. Li um magnífico artigo a desancar na Camilla. Tudo em que a senhora esteja envolvida é alvo de controvérsia. Agora até os selos. Não concordo. Eu gosto da Camilla e explico porquê:
1 – Fuma e bebe em público e não se importa nada com isso.
2 - Tem um tipo de beleza menos atractivo e não quer saber.
3 – Não quer ser Rainha de Inglaterra
4 – Diz o que pensa e é directa
5 – Nunca disse mal do ex-marido, nem da imprensa, nem da Corte, nem da Rainha
6 – Usa um tipo de vestuário menos conforme com os padrões da moda e não se rala
7 – Não faz caridade só para mostrar que é boazinha
8 - Parece gostar mesmo do Príncipe Charles embora não se perceba porquê
9 – Não anda, sem cinto, a 200 à hora pelas ruas de Paris para depois ficarmos com uma teoria de conspiração nas mãos.
10 – Domina todos os aspectos essenciais da monarquia inglesa : andar a cavalo, caçar raposas, jogar pólo.
11 – Não será rainha porque é divorciada e a Igreja de Inglaterra não quer. Podia ter dito, e não disse, que a Igreja de Inglaterra foi fundada exactamente para permitir o casamento de um rei divorciado.
Camilla by Martin O'Laughlin